O livro Até onde vai a imaginação organizado por estudantes da UFSM e escrito por crianças de 11 e 12 anos ganhou prêmio no XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul (Intercom Sul). O evento ocorreu no período de 30 de maio a 1º de junho, na cidade de Santa Cruz do Sul.
A proposta do livro nasceu na disciplina de Redação para Produtores Editoriais ministrada pela professora do curso de Comunicação Social da UFSM, Marília Barcellos. A ideia era de trabalhar com os paratextos editoriais estudados. Os acadêmicos integrantes do grupo do trabalho, Maura da Costa, Raquel Scremin e Flávio Teixeira, optaram por desenvolver a ideia com alunos do 5º ano da Escola Estadual de Educação Básica Augusto Ruschi, pois uma das integrantes já atuava como bolsista do programa de Educomunicação e Cidadania Comunicativa da universidade. “Utilizamos os desenhos dos alunos da Raquel como originais. A partir disso, montamos a estrutura do livro, trabalhamos no tratamento das ilustrações, na revisão, na diagramação, acompanhamos o trabalho da gráfica e fizemos contato com algumas livrarias”, conta Maura. O Programa é coordenado pela professora, também do curso de Comunicação Social da UFSM, Rosane Rosa, foi financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) em 2011 e 2012, e neste ano pelo Ministério da Educação (MEC).
A professora Rosane Rosa, em parceria com a professora Marília Barcelos, atuou como orientadora da publicação e destaca o processo de construção do livro como uma nova literatura sob a perspectiva da autoria, de criança para criança. Ela conta que foi possível dar vazão ao protagonismo e deslocar as crianças do papel de leitoras para atuarem também como autoras. “É um produto bem singelo, o que tem de rico é o processo. O processo participativo contempla a autoria infantil. É uma linha de uma nova literatura que repensa a questão da autoria, que é possível, sim, você desencadear esse processo desde a infância”, enfatiza a orientadora. O programa de Educomunicação continua trabalhando nessa linha com projetos como Ciranda Cultural, Sarau Literário e Contação de Histórias.
Maura da Costa, Raquel Scremin e Flávio Teixeira foram os mediadores e organizadores do livro. Os estudantes provocaram a imaginação das crianças, por meio de desenhos, através da pergunta “O que você gostaria de ver a partir da janela do seu quarto?”. O resultado foi desenhos que trouxeram como tema a natureza e o cuidado que se deve ter com ela, acompanhados de frases como: “Este é o laboratório do Doutor Maluco, onde toda a natureza foi criada por ele”, “Mais bonita que a natureza é a menina cuidando das Flores”. A professora Rosane destaca nos desenhos as cores coloridas e vibrantes e a presença de elementos como o sol, onde se encontra implícita a alegria. Rosane enfatiza a importância disto: “São crianças de escola pública, moram em periferia, muitas dessas crianças abrem a janela e veem um lixão, ou veem um cenário que está longe do que eles desejariam […]. Esses elementos são os que eles sentiram a necessidade e gostariam de ter próximos. A natureza, a alegria, o colorido, o ser humano, eles próprios inseridos nesse cenário”, relata.
Até onde vai a imaginação é um produto que integrou ensino e extensão, foi pensado em uma disciplina e executado em um programa que trabalha com escolas da periferia com baixo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). O programa de Educomunicação e Cidadania Comunicativa iniciou em 2008 e hoje conta com 15 bolsistas acadêmicos das quatro habilitações do curso de Comunicação Social (Jornalismo, Produção Editorial, Publicidade e Propaganda e Relações Públicas). Trabalha com oficinas multimídias, já inaugurou mais de oito rádios-escolas e está preparando mais onze. Também tem oficinas de desenho em quadrinho, audiovisual, fanzine, dicção oratória e desinibição, além de fotografia e jornal. Neste ano, o programa pretende estender seus projetos a outras escolas além das localizadas na periferia.
Para a professora Rosane Rosa, projetos de Educomunicação como o livro Até onde vai a imaginação contribuem na formação dos acadêmicos, mostrando a eles um outro lado da Comunicação Social, foge do aspecto exclusivamente mercadológico e da espaço à criatividade e iniciativa. “Eles ensinam, mas também aprendem, são educandos e simultaneamente educadores […] Autonomia e criatividade é com eles, o que é difícil ver no mercado”- afirma a professora. “Com certeza foi uma grande realização sabemos da importância desse trabalho para o nosso currículo e nosso curso. Além disso, poder levar uma ideia inovadora com intuito de propagar a leitura é gratificante”, acrescentam as estudantes Raquel Scremin e Maura da Costa. Para as crianças, o livro além de explorar a criatividade e incentivar a leitura também contribui com a auto-estima dos jovens escritores.
A publicação pode ser adquirida na escola Augusto Ruschi ou no Laboratório EDUCOM UFSM no campus da universidade, Prédio 67, sala 1214. O recurso adquirido com a venda dos exemplares será revertido para financiar outras publicações infanto-juvenis. Alguns exemplares do livro também foram doados para as bibliotecas das escolas da 8ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) de Santa Maria.
Fotos: Divulgação.
Repórter: Franciele Varaschini – Acadêmica de Jornalismo.
Edição: Lucas Durr Missau.
Fonte: Notícias UFSM