Em julho de 2021, o Ministério da Saúde lançou a campanha da “Família Zé Gotinha” para chamar a atenção das pessoas que tomaram a primeira dose da vacina Covid-19 mas não voltaram para receber a segunda. Na matéria desta semana, mostramos a importância da imunização completa e o cenário regional de vacinação.
A maioria das vacinas é de duas doses. Imagem: Freepik
Já faz cinco meses desde que a enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, foi a primeira pessoa fora dos estudos clínicos a ser vacinada contra a Covid-19 no Brasil. Desde então, o país já aplicou a primeira dose da vacina contra a Covid-19 em mais de 91 milhões de pessoas, o que representa 43% da população brasileira, segundo dados divulgados pelo consórcio dos veículos de imprensa.
Entretanto, somente 17% dos brasileiros estão completamente vacinados. No dia 7 de julho, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, informou que 3,5 milhões de pessoas não foram tomar a segunda dose da vacina contra a Covid-19 e estão com a vacinação atrasada. Em grandes cidades como São Paulo, esse percentual está diminuindo, mas ainda é considerado muito alto e preocupante para os responsáveis pela vacinação.
Maria Denise Schimith, professora de enfermagem e coordenadora da campanha de vacinação dentro do Campus da UFSM em Santa Maria, enfatiza que, todas as vacinações realizadas no Brasil pelo Programa Nacional de Imunização (PNI) tiveram seus intervalos pré-definidos, como a DTP (Tríplice Bacteriana), que protege crianças de três doenças: difteria, tétano e coqueluche.
“Possuímos pesquisas que informam quais vacinas precisamos fazer, quais os intervalos que elas precisam ter e quantas doses garantem uma melhor eficácia de proteção. Com a de Covid-19 não foi diferente”, esclarece.
Para garantir a segurança da população é necessária a imunização completa. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no site oficial, “a pessoa que não completa o esquema vacinal fica mais vulnerável à infecção pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2) do que aquela que recebeu as duas doses. Ou seja, além de se expor ao risco de ser contaminado e adoecer, esse indivíduo não ajuda a controlar a circulação do vírus. E tem mais: a vacinação incompleta pode criar um ambiente propício para o surgimento de versões ainda mais resistentes do coronavírus.”
Schimith também esclarece que, com o sistema vacinal completo, os imunizantes podem passar de 70% na primeira dose para 90% com a segunda, na redução de hospitalizações e mortes. Com relação à variante Delta, por exemplo, que vem causando grande preocupação mundial, a proteção pode chegar a 96% com a segunda dose dos imunizantes disponíveis.
A UFSM na vacinação
A Universidade Federal de Santa Maria, no campus sede, tem papel ativo na vacinação do município de Santa Maria com voluntários dos cursos da área da saúde. Os dados da universidade estão atrelados ao PNI da cidade e contam, atualmente, com mais de 152 mil pessoas vacinadas com a primeira dose, 59 mil com a segunda e mais 6 mil imunizadas com dose única.
“Temos aí um percentual de menos de trinta por cento em termos de segunda dose atingida. Claro que nem todo mundo chegou no período de fazer a segunda dose, mas o município tem feito várias campanhas para incentivar”, finaliza a professora.
Vacinação em Frederico Westphalen
A secretária de saúde de Frederico Westphalen, no norte do Rio Grande do Sul, Tais Candaten, diz que que o ritmo de vacinação em Frederico Westphalen poderia ser melhor se não houvesse diminuição no fluxo de chegada dos imunizantes, fator que tem dificultado a organização da secretaria e a divulgação junto à comunidade.
Na última semana, sete capitais brasileiras suspenderam a aplicação da primeira dose da vacina contra a Covid-19 por falta de doses, mesmo com mais de 13 milhões de doses disponíveis atualmente para distribuição aos estados.
Tais também enfatiza que a população do município tem acompanhado o calendário vacinal conforme o preconizado e buscando sua segunda dose, dando a importância que o tema merece e também reforça a importância da segunda dose: “A segunda dose da vacina garante a eficácia do imunobiológico no organismo e desta forma é indispensável sua efetividade, com respeito aos prazos de acordo com o laboratório fabricante, fechando o ciclo que garante proteção ao nosso sistema biológico”.
Lideranças municipais chegaram a estimar que toda a população de Frederico Westphalen com mais de 18 anos poderia receber a primeira dose da vacina contra a Covid-19 até o fim do mês de julho. Porém, segundo a secretária, no momento atual é temeroso realizar alguma previsão.
“Tendo em vista que o recebimento dos imunizantes não segue um fluxo pré-determinado, com dia e quantidade fixa para disponibilização por parte do Ministério da Saúde. Não sendo possível, dessa forma, determinar um cronograma a longo prazo, o que dificulta a divulgação e até mesmo a possibilidade de realização de horários especiais para vacinação, como já ocorreu em nosso município”, finaliza.
Como já foi destacado pelos especialistas na matéria onde falamos sobre a importância da vacina: a vacinação é a única forma de combater a pandemia do novo coronavírus. Para isso, é necessário que 70% da população esteja completamente imunizada, só então será possível flexibilizar as medidas de segurança, como outros países estão fazendo.
Reportagem: Caroline Schneider Lorenzetti e Kelvin Verdum
Revisão: Mirian Redin de Quadros