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Para reabrir, Boate do DCE passa por melhorias



Atual gestão do Diretório afirma que espaço deve reabrir no segundo semestre

Carolina de David – caroldedavid@hotmail.com
Hellen Barbiero – hellen-333_@hotmail.com

No dia 8 de janeiro de 2013, foi determinado, pela Vigilância Sanitária, o fechamento da boate do DCE. Os motivos alegados foram: falta de licença de funcionamento, falta de acessibilidade, perturbação do sossego público e a não comprovação de isolamento acústico. Porém, o fechamento não foi realizado a partir de uma avaliação, já que, segundo o estudante de Geografia e membro do Diretório Central dos Estudantes (DCE), André Weber, o vigilante só fez a análise do local duas semanas depois da interdição. Após a vistoria, o profissional constatou que o isolamento acústico havia sido trocado em 2007, o que ocasionou a retirada deste fator das causas do fechamento, porém havia a necessidade de vedação das aberturas.

 

Segundo a gestão do DCE, a boate vai reabrir ainda em 2013, porém o que falta para isso acontecer é a reativação do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). Um processo lento, mas importante, já que não possuir esse documento faz com que a boate não exista perante a justiça, afirma o participante da atual gestão do Diretório, Alex Monaiar.

Um dos aspectos negativos da existência da boate é o fato de causar incômodo aos moradores da Casa do Estudante Universitário I (CEU I) nos dias de festas. Um ponto polêmico em relação ao Diretório, é que o DCE, como fomentador de movimentos sócio-políticos, sempre lutou pelas causas estudantis. O diretório organiza movimentos e incentiva a participação dos jovens na luta pelos seus direitos, como o preço justo das passagens do transporte público, melhores condições de moradia e de alimentação.

Para a boate reabrir é preciso que possua três alvarás: de Localização, Sanitário e de Prevenção de Incêndio. O de Localização é uma licença emitida pela Prefeitura que autoriza uma empresa ou profissional autônomo a estabelecer sua localização e funcionamento no município. O Sanitário estabelece que os banheiros da boate devam possuir rampas de acessibilidade, estas não precisam estar prontas para a reabertura, mas o projeto deve estar aprovado. Já o Alvará de Prevenção de Incêndio prevê que a boate contenha um Plano de Combate Contra Incêndio (PCCI) que consiste em possuir iluminação de saída e de emergência, páraraios, mangueira, extintores de incêndio e saídas de emergência.

O espaço da boate pertence à UFSM, pois está inserida no prédio da própria Universidade. Todas as reformas foram financiadas pela Instituição. E, segundo o coordenador de Obras e Planejamento Ambiental e Urbano da Pró-Reitoria de Infraestrutura (Proinfra), Edison Andrade da Rosa, mesmo que esse espaço não reabra como boate, sua estrutura deve estar pronta para que possa receber qualquer tipo de atividade.

Das irregularidades expostas pela Prefeitura Municipal de Santa Maria, já foram consertadas as rachaduras, o piso irregular, os corrimãos enferrujados, os vidros quebrados, as placas decorativas e os itens destacados na planta abaixo.

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Santa Maria é deficiente em espaços que possuam e promovam cultura e lazer a baixos custos. Essa é a opinião de Monaiar: “Não tem espaços públicos de cultura e lazer para a juventude”. Ele diz ainda que a questão política que envolve a boate do DCE é histórica e está além dos interesses privados. O estudante conclui que “a Universidade tem que ser um lugar para experimentar novas iniciativas de cultura, como boates geridas por grupos cooperativos. Ninguém está ali pra ganhar dinheiro, mas sim garantir a cultura e lazer que é direito de todos”.

História

A boate do DCE da Universidade Federal de Santa Maria surgiu há mais de 50 anos de um modo peculiar. Seu início se deu por meio de encontros semanais entre amigos que buscavam diversão e um passatempo prazeroso. Eles levavam seus instrumentos musicais toda sexta-feira até o subsolo da Casa do Estudante I, localizada no centro da cidade. A partir daí, convidaram cada vez mais pessoas.

Diferente de boates criadas com fins lucrativos, o DCE promove a cultura de maneira simples e eficiente, abre espaços para grupos musicais de vários estilos e exposições artísticas, além de promover trocas intelectuais e de experiências. Diferente das casas
noturnas privadas, a entrada na boate do DCE era gratuita para os estudantes da UFSM,
com preço acessível para as bebidas. Desta maneira, era frequentada por jovens de todas as classes sociais. Para não alunos da Universidade a entrada era cobrada, e só permitida se fosse acompanhada por estudante universitário.

Reformas na boate após interdição:

• Manutenção do alarme de incêndio;
• Manutenção da iluminação de emergência;
• Manutenção das ferramentas antipânico;
• Retirado cadeado das barras antipânico;
• Sinalização dos extintores;
• Sinalização de escadas, rotas de fuga e saídas com placas fotoluminescentes;
• Apresentação do laudo elétrico;
• Colocação de extintores;
• Manutenção do corrimão de entrada;
• Recomposição com cimento alisado em pontos deteriorados dos pisos;
• Execução de rampas de acesso aos sanitários;
• Instalação de portas no sanitário masculino;
• Vedação dos basculantes dos dois sanitários e reativação do exaustor existente;
• Vedação com borracha nas portas de saída de emergência;
• Fechamento com alvenaria de três janelas existentes;
• Vedação com silicone das barras metálicas de isolamento acústico dos exaustores.
• Substituição e recuperação das portas do sanitário feminino e correção no reboco do teto;

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Conversamos com alguns membros do Diretório e mais uma vez eles problematizam a relação da boate do DCE com a Prefeitura Municipal de Santa Maria e a questão da cidade não disponibilizar espaços públicos para os jovens conviverem.

“A boate do DCE é um caso excepcional, não existe nada na lei que ela se enquadre. Ela está dentro do espaço da União, da UFSM e veio antes das leis que regulamentam o espaço público. […] Na cidade de Santa Maria não tem espaços que promovam cultura e lazer para juventude, cada vez mais o estado deixou para o setor privado fazer isso. Cada vez mais a galera tem que ir numa festa paga, boates, pra se divertir, não tem nada público.” É o que afirma o membro da gestão do Diretório Central dos Estudantes, Alex Monaiar.

“O estado tem que criar espaços públicos, festas com bebida, tem que ter boate do DCE. Não é que seja nossa, privada a gente usa o dinheiro para o movimento estudantil, o nosso maior compromisso é ter esse espaço pra galera na cidade.”

Ouça a entrevista realizada com os representantes do DCE:
https://soundcloud.com/revista-txt/grava-o-boate-dce#c=166&t=0:00

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