Charge: Rodrigo Brum
Diante da pandemia de Covid-19 fica ainda mais evidente o cenário de desigualdade no âmbito da educação brasileira. A situação trouxe à tona problemas como: a falta de recursos digitais, a dificuldade de aprendizagem dos alunos portadores de deficiência e o impacto da saúde mental em crianças e jovens, entre outros.
Com o avanço da tecnologia, o ensino a distância (EAD) foi se tornando cada vez mais viável, inclusive com faculdades sendo inteiramente a distância. Já no começo da pandemia, com o ensino presencial se tornando inviável, várias instituições decidiram abraçar o EAD como método de ensino, mas muitos alunos vindos de zonas rurais sem acesso à internet, ou com algum tipo de deficiência, entre tantas situações que dificultam este acesso. Com isso, não tendo o devido acompanhamento, o ensino pode ser elitizado ou capacitista, pois escolas com poucas condições de renda podem ter dificuldades, fazendo com que o aluno não atinja as metas exigidas pela instituição.
Em agosto de 2020 o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) realizou o estudo “Acesso Domiciliar à Internet e Ensino Remoto Durante a Pandemia”, o qual evidenciou que “cerca de seis milhões de estudantes, desde a pré-escola até a pós-graduação, não têm acesso à internet banda larga ou 3G/4G em casa”. Também mostrou que alunos do ensino fundamental são os mais afetados, juntamente com os anos iniciais e os anos finais, o que somava mais de 4,35 milhões de estudantes sem acesso, sendo 4,23 milhões de escolas públicas. No ensino médio eram 780 mil adolescentes sem internet em casa.
Outro fator discutido durante a pandemia é a Educação Inclusiva. Em uma entrevista para o site Nova Escola, Lailla Micas, coordenadora do portal DIVERSA, uma iniciativa do Instituto Rodrigo Mendes (IRM) e Maria da Paz Castro (Gunga), coordenadora pedagógica e consultora da área de inclusão da Escola da Vila, em São Paulo falaram sobre responsabilidade. Elas asseguraram que as escolas, juntamente com o engajamento dos pais, têm o papel de cuidar para que nenhuma pessoa portadora de deficiência seja desmotivada, excluída ou deixe de estudar em razão das suas limitações. Desta forma, é responsabilidade de todos atuarem para que não haja consequências discriminatórias e de aprofundamento das desigualdades.
Além do mais, outro fator que se perpetua na sociedade e que sobressai em tempos de pandemia, é a saúde mental, a qual tem ocasionado muitos problemas nas pessoas por conta do isolamento físico e social. Diversos estudos internacionais ressaltam que houve um aumento de indivíduos com problemas psíquicos que podem compreender desde ansiedade, ataques de pânico, depressão, estresse pós-traumático e inclusive o medo excessivo da morte.
Devora Kestel, que apresentou um relatório na agência de saúde da ONU a respeito da Covid-19 e da saúde mental, em entrevista para o portal G1 ressalta um aumento no número e na gravidade de doenças mentais é provável, e que os governos deveriam colocar a questão “na linha de frente” de suas reações. “A saúde mental e o bem-estar de sociedades inteiras foram seriamente impactados por esta crise e são uma prioridade a ser abordada urgentemente”, disse Kestel em entrevista coletiva.
Para saber mais:
Texto: Bruno Rocha Bianchi, Hérik Glouver Pereira e Scheila Bueno de Avilla
Supervisão: Professora Cláudia Moraes, disciplina Comunicação, Cidadania e Ambiente
Especial para Íntegra