Promulgada em 24 de outubro de 1945, a Organização das Nações Unidas (ONU) foi criada após um grande período de guerra, com o intuito de promover a cooperação internacional e impedir outros conflitos como o ocorrido na 2ª Guerra Mundial. Promover os direitos humanos e o auxílio no progresso social é um de seus diversos objetivos e um dos maiores desafios que implicam na sociedade, o ensino de qualidade.
Em 1992, por meio da reunião de mais de 100 chefes de estado na cidade do Rio de Janeiro, foram discutidas ideias para se ter um futuro mais sustentável e desenvolvido para as novas gerações, a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, mais conhecida como Rio-92 ou Eco-92. Em 2015, 195 países se reuniram novamente para adotarem um novo plano de política global, que foi denominada de “Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável’’e pelo Acordo de Paris foram estabelecidos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, conhecidos por ODS. Com metas em cada um destes objetivos, a ideia é elevar o desenvolvimento do mundo e melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas, assegurando uma qualidade de vida saudável. Assim, a educação de qualidade é um dos ODS.
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) os objetivos de uma educação de qualidade envolvem a garantia da conclusão de todos as etapas de ensino da escola desde o primário, o acesso ao ensino superior e trabalho qualificado, conhecimento aprofundado em todas os conhecimentos gerais e específicos, para todas as pessoas.
Segundo o professor da USP Eugênio Bucci, ‘’a educação de qualidade depende de uma relação humana capaz de acolher e transformar, que portam sonhos, que querem mudar e ser melhores, expandir sua capacidade de agir sobre o mundo e vida interior’’. Bucci acredita que se a educação de qualidade conseguir acolher e entender as pessoas, isso é capaz de ajudá-las a se transformarem, sentir que são melhores com a educação.
No Brasil, 50 milhões de estudantes não completaram o ensino básico, diz IBGE em matéria do Portal R7. 244 mil alunos de 6 a 14 anos não frequentam a escola e 5 milhões de alunos ficaram sem acesso à educação em 2020, segundo a matéria do UOL. Em 2017, em matéria na Agência Brasil em que se discute os motivos das pessoas pararem de frequentar a escola, foi revelado que 41% deles trabalhava ou estava a procura de um trabalho, mais frequentes em homens, 19,7% não tinham interesse em terminar a escola e 12,8% porque cuidavam de casa ou de alguém, mais frequente entre mulheres.
Se pensarmos que a formação dos professores está diretamente relacionada com a qualidade de ensino em sala de aula, abriremos diversas discussões sobre o ensino nas escolas e faculdades. Os professores estão sujeitos a todo tipo de mudança e inovação a todo tempo e se prender a um único método de ensino pragmático é querer ficar pra trás, além do que constantemente a sociedade vem evoluindo e necessita do uso dessas diversas habilidades cognitivas. O professor tem o desafio de evoluir em conjunto com seus alunos, acolhendo esse sentimento de melhoria, como pressupõe Eugênio Bucci.
O exercício da profissão docente é exigente e envolve muitas responsabilidades. O principal objetivo desse profissional é cultivar talentos críticos que possam iniciar uma carreira e viver em sociedade. Portanto, é necessária uma imagem muito especial de um professor, que deve representar uma pessoa que seja paciente, criativa, empática e provocadora ao mesmo tempo.
Em geral, devido aos baixos salários e à desvalorização de suas profissões, os professores passaram a buscar estratégias voltadas para a manutenção da qualidade de vida. Portanto, muitas pessoas estão mais dispostas a aumentar seus turnos de trabalho ou assumir funções adicionais. Os professores devem lidar com alunos de diferentes estilos: desinteressados, desmotivados, despreocupados, irresponsáveis, tímidos, chateados, impacientes, etc. Porém, deve saber despertar a curiosidade e inspirar cada um deles ao longo de sua trajetória profissional. A valorização destes profissionais deveria ser prioridade do Estado, para melhorar as condições e efetivação das políticas de qualidade do ensino.
A alimentação escolar é outro ponto importante neste deabte. Como um direito garantido pela Constituição Federal e programa complementar à qualidade da educação. Portanto, o Estado é obrigado a fornecer, facilitar e garantir o acesso à alimentação dos alunos durante o período escolar. Em um país com grandes desigualdes como o Brasil, faz parte da busca pela educação de qualildade a própria manutenção dos estudantes, conforme o objetivo do PNAE – Programa Nacional De Alimentação Escolar, insituído em junho de 2009. Com a pandemia, teve importância ainda maior e teve alteração em 2020 “para autorizar, em caráter excepcional, durante o período de suspensão das aulas em razão de situação de emergência ou calamidade pública, a distribuição de gêneros alimentícios adquiridos com recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) aos pais ou responsáveis dos estudantes das escolas públicas de educação básica”.
Ao longo dos anos, o PNAE também se consolidou como um grande programa de Segurança Alimentar e Nutricional, o SAN. Durante este período extraordinário de calamidade pública e emergência de saúde pública, o PNAE deve continuar promovendo a SAN, uma das possibilidades é através da distribuição de alimentos que foram ou podem ser obtidos.
Ainda há muito trabalho a ser feito para que todos recebam uma educação de qualidade e de forma não igualitária. Portanto, até 2030, governos, instituições e os próprios cidadãos devem se comprometer com a promoção desse direito da forma mais abrangente: professores qualificados, oportunidades educacionais universais, fornecendo a infraestrutura necessária e incentivando os alunos a se tornarem profissionais e cidadãos. Dessa forma, os demais não podem mais ser restringidos, pois a educação é a base para outras garantias. Como disse Malala Yousafzai na conferência das Nações Unidas: “Uma criança, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo. A educação é a única solução”.
Segundo Rafael Gué Martins, professor da área de Educação e Comunicação da UDESC, para se alcançar a ODS 4 é preciso de uma alfabetização midiática informacional, sem isso não há desenvolvimento, a promoção de parcerias da escola com a comunidade é de extrema importância para promover a educação, também o trabalhador social e o educador estarem trabalhando juntos e em conjunto, essa mistura é muito positiva pois fornece para as crianças uma visão mais ampla da sociedade. O nosso voto é importante e conta, e votar em políticos que não reduzem ou desviam os investimentos na educação é primordial, por isso temos que ficar atentos em quem colocamos para tomar partido das nossas necessidades como cidadão além de que a nossa atitude também conta nas mudanças sociais, devemos aplicar essas políticas na nossa proximidade aproximando da escola pois a ODS é uma política global.
Texto: Camila Bandeira e Mariana Marçal.
Supervisão: Professora Cláudia Herte de Moraes, pela disciplina Comunicação, Cidadania e Ambiente.
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