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A geração de ouro do handebol da UFSM



Equipe santamariense dominou o cenário nacional da modalidade nos anos 70 e 80.

Eduardo Simioni – simioni.radaresportivo@gmail.com
Rodrigo Thiel – rodthielmendonca@gmail.com

“Santa Maria tinha algumas classes de pessoas: os militares, professores, os estudantes e os jogadores de handebol”. Essa era a máxima entoada em todo o território brasileiro, dos tempos áureos do handebol mais vitorioso das décadas de 1970 e 1980: o handebol da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Primórdios

Tudo começou no início dos anos 70. Os primeiros passos foram dados pelo professor de Educação Física da UFSM, Pedro Lang, fundador do handebol no coração do Rio Grande. A partir do ano de 1975, o professor Luiz Celso Giacomini, começou seu trabalho no handebol no Colégio Manoel Ribas, o Maneco. Inicialmente, formou uma equipe feminina e, logo depois, criou as equipes masculinas. Ainda no mesmo ano, Giacomini trabalhou no clube de esportes de Santa Maria, o Coríntians. Em julho de 1977, levou a sua jovem equipe masculina do Maneco ao primeiro título do handebol nacional, nos Jogos Estudantis Brasileiros. A conquista foi um marco para a modalidade na cidade. No mesmo ano, conquistou o Campeonato Brasileiro de Clubes, pela categoria juvenil masculina. Surgia, então, a base da notória e histórica equipe de handebol da região central do Rio Grande do Sul.

Começa a Era de Ouro

Quando os jovens atingiram a idade universitária, em 1980, foi formada a Associação Desportiva da Universidade Federal de Santa Maria, a Adufsm, instituída pelos professores que tinham vínculo com o esporte da UFSM, para a manutenção da equipe juvenil e adulta de handebol. Desde então, a equipe começou a participar dos campeonatos nacionais de handebol. Em 1980, a Associação já ocupava o 2º lugar no Brasil, após participar do Campeonato Brasileiro de Clubes. Mas foi no ano seguinte que o handebol de Santa Maria começou a dominar a modalidade em âmbito nacional, ao conquistar o primeiro título brasileiro na categoria adulto, na Copa Brasil, em Goioerê, no Paraná. Anualmente, eram realizados dois torneios nacionais: a Copa Brasil e o Campeonato Brasileiro de Handebol. O domínio permaneceu até o ano de 1986, com exceção de 1984, quando a equipe santamariense foi derrotada pelo time de Maringá. O time também viajou por vários países da América do Sul e do mundo, como, por exemplo, ao Uruguai.

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A notoriedade da Adufsm no cenário nacional foi tão grande que, naturalmente, os jogadores da Associação formaram a base da Seleção Brasileira de Handebol. Pouco mais de 20 jogadores do time de Santa Maria representaram o Brasil em competições internacionais. Um deles, Ney Osório, foi escolhido em 1981 como melhor jogador de handebol da América Latina e, após tal feito, aceitou uma proposta do handebol europeu, e foi jogar na Alemanha.

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1986: o início do fim

A partir do momento em que os jogadores começavam a concluir suas graduações na UFSM, a necessidade pela procura de emprego no mercado de trabalho se tornava rotineira. Como a Adufsm não era um clube profissional que mantinha um salário para seus jogadores, muitos acabaram aceitando propostas de outras equipes profissionais de handebol, no Brasil, em especial, na cidade de Chapecó. Como o Chapecó-Sadia tinha muitos recursos financeiros, contratou os jogadores que defenderam Santa Maria em inúmeros torneios, já que eles acabavam de concluir suas graduações. A qualidade dos jogadores da equipe santamariense se perpetuou até Chapecó. De 1987 até 1994, os jogadores que haviam defendido a Adufsm e estavam jogando pelo time de Chapecó venceram todos os torneios que disputaram. E, dessa forma, a modalidade, aos poucos, perdeu forças em Santa Maria.

UFSM: Handebol hoje

Para um trabalho a longo prazo e com qualidade, a Universidade começará um projeto para estimular e recomeçar a prática do handebol. Segundo o ex-jogador da geração de ouro da modalidade aqui em Santa Maria, César Alcides Geller, o Cidão, o trabalho deve ser pensado como algo que comece de baixo, diferentemente da realidade de outras equipes que possuem patrocinadores e recursos financeiros para administrar a equipe. “Fácil é ter o dinheiro para fazer a manutenção de uma equipe para comprar jogadores e ter outros recursos. O trabalho desde a base é o complicado. Nós, aqui na UFSM, temos o conhecimento e devemos aplicar em um trabalho que será feito desde a base. Levará um tempo. Mas dotamos do conhecimento”, comenta Geller.

Ascensão, títulos, queda e história. O handebol da UFSM dos anos 70 e 80 mostrou a verdadeira forma de vencer. Não é só com o dinheiro que se faz o esporte, mas, principalmente com o trabalho árduo, com o espírito de equipe e amizade. Os três valores são parte integrante e indissociáveis dentro do mundo dos esportes, para que ele seja, de fato, lugar de educação, saúde e ferramenta para a formação social.

 

Bastidores da .txt

O primeiro passo para a idealização da produção da matéria “A geração de ouro do handebol da UFSM” foi tentar resgatar a história da equipe de handebol que defendeu Santa Maria nos anos 70 e 80, e também foi base para a seleção nacional. A equipe era formada por alunos da Universidade, porém descobrimos que este histórico vencedor iniciou-se com a vinda do professor Pedro Lang, idealizador do handebol aqui na cidade.

Para a apuração, o segundo passo foi a visita ao Centro de Educação Física e Desportos, onde conversamos com o goleiro da ADUFSM e da Seleção Brasileira na época, o professor César Geller. Curiosamente, o mesmo divide sua sala com o outro goleiro da equipe, e hoje professor doutor da UFSM, Luiz Osório Portela.

Ambos nos relataram sobre essa reaproximação dos atletas que integraram a equipe nesta época com os alunos aqui da UFSM, que após ter a vida consolidada, voltam as suas origens, buscando implementar projetos que visam o retorno do handebol vitorioso na UFSM. Já de cara com o goleiro, o terceiro passo foi a redação desta matéria para a 18° edição da Revista .txt. A marcação ou não do nosso gol fica a critério de você, leitor.txt

 

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