Opinião
Durante sua participação no programa Sem Censura da TV Brasil, no dia 9 de agosto de 2021, o atual ministro da educação, Milton Ribeiro, envolveu-se em outra polêmica ao defender que “a universidade deveria, na verdade, ser para poucos, nesse sentido de ser útil à sociedade”. Para sustentar sua afirmação, Ribeiro criticou a formação superior dizendo que “tenho muito engenheiro ou advogado dirigindo Uber porque não consegue colocação devida. Mas se fosse um técnico de informática, conseguiria emprego, porque tem uma demanda muito grande”.
É um fato que a atual crise econômica vivida pelo Brasil gerou desemprego, levando diversos graduados a buscar trabalhos informais, e de fato existe demanda de profissionais em áreas como informática e tecnologia em geral, sendo vantajoso financeiramente um curso técnico na área. Entretanto, essa decisão deve caber, única e exclusivamente, ao estudante, que opta pela formação que ele deseja seguir.
A fala do ministro evidencia o pensamento funcionalista do governo, para o qual a prioridade é assegurar o funcionamento das organizações, de forma que um indivíduo somente é útil para a sociedade quando desempenha o papel que está a seu alcance.
O Direito à educação é parte de um conjunto de direitos chamados de direitos sociais, que têm como inspiração o valor da igualdade entre as pessoas. No Brasil, este direito foi reconhecido na Constituição Federal de 1988, e no mundo tornou-se um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), assumido em 2015 por 193 países, incluindo o Brasil, durante a conferência da Agenda 2030. Ao que parece, o Brasil tem andado na direção oposta à aplicação desses direitos.
Texto: Edyson Waghetti Sebastiany
Matéria produzida na disciplina Redação Jornalística II, do curso de Jornalismo do Campus da UFSM em Frederico Westphalen, no 1º semestre de 2021, ministrada pela Professora Luciana Carvalho.