Opinião
Em março do ano passado, a vida de todo mundo mudou para sempre. Em um dia, estávamos pegando o ônibus lotado, fazendo amizades com estranhos nas filas do banheiro, e achando que teríamos todo o tempo do mundo. No outro, os noticiários começaram a falar sobre um vírus que dali em diante mudaria a vida de milhões de pessoas para sempre. Não entrarei em uma discussão profunda sobre isso, porque dói demais e sinto que não há palavras suficientes para manifestar o que a pandemia tem causado. Porém, este artigo está sendo escrito por uma jovem que foi obrigada a conviver com a própria família vinte e quatro horas por dia há quase dois anos, depois de ter testemunhado o sabor da liberdade de ser uma universitária em outro estado. Então, eu precisei criar mecanismos de defesa para lidar com a nova realidade, e talvez, só talvez, esse mecanismo envolva conhecer um pouco de cada catálogo de streamings que eu pude acessar.
A verdade é que eu sou completamente apaixonada pelo mundo do audiovisual, ao ponto de até ter cogitado cursar cinema em vez de jornalismo. Sempre me encantou o modo como uma cena pode despertar tantas emoções diferentes em cada um de nós. Da trilha sonora ao figurino, eu amo tudo e, mesmo sem formação na área, permito-me ser a maior crítica de cinema que você vai conhecer (mas sem ser chata, eu juro!). Então, eu mergulhei de cabeça na lista de produções que eu queria assistir, das mais novas até as mais antigas. Revisitei o mundo dos Vingadores e dos X-Men, assisti filmes tão tristes que me fizeram chorar de soluçar, também vi algumas produções de terror porque eu gosto da sensação de que um fantasma sem cabeça vai me atacar quando eu for beber água de madrugada na cozinha (Olá, maldição da Residência Hill). Os romances me fizeram ter vontade de me apaixonar perdidamente por uma pessoa que esqueceu um livro no metrô, e as séries adolescentes me fizeram sentir saudades dos meus amigos, por mais que a gente nunca tenha derrotado um monstro que ameaçava uma cidade inteira, sempre tivemos os nossos momentos.
E foi aí que eu percebi, as aventuras que eu acompanhava na tela da minha TV se tornaram uma válvula de escape para as cenas de terror que eu assistia no Jornal Nacional. O sentimento que eu mais tive enquanto assistia esses filmes e séries foi saudade, saudade do que eu já vivi e do que ainda não me foi permitido viver, essas histórias me relembram que existe uma vida fora da minha janela, por mais distante que ela possa parecer no momento, e que a fantasia e a criatividade são fundamentais, não só na hora da dor, mas na vida em si.
Ao conversar com alguns amigos percebi que isso acontecia com outras pessoas também, a verdade é que todos nós estamos cansados, e às vezes tudo o que precisamos é deitar no sofá e assistir a um filme de qualidade duvidosa.
Não quero soar muito Poliana, e muito menos amenizar uma crise sanitária global, porém em momentos de crise, em que a arte continua a sofrer diversos boicotes, seja pela falta de orçamento ou a má gestão das instituições que deveriam ser as responsáveis pela preservação cultural, é imprescindível exaltar a importância do cinema. Os filmes ilustram que sonhar é possível e necessário. Ainda sem poder sair de casa eu sonho com as aventuras que estão me esperando fora da minha televisão.
TOP 3 SÉRIES BOAS PARA DESCANSAR A CABEÇA:
– The bold type (os alunos de comunicação amam)
– Modern Family (para rir sem parar)
– Eu Nunca (para rir sem parar e passar um pouco de raiva e vergonha alheia)
Texto: Maria Mariana do Nascimento Silva
Matéria produzida na disciplina Redação Jornalística II, do curso de Jornalismo do Campus da UFSM em Frederico Westphalen, no 1º semestre de 2021, ministrada pela Professora Luciana Carvalho.