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Ipê Amarelo comemora 25 anos com conquistas



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Marina Fortes – marifortesb@gmail.com

A Ipê Amarelo é a Unidade de Educação Infantil da Universidade Federal de Santa Maria e completa 25 anos em 2014. Quando foi criada, em 24 de abril de 1989, a creche tinha o intuito de atender aos filhos de servidores e alunos da UFSM, mas, a partir deste ano, isso mudou. A implantação do concurso público para professores e a abertura da escola para a comunidade santa-mariense representam grandes conquistas. A fim de saber mais sobre a escola Ipê Amarelo, a .txt realizou uma entrevista com a atual diretora da creche e presidente da Associação das Unidades Universitárias de Educação Infantil (Anuufei), professora Viviane Ache Cancian.

.TXT – Como ocorreu a abertura da Ipê Amarelo para a comunidade?

Viviane – Nós conseguimos, depois de muitas tentativas, abrir o edital público para ingresso de crianças de toda comunidade. Foram aproximadamente 600 inscritos para concorrer às vagas. Antes da abertura do edital, as vagas eram divididas em porcentagens para servidores e estudantes da Universidade. Essa reserva foi abolida, porque nós somos uma escola pública; o direito de ingresso é igual para qualquer criança concorrer através do sorteio. Nós realizamos o sorteio publicamente, ao vivo via internet e com a presença dos auditores da Universidade. Tivemos ingresso de filhos de pessoas vinculadas à UFSM, mas, principalmente, crianças da comunidade externa. A procura foi muito grande, mas só temos capacidade para 106 crianças, sendo que a maior parte é de turno integral, o que diminui o número das vagas. Mesmo assim, estamos muito contentes de ter as nossas crianças de volta, porque no final de 2013 estávamos com um número bem reduzido, de mais ou menos 50. Então, começar o ano com essa conquista e com as crianças é uma realização para nós.

.TXT – De que forma se constrói o ensino na Ipê Amarelo?

Viviane – Nós seguimos as Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação Infantil e baseamos toda a nossa proposta pedagógica nelas. Trabalhamos as múltiplas linguagens: artística, corpórea e musical. A leitura escrita aparece através do professor, ele é o leitor e o escriba da criança na sala de aula. Nós focamos muito na leitura, na literatura infantil e nos textos informativos, porque assim contemplamos a importância da educação infantil sendo um espaço formativo de leitores e não de antecipação da alfabetização, que é dever dos três primeiros anos do Ensino Fundamental. Com isso, garantimos o tempo da criança ser criança, já que o eixo norteador das diretrizes é “brinquedos e brincadeiras”.

.TXT – Como é o processo de aproximação da Unidade com os cursos da UFSM?

Viviane – Nós não somos apenas uma unidade de educação infantil, mas também uma unidade universitária, na qual atendemos crianças de forma qualificada e, principalmente, porque nós temos acadêmicos de graduação aqui dentro. A Ipê Amarelo é um espaço formativo de ensino, pesquisa e extensão. Com isso, os estudantes ganham muito na hora da formação, na hora de estar dentro da sala de aula e efetivar um planejamento na prática. Há uma grande diferença entre um aluno ir algumas vezes em uma escola, durante ou no final do curso, e ele estar inserido em uma unidade como a Ipê todos os dias. Os estagiários são, na sua maioria, da Pedagogia e da Educação Especial. Os bolsistas são de diversos cursos: Fonoaudiologia, Desenho Industrial, Música, Artes Cênicas, Odontologia, Nutrição. Nós sempre renovamos as inscrições, para dar espaço a todos.

.TXT – Como os bolsistas, estagiários e outros profissionais atuam na Ipê?

Viviane – Além dos alunos, nós temos profissionais da saúde como fonoaudiólogos e nutricionistas, mas eles não atuam diretamente com as crianças. Eles realizam o diagnóstico e veêm de fato quais são os problemas que as crianças têm e guiam os professores para que eles possam corrigi-los em sala de aula. Esses profissionais acabam orientando a formação dos docentes. Nessa perspectiva, não é um trabalho especializado à parte, eles realizam um trabalho conjunto na formação. Os bolsistas, normalmente, trabalham por fora. Os do Desenho Industrial, por exemplo, criam, dentre outras coisas, projetos para um parquinho. Já os estagiários atuam mais diretamente no ensino das crianças e acompanham as professoras em sala de aula.

