A agricultura teve seu início há mais ou menos 7.500 anos, na região que hoje se encontra o Egito. Nos primeiros passos de domesticação de animais, eles não eram utilizados para o abate, mas sim para o aproveitamento do leite e para o trabalho de tração animal, necessário para o cultivo da terra. A domesticação de plantas iniciou com a coleta de alguns exemplares que eram replantados próximos a seus acampamentos. Com a necessidade de cuidar de sua plantação, foi necessário que o homem fixasse sua residência próxima a esses locais, abandonando sua condição de nômade.
Com a utilização de animais de tração e um arado rudimentar, o homem iniciou o preparo do solo para o cultivo. Nesta mesma época, surgiram os primeiros ensaios de irrigação e a percepção de que o esterco dos animais que viviam próximos aos locais em que plantavam servia de adubo.
O agricultor sempre foi um bom observador e procurou acompanhar o comportamento da natureza para adequar a ela o ciclo de sua produção, tanto dos produtos agrícolas propriamente ditos, quanto o da pecuária. Entretanto, com o aumento da demanda de produtos agrícolas, a agricultura tradicional passou a utilizar defensivos agrícolas – agrotóxicos- com o objetivo de aumentar a produção. Os agrotóxicos surgiram durante a segunda Guerra Mundial para uso bélico. Logo a seguir, começou a ser empregado na agricultura para o combate às pragas.
Com a constatação de que esta forma de produzir alimentos estava sendo prejudicial à saúde humana surgiram movimentos para que o agricultor voltasse a produzir alimentos livres de agrotóxicos. Em 1934, foi aprovado o Decreto 24.114 que colocava um controle ao uso desses pesticidas. No Brasil, o uso de venenos para o plantio em escala exagerada ocorreu por volta de 1940 e a difusão maior de agrotóxicos se deu em 1980. Logo em seguida, começou a ser questionada a sua utilização pelo envenenamento de agricultores e animais.
Um dos principais combatentes contra o uso de agrotóxicos foi o agrônomo José Lutszenberger, que em 1970 deixou o emprego em uma indústria multinacional de agrotóxicos e, no ano seguinte, iniciou o combate ao uso destes pesticidas e a disseminar a necessidade da produção de produtos orgânicos.
Agricultura familiar
Foi o pequeno agricultor que melhor se ajustou a mais antiga forma de produzir alimentos saudáveis. Grupos de produtores começaram a se formar para procurar a melhor alternativa para o cultivo de produtos orgânicos. Atualmente, os agricultores familiares contam com o apoio da Emater – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural). O engenheiro agrônomo, Guilherme Godoi dos Santos, responsável pela Emater Santa Maria, demonstra otimismo na produção e venda de produtos orgânicos em nossa cidade.
Segundo Guilherme, as pessoas atualmente passaram a ter um olhar mais crítico na escolha de alimentos provindos diretamente dos agricultores. Ciente dessa preferência, a Emater tem intensificado nos últimos anos a assistência técnica aos agricultores do município que optam pela produção orgânica.
Junto ao pequeno produtor, os técnicos da Emater, têm contribuído no ensinamento de formas de combate às pragas e outras doenças próprias da agricultura. O uso de técnicas naturais além de produzir alimento mais saudável diminui o custo de produção, sem o uso de defensivos.
De acordo com o engenheiro: “esta tecnologia veio para ficar, dada a sua eficácia”. Tanto é assim que algumas empresas agrícolas aderiram a esta “revolução verde” e estão lançando o selo de qualidade orgânica, que garante a qualidade do produto e o fato de ser produzido de forma saudável.
Ainda sobre o tema, o engenheiro da Emater, disse que existe certa dificuldade em controlar a qualidade dos produtos orgânicos nas Feiras Livres em Santa Maria, já que um grande número feirantes são apenas comerciantes, pois eles compram os produtos para vender na feira. Contudo o órgão já conseguiu reunir alguns produtores que são orientados e fiscalizados. Em Santa Maria, sete produtores têm o certificado de produtor orgânico.
