Com a decisão do governo federal de estender a chamada “dose de reforço” das vacinas contra a Covid-19 para toda a população maior de 18 anos, surgem diversas dúvidas sobre a imunização. Na matéria dessa semana, trazemos informações sobre a terceira dose e seu funcionamento.
Em outubro de 2021 a Agência da Hora produziu uma matéria sobre a aplicação da dose de reforço da vacina contra Covid-19 em determinados grupos. Até aquele momento, a terceira dose estava disponível apenas para idosos, pessoas com comorbidades e profissionais de saúde. Em novembro, o Ministério da Saúde anunciou a extensão da terceira dose da vacina contra a Covid-19 para toda a população com mais de 18 anos.
De acordo com informações do Ministério da Saúde, no total, 158 milhões de pessoas com mais de 18 anos fazem parte do público-alvo para a dose de reforço. Assim, a população brasileira receberá a terceira dose da vacina cinco meses após terem completado o calendário vacinal, valendo a recomendação para todos os imunizantes usados na campanha. Ainda segundo o Ministério, essa orientação é baseada em pesquisas científicas que apontam uma queda na resposta imune de forma maior a partir do quinto mês após a segunda dose.
O Ministério da Saúde também atualizou a recomendação em relação à vacina Janssen, da farmacêutica Johnson & Johnson, aplicada anteriormente como dose única. A partir de agora, uma segunda dose da Janssen será aplicada com intervalo de oito semanas após a primeira. Após concluir o ciclo vacinal inicial, uma dose de reforço será aplicada após o prazo de cinco meses recomendado pela pasta. O ministro da saúde Marcelo Queiroga assegurou que o Brasil possui doses suficientes para oferecer a dose de reforço para todos os adultos até maio de 2022.
Em relação ao tipo de imunizante que será utilizado como reforço, o ministério segue apostando no esquema heterólogo, ou seja, a utilização de vacinas diferentes, o que significa que quem tomou duas doses de AstraZeneca receberá uma terceira da Pfizer e vice-versa. De acordo com o ministro, é esperado que a maioria dos adultos receba a vacina da Pfizer como terceira dose, considerando que o imunizante da AstraZeneca foi o mais utilizado como primeira e segunda doses na faixa etária +18 ao longo dos últimos meses.
Jaqueline Sganzerla, a responsável pelo setor de imunização da Secretaria de Saúde de Palmeira das Missões (Rio Grande do Sul), explica que, por conta da baixa disponibilidade de doses, a aplicação da dose de reforço foi inicialmente priorizada para profissionais de saúde, idosos com mais de sessenta anos e pacientes imunodeprimidos. Agora, assim que esses grupos foram vacinados, a cobertura vacinal se estendeu para toda a população com mais de 12 anos.
Na cidade de Palmeira das Missões, a dose de reforço teve uma boa adesão da população. Segundo Jaqueline, o município já conta com mais de 70% da população com esquema de vacinação inicial completo, ou seja, já receberam a dose única ou duas doses. De acordo com dados do Monitoramento Vacinação Covid-19 / RS, até o dia 10 de dezembro foram aplicadas 4091 doses de reforço na cidade.
Já em Frederico Westphalen, o monitoramento estadual consta que 70,3% da população está com imunização inicial completa. O percentual corresponde a 21.118 vacinados com a segunda dose, 1.030 com dose única e 3.658 com a terceira dose. Na última atualização da prefeitura através da página oficial do Facebook feita no dia 10 de dezembro, foi informado que a aplicação da dose de reforço está disponível no Posto Aparecida para toda a população acima de 18 anos que tomou a segunda dose até o dia 9 de julho de 2021.
E a nova variante?
Com a descoberta da nova variante, nomeada Ômicron, no fim de novembro de 2021, a comunidade científica tem pesquisado as características e consequências dessa cepa. Até o momento, um estudo preliminar das empresas Pfizer e BioNTech indica que uma dose de reforço dessa vacina aumenta em até 25 vezes os anticorpos neutralizantes e é eficaz contra a variante ômicron.
Segundo o jornal El País, a empresa afirmou que mesmo com o anúncio da produção de uma vacina específica para essa nova variante, o seu imunizante já disponível para a população é capaz de proteger se aplicada a dose de reforço. “Embora duas doses da vacina ainda possam oferecer proteção contra a doença grave causada pela ômicron, fica claro que a proteção melhora com uma terceira dose da nossa vacina”, explicou Albert Bourla, presidente e diretor executivo da Pfizer, para o El País.
Já a aplicação da dose de reforço da vacina CoronaVac, amplia em cerca de 20 vezes o nível de anticorpos neutralizantes. Segundo informações divulgadas pelo cientista Xiangxi Wang, pesquisador do Laboratório de Infecção e Imunidade do Instituto de Biofísica da Academia Chinesa de Ciências, durante um simpósio promovido pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica Sinovac, esses anticorpos são capazes de combater a infecção por todas as linhagens do novo coronavírus, incluindo a variante ômicron.
Ainda durante o simpósio, segundo informações do G1, a farmacêutica chinesa Sinovac informou que está desenvolvendo uma versão da vacina CoronaVac adaptada à variante ômicron. A expectativa é que a nova versão esteja pronta até fevereiro de 2022. Para isso, o Instituto Butantan iniciou um estudo para analisar a efetividade da vacina já disponível contra a nova variante.
Por fim, Cristina Bonorino, professora titular da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, reforçou para o Estadão e Exame a necessidade de toda a população receber a imunização completa e, ainda, garantir a proteção com a dose de reforço. “Se não vacinarmos, vão surgir variantes que escaparão da vacina. Por enquanto, quem se vacinou está razoavelmente protegido e quem não se vacinou deve se vacinar, mesmo tendo tido a doença”.
Apuração: Camila Amorim
Reportagem: Caroline Schneider Lorenzetti e Kelvin Verdum
Site e redes sociais: Maria Mariana do Nascimento Silva