Desde que iniciou no país, no distante março de 2020, a pandemia da Covid-19 mudou drasticamente a rotina de grande parte da população. O considerável aumento do tempo dentro de casa tornou os estudos e o próprio trabalho flexíveis, fazendo com que atividades antes associadas apenas a um momento de lazer tornem-se frequentes ou até diárias. Uma dessas é a música, cujo consumo no streaming aumentou em 67% nesse período. Além disso, entrevistados confirmam que a atividade se tornou uma distração importante em meio ao isolamento social.
Ao longo dos dezessete meses de pandemia já enfrentados, diferentes formas de escape da difícil realidade surgiram. Das frequentes lives de cantores dos mais variados gêneros no início da quarentena às coreografias que viralizam até hoje em redes sociais como o Tik Tok, a música esteve presente mais do que nunca no cotidiano da população, o que se revela por meio de dados e relatos. “Boa parte do meu dia eu tô escutando música fazendo as tarefas”, pontua o estudante de Jornalismo Kelvin Verdum. Para ele, a música foi e ainda é um fator essencial durante esse período, mais do que anteriormente à pandemia. Serviços de streaming de música viram seus números de assinantes dispararem no último ano, como no caso do Spotify, que revelou ter atingido a marca de 286 milhões de assinaturas no primeiro trimestre de 2020.
O modo como ouve-se música também mudou, já que nos últimos meses muitas pessoas têm feito uso de playlists colaborativas, festas e karaokês on-line para reencontrar aqueles que o isolamento social distanciou. O Spotify revelou, por exemplo, que devido à pandemia, a escuta no carro diminuiu, enquanto a escuta em dispositivos conectados (como celulares, computadores e aparelhos de som inteligentes) aumentou muito. Outra forma de se consumir música que esteve muito em alta ainda nos primeiros meses de pandemia foram as lives, saída encontrada pelos cantores para continuar divulgando seu trabalho em um cenário onde shows ao vivo já não eram uma possibilidade. A auxiliar contábil Daniela da Veiga conta que não assiste mais às transmissões ao vivo com a mesma frequência do início da quarentena, embora consuma música diariamente. O comentário dela estende-se a Kelvin, que assume não gostar tanto do formato, apesar de ter consumido em 2020. O Brasil despontou como líder desse mercado no ano passado, com lives como a da cantora Marília Mendonça, que foi assistida por 3,31 milhões de pessoas no mês de abril e a transmissão de 8 horas do rapper Emicida, que conseguiu angariar R$ 800 mil.
Já quanto ao que tem se escutado, despontam artistas que são conhecidos por sua roupagem popular e alegre. O estudante Kelvin cita Pabllo Vittar, que em junho lançou seu quarto álbum de estúdio, ‘Batidão Tropical’, que já conta com mais de 66 milhões de streams apenas no Spotify. Já Daniela aponta a norte-americana Ariana Grande como uma de suas artistas favoritas do período, cantora essa que acumula mais de 59 milhões de ouvintes mensais e até mesmo músicas com mais de 1 bilhão de reproduções. Kelvin Verdum declara que, durante a pandemia, tem dado preferência ao pop: “Nada muito complexo musicalmente falando. Coisas que elevem minha vibração, a gente já vive num momento muito difícil, sabe?”, conclui.
Reportagem: Lucas Postal
Matéria produzida na disciplina Redação Jornalística II, do curso de Jornalismo do Campus da UFSM em Frederico Westphalen, no 1º semestre de 2021, ministrada pela Professora Luciana Carvalho.