Em Santa Maria, quem atende a parte burocrática pertinente aos seus associados é o Sindicato dos Trabalhadores Rurais. O sindicato presta assistência no preenchimento de formulários e requerimentos. Como não presta assistência técnica, o sindicato orienta os agricultores a participarem de “Dias de Campo” e cursos direcionados ao homem do campo e que são promovidos pela Emater e outras entidades do setor.
Segundo o presidente do Sindicato, Célio Luiz Fontana, planeja-se criar uma cooperativa ligada ao Sindicato Rural, que poderá prestar assistência técnica rural aos seus associados.
Polifeira
Na UFSM , uma equipe de técnicos trabalha na ampliação e na melhoria da produção orgânica. Foi criada a Polifeira para a venda de produtos diretamente dos agricultores. A feira conta é organizada pelo professor Gustavo Pinto da Fitotecnia do Colégio Politécnico da UFSM. O professor coordena os estagiários que fazem visitas periódicas aos agricultores da “Polifeira” e da “Feira Ana Primavesi”. O nome da feira é uma homenagem a Ana Maria Primavesi, nascida na Áustria em 1920, naturalizada no Brasil, que foi professora da UFSM, e atuou na área de manejo integrado do solo e adubação verde. Ela também foi fundadora da Associação da Agricultura Orgânica (AAO) no Brasil.
A Polifeira é composta por 20 produtores e estima-se que há mais de 500 compradores assíduos. A polifeira é composta por agricultores que estão em processo de transição da agricultura convencional para agricultura orgânica.
Conforme nos relatou o professor Gustavo, estes agricultores encontram-se periodicamente para trocar informações e, aos poucos, assimilam essa nova tecnologia entre eles. Outro grande incentivador da feira, é o agricultor e ex-aluno do Colégio Politécnico, Geraldo André Radatz, que como agricultor reuniu alguns produtores em um total de 82 famílias de Ivorá, Itaara, e Dilermando de Aguiar, dos quais 20 atualmente participam da feira. Alguns agricultores, como os de Ivorá e Itaara, estão organizados em forma de cooperativa.
De acordo com Geraldo Radatz, para que um agricultor participe da feira, ele deve comprometer-se a não usar agrotóxico. Este é o primeiro passo até atingir a condição de produtor orgânico, e obter o selo de certificação de produtor orgânico.
Produção orgânica
Entrevistamos um dos agricultores que já possuem o selo de qualidade orgânica, que nos relatou como foi o processo de transição. João Antônio da Silva é agricultor há nove anos, mas somente conseguiu o certificado de produtor orgânico há seis meses, com a ajuda da Emater SM.
Visitamos o sítio de João Antônio da Silva, onde cultiva seus hortifrutigranjeiros numa propriedade de 12 hectares, localizado em Pains, a 30 Km da UFSM. Tivemos oportunidade de ver sua cultura e a forma de trabalhar. Ele possui uma “bolcadeira” (arado para fazer canteiros), tracionada por um trator Valmet. Para a produção, ele possui também um triturador de galhos (usados para compostagem), um debulhador de milho e uma bomba hidráulica com pivô para irrigar as hortaliças.
João Antônio cria espécie de peixes, como jundiá, carpa capim e tilápia. No pomar, cultiva várias espécies de frutíferas tais como: bergamota, laranja, limão, goiaba, banana, uva e amora, além de outras espécies nativas.
O produtor possui 38 canteiros de 50 metros onde cultiva as mais variadas espécies de hortaliças, todas irrigadas com pivô. A água para irrigação vem de um poço com uma vertente perene. Apesar das dificuldades, com o tempo vem a satisfação em produzir um alimento saudável para a sua família e para os seus clientes.
Segundo João Antônio, no começo é difícil e a falta de conhecimento obriga o agricultor a procurar um técnico ou outro produtor mais experiente para tirar constantemente as dúvidas sobre o plantio. Entretanto, com o passar dos tempos, o agricultor acaba acumulando o conhecimento necessário para o cultivo de orgânicos. João Antônio nos mostrou com orgulho o registro de produtor orgânico e o talão de nota fiscal de venda de produtos.
