Em um ano marcado pela pandemia do novo coronavírus, o mercado editorial sofreu o impacto do fechamento temporário de lojas físicas, além de cancelamento de eventos por todo o país. O faturamento total deste mercado em 2020 foi de R$ 5,2 bilhões, uma queda de 8,8% em comparação a 2019. O dado faz parte de pesquisa realizada pela Nielsen Book, com coordenação da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL). A pesquisa indica, ainda, que as editoras brasileiras produziram 46 mil títulos no ano passado – desse total, 24% são lançamentos, enquanto 76% são reimpressões. Dessa forma, o número de títulos lançados em 2020 (11.295) encolheu 17,4% no comparativo com 2019.
O autor do livro ‘Palavras para gritar em meio ao caos’, Filipe Mantovan, sofreu o impacto ao lançar seu primeiro livro em meio à pandemia. “Confesso que lançar um livro no ápice de uma pandemia foi uma experiência um tanto frustrante. A minha tarde de autógrafos foi um evento fechado, apenas com duas pessoas da editora e foi transmitida pelo Instagram. Com as livrarias fechadas, também tivemos redução nas vendas. Até o dia de hoje, eu não fiz nenhum evento de promoção do meu livro. Vou aguardar um momento realmente seguro para fazê-lo”, destacou.
Por outro lado, o virtual ganhou notoriedade, com os avanços tecnológicos e ampliação das formas de produção, divulgação e construção de um projeto literário, que passou a se moldar para a era das redes. O distanciamento ainda corrobora com um outro aspecto negativo: a interferência na proximidade com o público, vendas e até mesmo na troca de experiências. O escritor que já possui uma página no Instagram e Facebook conta que utilizar as plataformas foi uma maneira de se aproximar de seus leitores. “Acredito que a maioria dos escritores aumentaram suas participações nas redes sociais durante a pandemia. Seja com lives, publicações e vídeos. Foi uma maneira de se manter ativo e se conectar com o leitor.”
No entanto, já se pode notar uma melhora significativa na produção editorial brasileira, visto que se aproximando do fechamento do primeiro semestre, o 6º Painel do Varejo de Livros no Brasil mostra que a performance do mercado livreiro opera em alta em 2021 no comparativo com o ano passado. Realizado pela Nielsen BookScan e apresentado pelo SNEL, o estudo aponta que no acumulado do ano, as vendas de livros registraram um aumento de 46,5% em volume e de 37% em faturamento. Em números reais, a variação significa que até 20 de junho de 2021 foram vendidos 7,4 milhões de exemplares a mais em relação ao mesmo intervalo em 2020, com uma receita superior em R$ 269,4 milhões.
Esses dados demonstram a resiliência do hábito da leitura. “Em tempos de isolamento social, o livro se fortaleceu ainda mais como uma opção de entretenimento”, afirma Vitor Tavares, presidente da CBL. Para ele, “foi a maneira que muitos brasileiros encontraram para enfrentar esse período difícil e explorar o mundo por meio da literatura”.
Reportagem: Stefany Mendes
Matéria produzida na disciplina Redação Jornalística II, do curso de Jornalismo do Campus da UFSM em Frederico Westphalen, no 1º semestre de 2021, ministrada pela Professora Luciana Carvalho.