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À espera da alegria



REPORTAGEM: BRUNO STEIANS E GIOVANA ALONSO

  O Projeto de Estimulação Essencial Motora Aquática para Bebês e Crianças com Deficiência integra o programa Piscina Alegre, que surgiu em 2000 como um projeto específico para Síndrome de Down. Quem o idealizou foi a professora do Centro de Educação Física, Luciana Palma, também coordenadora das ações. Nesse projeto participam três crianças de dois anos: Natália Eduarda Benetti, Gabriel Dutra Souza e Elisa Machado. Com as atividades oferecidas, busca-se contribuir para o desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo e social.

O projeto foi interrompido por nove meses devido à falta de monitores suficientes para as crianças. Com isso, houve uma pausa nos trabalhos durante todo o segundo semestre de 2015. Natália e Gabriel não demoraram muito tempo para demonstrarem a falta que sentiam das atividades. Gabriel demonstrava isso quando sua mãe montava uma piscina no pátio de casa: “Era nos momentos de banho que eu notava que ele tentava superar a falta do projeto”, conta Cléia Alvani Dutra, mãe do menino. O mesmo aconteceu com Natália, que havia criado um vínculo com colegas, monitores e o espaço da piscina. A mãe, Erika Suzenir Essy Benetti, conta que a filha tem verdadeira adoração pela água e adora nadar.
Quando o projeto reiniciou suas atividades, no começo de 2016, uma tempestade destelhou parte do ginásio. Novamente, houve uma pausa até o final de abril para a restauração. Os familiares, enquanto esperavam pela revitalização, procuraram sanar a falta das atividades da piscina através de outros estímulos às crianças.

A rotina de Elisa sempre foi muito intensa. Além da natação, faz equoterapia, balé, fonoaudiologia e fisioterapia, manteve-se ocupada. Natália também faz diversas terapias além da hidroterapia oferecida pelo projeto. Em casa, recebe estímulos dos familiares como relata a mãe: “a Natália tem uma família que a ajuda. Todos colaboram oferecendo estímulos como cantar, caminhar ou brincar”. No caso de Gabriel, o estímulo é dado através das brincadeiras realizadas na creche Ipê Amarelo, onde fica de em tempo integral, de segunda a sexta.

Desde a volta do projeto, as mães observam evolução no desenvolvimento dos filhos. As três indicam os resultados positivos alcançados até o momento. As crianças melhoraram, principalmente, a apreensão de objetos, a postura e o fortalecimento muscular. Além disso, ganham a segurança e a autonomia que precisam para caminhar e construir seus relacionamentos sociais.

O Projeto de Estimulação Essencial Motora Aquática para Bebês e Crianças com Deficiência ocorre nas quintas-feiras das 14h30 às 15h30, na piscina térmica do Cefd. Está aberto para todos os tipos de necessidades especiais. Os bebês ingressam em torno dos oito meses e as crianças com dez anos. Eles permanecem até poderem ser passados para outros projetos conforme seu desenvolvimento.

BASTIDORES

Para a produção dessa reportagem, pensamentos em abordar o Programa Piscina Alegre inicialmente. Porém, optamos por mudar o foco ao percebermos que uma reportagem específica sobre o programa já havia sido feita em uma das edições anteriores. Refletimos, gastamos algumas horas procurando uma nova forma de permanecer com a reportagem, mas com outro viés. Lembramos, então, que durante nove meses o projeto havia sido interrompido, causando grande sensibilidade nas crianças.

 Tínhamos menos de uma semana para refazer a reportagem. Contatamos as mães novamente, as chamamos enquanto o projeto acontecia. Perguntamos sobre a falta que as crianças sentiram durante o tempo em que ficaram sem as atividades. As três mães, com total simpatia e atenção nos atenderam e nos agradeceram por abordar esse tema. Uma delas disse, e isso guardamos para a gente, que “inclusão social no papel é muito bonito, mas e na prática?” Tornamo-nos mais sensíveis depois de acompanharmos as crianças. Elas são, assim como nós, seres humanos que precisam ser integrados à sociedade. Em tempos onde a indiferença em relação ao próximo é tão grande, a inocência, a vida e a alegria que os pequenos protagonistas dessa reportagem têm nos faz acreditar em um mundo melhor.

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