Nota-se que não se trata apenas de discutir sobre o racismo, mas exaltar outros discursos em torno da negritude, valorizando e colocando em pauta a ancestralidade e beleza do povo negro. Isso traz aos não- negros uma outra perspectiva, a partir de uma posição de escuta e aprendizagem. Só retratar negros pelo racismo também pode ser considera uma prática racista, já que se nega a grandiosidade e contribuição da negritude. Negar que há um extenso conhecimento também produzido por intelectuais negras e negros, só respaldando seus estudos em referenciais teóricos eurocêntricos, é apequenar as discussões em comunicação, pois pauta-se em proposições que não refletem a diversidade do povo brasileiro.
O apagamento da voz, da vida e dos sujeitos pretos não se dá somente no genocídio da população negra. É visível, também, na exclusão nos lugares de representatividade, nos cargos de gestão das organizações ou nas salas das Universidades. E qual o seu papel tendo ciência disso?
Bom, tudo isso depende de qual é o seu lugar de fala (ou seu lugar de cala) e de construção da nossa realidade. Se você for preta e preto, sua existência já é resistência a esse modelo racista. Se você for branco, comece a questionar quais aplicativos, filmes, músicas e conteúdos você tem financiado: quem os produz são negros? A Arte que você consome é feita por quem? Se você é estudantes de comunicação, a pauta racial faz parte do seu dia-a-dia? Se você é professora ou professor, as referências que você mobiliza nas disciplinas são de autores pretos? É com pequenos atos antirracistas que mobilizamos e sensibilizamos todos para a luta. Afinal, para que/quem serve seu antirracismo?
Produção textual de Pâmela Francelino, Kawê Veronezi e André Luis.
Produção editorial de Kawê Veronezi e Pâmela Francelino.
Revisão de Fernanda Rodrigues, Jéssica Vieira e Pâmela Francelino.