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Por que a vacina é tão importante?



No Brasil, apenas 12% da população está totalmente vacinada. Enquanto isso, outros países já vacinaram 70% ou mais da população e puderam flexibilizar algumas medidas de controle da pandemia. Na matéria desta semana, mostramos a importância da vacinação e porque não devemos escolher qual vacina tomar.

A vacinação é a única forma de combater a pandemia. Foto: Freepik

Diante do percentual insuficiente de pessoas vacinadas no país, a persistência da alta média diária de mortes e a falta de cuidados como o uso de máscara e distanciamento social, o fim da pandemia ainda parece distante. Com isso, todos os dias surgem novas dúvidas entre os brasileiros e muitos insistem em questionar a importância da vacinação.

A professora de enfermagem que coordena a vacinação dentro do Campus da UFSM em Santa Maria, Maria Denise Schimith, esclarece que a vacinação é importante individualmente, mas é fundamental na coletividade, sendo a única forma de combater a pandemia. “Precisamos nos vacinar para nossa proteção e manter todos os cuidados até que o coletivo também esteja vacinado”, reforça a especialista.

Como apresentamos na matéria anterior, nós poderemos deixar de usar máscaras em ambientes abertos quando 70% da população estiver totalmente vacinada. Já a quantidade de casos e mortes diárias no país podem começar a diminuir quando metade da população estiver vacinada, segundo avaliação da epidemiologista Ethel Maciel, professora titular da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em entrevista para o G1

Quais são as diferenças entre as vacinas?

Em decorrência da variedade de vacinas disponíveis, muitos têm se perguntado sobre as diferenças entre elas na eficácia, reação e intervalo de doses. A enfermeira Maria Denise diz que “apesar de existirem diferenças entre as eficácias das vacinas, o importante é sabermos que todas as vacinas disponíveis estão acima do padrão mínimo exigido pela Anvisa” e são, portanto, seguras. 

Nos ensaios clínicos divulgados pela farmacêutica AstraZeneca e disponíveis no G1, a vacina de Oxford/AstraZeneca teve eficácia de 76% contra casos sintomáticos e de 100% contra casos graves. Além disso, dados da “vida real” recém divulgados pelo governo britânico apontam para 90% de proteção após as duas doses. A imunizante é tomada em duas doses com intervalo de 12 semanas, ou seja, 3 meses. Para essa vacina, as reações comumente relatadas pela revista Veja Saúde são dor, calor, coceira e hematomas no local da aplicação. Febre, dor no corpo, mal-estar e cansaço passageiros costumam surgir em até 20% dos imunizados com essa vacina. 

Já a vacina Butantan/CoronaVac apresentou em seus estudos, também disponíveis no G1, que a eficácia dessa vacina pode chegar a 62,3% se aplicada com um intervalo de mais de 21 dias entre as duas doses. Porém, a eficácia mínima já aparece na segunda semana depois da primeira dose, e, na “vida real”, tem se mostrado altamente protetora contra casos graves e mortes após a imunização completa. As reações mais comuns a essa imunizante são dor de cabeça e dor no local da aplicação. Também podem ocorrer febre, cansaço, diarreia e náusea.  

A vacina Pfizer/BioNTech teve a maior eficácia nos ensaios clínicos, de 95%. Além disso, nesse mês de junho a Anvisa autorizou a indicação da vacina Comirnaty, da Pfizer, para crianças com 12 anos de idade ou mais. Antes, ela estava autorizada para pessoas com 16 anos de idade ou mais. As reações dessa vacina mais relatadas são dor e inchaço no local da injeção, cansaço, dor de cabeça e nas articulações e febre. 

Chegando recentemente no Brasil, a vacina Janssen/Johnson é a única imunizante em etapa avançada de testes que funciona com apenas uma dose, permitindo uma imunização mais rápida. Essa vacina teve eficácia de 66% contra casos sintomáticos e 85% contra casos graves nos ensaios clínicos. Suas reações mais comuns são dor, vermelhidão e inchaço no local de aplicação, cansaço, dor de cabeça ou dor muscular e febre. 