Considerações Finais
Acredita-se que as pragas do Egito (Como cita a Bíblia) que antecedem ao Êxodo do povo hebraico, aproximadamente 1.250 anos AC tenha a justificativa científica, já por ter ocorrido um desequilíbrio do meio ambiente. No caso da invasão dos gafanhotos, das rãs e das pestes tenham ocorrido por desequilíbrio ambiental e falta de higiene nas aglomerações humanas.
São também dignas de comentário as técnicas do Dr. Rudolf Steiner que em 1920, percebendo a dificuldade dos agricultores da região (Alemanha), em melhorar a sua produção agrícola, através de uma pesquisa em que reunia conhecimentos de biologia e astronomia, criou o método produtivo denominado “agricultura biodinâmica”. Para difundir a sua tecnologia o Dr. Steiner consegui reunir no castelo de Koberwitz em Breslau na Alemanha, cerca de 300 produtores agrícolas, na sua maioria nobres da Alemanha e Suíça, para apresentar suas técnicas de produção agropastoril. Seus experimentos baseavam-se nas forças magnéticas do Cosmo, Biologia e Forças espirituais. O Dr. Steiner fundou uma entidade que pregava a relação dos seres da Terra com o Cosmo. Quando alguém contestava sua teoria por ser fundamentada em “crendice”, ele apenas respondia – os senhores podem até afirmar que seja crendice, mas aconselho a testar em suas propriedades, depois de digam se funcionou ou não . Alguns desses ensinamentos chegaram até nossos tempos; plantar e colher em determinadas fazes da lua. Quem já não ouviu falar no Almanaque do Pensamento, que possuía um calendário para o cultivo de plantas conforme o período mais próximo ou distante de determinado astro.
Não podemos também deixar de tecer algum comentário sobre o período histórico da nossa agricultura em que surgiram os famosos “agrotóxicos” , que na época, a partir de 1940 surgiu como grande descoberta, que poderia acabar com a fome da humanidade, acabando com as pragas da lavoura. Longe estávamos em saber que estas ditas pragas na verdade, são apenas pequenos seres que podem conviver com nossas plantações harmoniosamente e até mesmo de forma simbiótica com as diversas cultivares.
No entanto a crença de que o uso de agrotóxico veio para acabar com a fome no mundo, apregoada pelas indústrias químicas que produzem os mesmos, conseguiu difundir o seu uso a custa de maciça propaganda enganosa. As grandes indústrias de agrotóxicos (Venenos)- Que eles denominam de “defensivos agrícolas” mantêm estes produtos no mercado a custa de “lobs” e demandas judiciais. O uso indiscriminado desses produtos tem matado ou tirado a saúde de muitos agricultores.
Associada aos agrotóxicos, outra técnica que silenciosamente vem comprometendo a saúde da população, é a transgênia. Estes produtos denominados “transgênicos”, são totalmente alienígenas, não pertencem a nenhuma categoria ou espécie encontrada no globo terrestre.
Temos que lembrar novamente o texto bíblico, agora no “gênesis”. Podem dispor de todas as plantas da terra; mas não toquem na árvore da vida (A genética – formadora da vida -)
O organismo do ser humano levou 10.000 anos para ajustar-se aos alimentos que hoje dispomos. Assim precisaremos outros tantos para que possamos nos ajustar aos ditos transgênicos. E agora os seus produtores não querem que saibamos onde eles estão nos mercados (Para que possamos nos envenenar sem saber), retirando do rótulo o símbolo (T) de transgênico (É um Projeto de Lei aprovado na Câmara dos Deputados e está para ir ao Senado). Este símbolo identifica a característica (Transgênico). E eles realmente fazem mal a saúde, é o que dizem os pesquisadores; como afirmam diversos médicos cientistas contemporâneos.
Encerrando o nosso comentário, queremos enaltecer os produtores da Agricultura Familiar que não medem esforços para colocar na prática os conhecimentos sobre a produção de alimentos orgânicos, livres de agrotóxicos e de transgênicos devidamente saudáveis. Os produtores orgânicos em especial da Agricultura Familiar podem ser a solução para que tenhamos produtos saudáveis na nossa mesa. Já que o grande produtor só pensa em retorno financeiro e exportação de “comodities”.
Reportagem: Adão de Jesus Ferreira