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Agricultura Familiar diante das mudanças climáticas: desafios e estratégias de adaptação



Texto: Caroline Schepp

Foto: Cerrado Rural

A Agricultura Familiar é desenvolvida em pequenas propriedades rurais, onde o trabalho é realizado pela própria família. Cerca de 70% dos alimentos consumidos no Brasil são produzidos por agricultores familiares. A produção desses agricultores é a sua principal fonte de renda e de subsistência. Além disso, a prática da agricultura familiar gera renda, emprego no campo e melhora o nível de sustentabilidade das atividades no setor agrícola, pois realiza atividades com menor impacto ambiental.

Neste ano, o estado do Rio Grande do Sul enfrentou eventos prejudiciais devido ao grande volume de chuvas, decorrentes da intensidade da ação do fenômeno El Niño. Este fenômeno natural é caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico. Contudo, neste ano o El Niño apresentou-se mais intenso, ocasionando enchentes no estado, entre os meses de setembro e novembro. Segundo a Defesa Civil, apesar da previsão de chuvas acima da média para os próximos meses, o estado não deve sofrer com enchentes.

As mudanças climáticas estão impactando de forma significativa a agricultura familiar, levando a uma série de adaptações para enfrentar os desafios emergentes. Com a presença do Super El Niño no Brasil, esse impacto está sendo maior, contribuindo para o agravamento de desigualdades e das condições de segurança alimentar, pois afeta o cultivo de alimentos, atingindo regiões menos desenvolvidas economicamente.

O agricultor familiar Leandro Schepp, morador de Braga, cidade localizada no noroeste do estado do Rio Grande do Sul, conta que, para enfrentar os eventos extremos que vêm ocorrendo, faz uso da técnica de plantio direto e também de barreiras em solos de terrenos acidentados.

“Sob a ótica da conservação do solo e da água, o plantio direto traz diversos benefícios, pois reduz erosão e perda de nutrientes, evita assoreamento de rios, enriquece o solo com matéria orgânica na superfície, menor compactação do solo, menos aração e gradagem, resultando em menor uso dos tratores e menor desgaste, causando assim menos impacto ao meio ambiente”, explica Lauro Rodrigues, pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros.

Schepp, que desenvolve a atividade leiteira em sua propriedade, relata que o Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) permitiu a compra de maquinário agrícola, além de investimentos em sua propriedade. Com o programa, destinado ao apoio financeiro às atividades agropecuárias, Leandro e sua família tiveram condições melhores de trabalho, produzindo com mais qualidade e promovendo desenvolvimento sustentável.

O Pronaf é uma iniciativa do governo brasileiro que visa promover o desenvolvimento econômico e social dos agricultores familiares. Criado em 1995, o Pronaf oferece crédito subsidiado, assistência técnica e extensão rural, bem como medidas de apoio à comercialização, buscando melhorar as condições de vida e fortalecer a produção sustentável nos pequenos estabelecimentos rurais. Destinado a agricultores familiares e empreendedores familiares rurais, o programa abrange uma variedade de atividades agropecuárias, contribuindo para a inclusão social e o desenvolvimento rural no Brasil.

Além do apoio de políticas públicas, o agricultor familiar conta com a Emater/RS-Ascar, que tem como objetivo auxiliar os agricultores com assistência técnica, promovendo desenvolvimento sustentável dentro da propriedade rural.

A professora Gizelli Moiano de Paula, formada em Agronomia pela Universidade Federal de Santa Maria, com áreas de atuação em agrometeorologia, modelagem agrícola e estudos de séries históricas de dados meteorológicos, destaca que a comunicação e o acesso à informação climática são fundamentais para os agricultores familiares se prepararem para eventos extremos, como as chuvas acima da média deste ano.

Gizelli afirma que, para que essas informações cheguem ao pequeno produtor rural de forma efetiva, o rádio é um ótimo meio de comunicação, pois está presente na vida diária do agricultor. Essas orientações devem ser transmitidas de maneira didática, para que assim o produtor possa se adaptar às mudanças e variabilidades climáticas de forma efetiva.

Através da implementação de práticas sustentáveis, diversificação e inovação tecnológica, a agricultura familiar está se adaptando às mudanças climáticas, enfatizando a importância da educação, colaboração e resiliência para garantir a segurança alimentar e o sustento das comunidades rurais.

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