Em meio à crise inflacionária que afeta o país, fazer a lista do supermercado se tornou um desafio. A busca por insumos de menor preço ou que apresentam o melhor custo-benefício se tornou comum entre a população brasileira, e optar por uma dieta rica em nutrientes nem sempre condiz com a realidade de alguns. Apesar de constituírem a base de uma alimentação nutritiva, alimentos orgânicos se tornaram praticamente inacessíveis nos supermercados. O fato, que se deve principalmente ao desequilíbrio climático que afetou o Estado nos primeiros meses do ano, também é resultado da quebra econômica do país devido à pandemia, que recém neste primeiro semestre de 2022, voltou a se movimentar lentamente, com a aceleração da vacinação contra o vírus da Covid-19.
Com o objetivo de promover um fácil acesso a esses produtos, a Feirinha Agroecológica pode ser uma opção viável para toda a comunidade acadêmica da UFSM Campus Frederico Westphalen. O projeto, coordenado pelos professores Joel Guindani e Oscar Torres, é uma parceria firmada entre a instituição e produtores rurais da região do Médio Alto Uruguai.
Segundo Guindani, o acontecimento – que já se faz presente há quatro anos na Universidade – surgiu da necessidade de possibilitar maior visibilidade à agricultura familiar local. Além disso, “com o tempo, a feirinha, por ser um evento itinerante, garantiu diferentes possibilidades e já aconteceu em outros espaços, como a URI (Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões) e em eventos como o Dia do Meio Ambiente e o Dia da Alimentação Saudável”, acrescenta o professor.
Para Ademar Azevedo, um dos expositores e representante do Sítio Pedras Brancas, a Feira, além de ser uma oportunidade de conscientizar a comunidade sobre a importância de uma alimentação livre de substâncias agroquímicas, também visa desmistificar o conceito de que esse tipo de alimentação é inacessível. “A gente tem como objetivo comercializar os produtos e obter um retorno financeiro, mas também oferecer algo novo para os alunos. Quando falamos em produtos orgânicos, o pessoal acha que é algo inacessível financeiramente, por isso, a nossa proposta é desconstruir essa ideia”, afirma o produtor.
Para a UFSM, o projeto é muito relevante: “Essa parceria representa o cumprimento de um dos nossos objetivos, que é a intervenção participativa na comunidade”, afirma Guindani. O professor ressalta que, além de possibilitar o diálogo entre a comunidade acadêmica e as famílias agricultoras, a Feirinha é capaz de conscientizar os alunos sobre a importância de uma alimentação orgânica e de qualidade.
Ainda segundo Ibanez Gonçalves, expositor e produtor rural, garantir visibilidade para outras famílias do ramo na região também é um dos ideais do projeto. Para ele, é essencial que a população reconheça o potencial e a importância da produção orgânica, para que, futuramente, a instituição de políticas públicas por parte de governos possa estar voltada para uma alimentação de qualidade, como forma de prevenção de problemas de saúde.
“Estamos focados em produzir ao mesmo tempo em que priorizamos a preservação do meio-ambiente e o cuidado com a vida”, afirma o também proprietário do Sítio das Amoras, que atua no ramo orgânico há quase doze anos.
A Feirinha Agroecológica ocorre todas às quintas-feiras, das 9h às 12h, no Hall de entrada da UFSM/FW. Para quem desejar, também é possível adquirir os produtos por meio do link da bio do instagram @produtossitio, que realiza entregas em Frederico Westphalen todas as terças e sextas-feiras, e em Palmeira das Missões nas quartas.
Texto: Amanda Spohr Demamann
Revisão: Luciana Carvalho