.TXT – Como é realizado o trabalho com as crianças com necessidades especiais?

Viviane – Esse ano, nós temos cinco crianças portadoras de necessidades especiais: com síndrome de down, cadeirante e com múltiplas deficiências. O Ministério da Educação nos cedeu uma sala para atendimento a essas crianças. O ensino que elas recebem é o mesmo, não há diferenciação na sala de aula. A professora de Educação Especial entra, às vezes, para auxiliar no trabalho a ser desenvolvido. Uma das coisas que mais nos chama atenção é a capacidade de recepção das crianças. É fantástico, porque elas sempre querem ajudar o coleguinha. O mais importante é que nós conseguimos fazer a inclusão.

.TXT – Esse ano houve uma grande procura pela Ipê. Vocês pensam em ampliar o espaço?

Viviane – Sim, o sonho da Ipê Amarelo é tornar a Unidade um colégio de aplicação do Ensino Fundamental também. Nós queremos seguir o molde do Núcleo de Educação da Infância (NEI) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte que são colégios que tem continuidade da Educação Infantil no Ensino Fundamental. Porém, nós não pensamos em ampliar este espaço, onde nos localizamos hoje. O que nós realmente queremos é uma nova unidade. Num outro espaço, no qual as crianças possam ter mais parques externos, mais espaço livre e para que nós possamos ter mais vagas e salas de aula. Há uns três anos, realizamos um projeto pra essa nova casa, que inclusive foi solicitado pela Reitoria da UFSM. Nós enviamos, mas, infelizmente, não conseguimos levar a ideia adiante.

.TXT – Qual foi a maior conquista nesses 25 anos da Ipê Amarelo?

Viviane – A abertura da Unidade à comunidade santa-mariense e o concurso público para docentes, foram duas conquistas importantíssimas. Elas marcam uma nova fase para nós. Outro sonho que nós tínhamos e que eu, particularmente, tinha desde que cheguei aqui em 2007, era ter um apoio administrativo. Porque eu sempre me questionei, como nós podíamos estar dentro da UFSM e, ao mesmo tempo, ter essa fragilidade financeira e administrativa. Então esse apoio que estamos recebendo é muito importante. O diferencial é sermos reconhecidos e tratados como uma unidade aqui dentro da Universidade. O aporte financeiro para podermos desenvolver projetos é muito importante, mas o fato essencial é que agora acreditam no nosso espaço, acreditam que ele é muito significativo para a educação das crianças. A partir de agora, nós esperamos ter um crescimento e uma valorização maior da Ipê Amarelo. Afinal, nós somos uma Unidade de Educação Infantil que cuida das crianças, mas também auxilia muito na formação dos estudantes de graduação da UFSM.

Bastidores da .TXT

A escolha da pauta foi baseada no aniversário de 25 anos da Unidade de Educação Infantil Ipê Amarelo. Inicialmente, a ideia era retratar as mudanças sofridas durante esse tempo, tanto físicas quanto pedagógicas; e também da implantação do concurso público para professores e da abertura da creche para a comunidade, porque antes só filhos de funcionários, servidores ou alunos da Universidade Federal de Santa Maria tinham vaga na instituição.

 Uma edição mais antiga da .txt já havia falado das mudanças ocorridas na Ipê Amarelo, então, resolvemos na reunião de pauta que essa pauta seria a Entrevista da nossa edição da revista. Contactei a diretora da creche, a professora Viviane Ache Cancian, também presidente da Associação das Unidades Universitárias de Educação Infantil (Anuufei) e marquei a entrevista. A entrevista foi muito tranquila e correu bem. As fotos que escolhi foram da professora Viviane e da fachada da Ipê Amarelo, porque elas representam a essência da matéria: com quem falei e sobre o que falamos. A maior dificuldade que encontrei foi transcrever o que eu havia gravado, mas quando terminei, gostei muito do resultado e da experiência de escrever uma matéria nesses moldes.TXT

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