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Entrevista: historiadora revelou perseguição política aos trabalhistas em Frederico Westphalen



A historiadora, professora, escritora e doutora em História Elenice Szatkoski relembra, em entrevista ao Culturália, como começou sua pesquisa sobre a perseguição aos trabalhistas, em Frederico Westphalen, e destaca pontos que mais lhe marcaram na produção de seus livros.

 

Elenice com alguns de seus livros. Foto: arquivo pessoal / Jornal Folha do Noroeste

Elenice trabalhava no arquivo histórico, que foi criado em 1997 em Frederico Westphalen, quando foi chamada para selecionar documentos que estavam jogados em frente à antiga Inspetoria de Terras. No meio dos documentos, foi encontrada uma carta acusatória do então vereador Enio Flores de Andrade (UDN, na época), em que ele acusava pessoas ligadas à cooperativa recém fundada, e ao PTB, de integrar o chamado Grupo dos 11. “O grupo dos 11 foi fundado por Leonel Brizola, que fazia suas palestras na rádio à meia noite, porque o sinal era mais limpo e poucas famílias tinham rádio”, explica.

Segundo Elenice, “nessas palestras, o Brizola falava na necessidade de construir grupos de 11 pessoas e nenhum poderia saber da existência de outro grupo. E foi se criando esse imaginário e narrativa de que na nossa região tinha comunistas”, que na verdade eram pessoas ligadas ao PTB da época.

A partir da carta, a historiadora começou sua pesquisa sobre a ditadura militar e a perseguição aos trabalhistas em Frederico Westphalen. Dois de seus livros abordam a temática: ‘Os Grupos dos 11 – uma insurreição reprimida’ e ‘O Jornal Panfleto e a construção do brizolismo’. 

Nos relatos, há depoimentos de “pessoas contando que o Exército chegou em Frederico em março de 1974, começaram a prendê-los no fundo da delegacia de polícia, os chamavam de comunistas e macacos porque eles ficavam agachados. Mas eles não eram comunistas, eram do PTB, e o que poderia ocorrer era a deposição do João Goulart, que foi o que se sucedeu”, argumenta a pesquisadora.

Há momentos de muita emoção contados pela escritora: “Eu me emocionei com o relato de um homem que ficou recluso, que chorou enquanto deu a entrevista, que estava morando em uma cabana. E um deles não conseguia falar, apenas escreveu e chorou muito enquanto falava desse período, ele era uma pessoa letrada e que escrevia bem, além de ser ligado à cooperativa, sendo totalmente discriminado. Onde eles ficavam tinham arames farpados e era difícil quando as pessoas passavam e chamavam de comunista por estarem agachados sendo chamados de macacos. E ouvir os filhos dessas pessoas foi um relato de um momento de muita dificuldade e de sofrimento”.

Elenice argumenta sobre a importância desses fatos se tornarem públicos: “As pessoas não têm consciência porque se negam a entender melhor o que aconteceu e a importância de ter uma história revelada que coloca a verdade despida, as pessoas não querem enxergar que houve esse momento, por isso a importância desses depoimentos”, argumenta.

Ela complementa: “Eram pessoas que tinham jornal, uma vida política e um pensamento diferenciado, e acabaram sofrendo danos morais. Como se ferir essas pessoas fosse terminar a visão crítica de sociedade que temos. Foi um resgate das pessoas que morreram e não puderam falar nada. E o Brizola era uma voz que denunciava o que estava acontecendo.”

Reportagem: Giorgina Reategui Navarro

Matéria produzida na disciplina Redação Jornalística II, do curso de Jornalismo do Campus da UFSM em Frederico Westphalen, no 1º semestre de 2021, ministrada pela Professora Luciana Carvalho. 

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