Vacinas X Variantes

Com o surgimento de novas variantes da doença, aumenta-se também a preocupação, principalmente com o aumento do risco de transmissão e mortalidade. A cientista-chefe da Organização Mundial de Saúde (OMS), Soumya Swaminathan, afirmou em à CNN Brasil que a variante Delta está se tornando a versão globalmente dominante da doença. 

Detectada pela primeira vez na Índia em fevereiro, a cepa B.1.617.2, conhecida como variante Delta, tem se espalhado rapidamente por diversos países e aumentando significativamente a quantidade de casos. No Brasil, até o momento foram confirmadas 2 mortes por essa cepa.

Segundo a CNN Health, com tradução da CNN Brasil, “A Organização Mundial da Saúde (OMS) designou B.1.617 e suas sub linhas, incluindo B.1.617.2, como ‘variantes de preocupação’ em 10 de maio. Essa classificação significa que uma variante pode ser mais transmissível ou causar doenças mais graves, não responder ao tratamento, evitam a resposta imune ou deixam de ser diagnosticados por testes padrão”. 

E, afinal, as vacinas são eficazes contra essas variantes?

Segundo estudo publicado recentemente na revista científica Cell, as vacinas de Oxford/AstraZeneca e da Pfizer/BioNTech são eficazes contra as variantes Delta e Kappa do novo coronavírus, ambas identificadas pela primeira vez na Índia. No entanto, ainda no estudo, a concentração de anticorpos neutralizantes no sangue foi um pouco reduzida, o que pode levar a algumas infecções invasivas, alertaram os cientistas. 

Outra análise positiva do desempenho dessas vacinas veio da Public Health England (PHE). Segundo informações também disponíveis na CNN Brasil, tanto a vacina da Pfizer quanto a AstraZeneca oferecem proteção de mais de 90% contra a hospitalização da variante indiana Delta. 

Vacina boa é vacina no braço. Foto: Freepik

A vacinação no Brasil 

De acordo com levantamento feito pelo G1 junto a secretarias de Saúde, até o primeiro dia de julho 74.539.876 pessoas tomaram a primeira dose e 25.944.570 a segunda, 636.015 a dose única, num total de mais de 101 milhões de doses aplicadas, segundo dados do consórcio de veículos de imprensa que divulga diariamente os dados de imunização no país.

O número, que corresponde a 26,5 milhões de brasileiros totalmente imunizados desde o início da vacinação no país, representa apenas 12,55% da população geral, número muito pequeno se comparados ao mínimo de 70% necessário para pensarmos na flexibilização das medidas de combate à pandemia. 

O principal impasse que o Brasil enfrenta em relação à imunização, sem dúvidas, é a falta de doses em decorrência do atraso na compra de vacinas. Em 2020, o Brasil chegou a negar acordos propostos pela fabricante Pfizer de 70 milhões de doses de imunizantes e ignorar 81 e-mails da empresa. Com o atraso nos contratos, realizados muito depois de diversos países, as primeiras doses da farmacêutica chegaram ao Brasil só em abril, oito meses depois da primeira oferta.

Além disso, uma análise realizada pelo Ministério da Saúde com base nos dados registrados na Rede Nacional de Dados em Saúde entre 17 de janeiro e 14 de junho apontou que, naquele período, ao menos 3,8 milhões de brasileiros que tomaram a primeira dose da vacina contra a Covid-19 não foram receber a segunda e estão com o esquema vacinal atrasado, o que corresponde a 15% do número total.

Coordenadora da vacinação do Campus sede da Universidade Federal de Santa Maria, Maria Denise Schimith alerta que apenas uma dose do imunizante não garante o nível ideal para proteger dos casos graves e internação e lembra do histórico de outras vacinas. “A antitetânica tem que ter três doses, HPV tem que ter duas doses, enfim, a gente tem várias vacinas com o número de doses necessárias pré-definidas pelo fabricante.”

Em entrevista à Veja Saúde, o pediatra Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), explica que aqueles que não completam o esquema vacinal estão mais sujeitos à infecção em comparação com pessoas que receberam as duas doses. Além disso, quem deixa de tomar as doses necessárias deixa de contribuir de forma relevante para o controle da circulação do Sars-CoV-2, vírus da Covid-19, o que é uma problemática ainda maior em um cenário onde a maioria das pessoas segue sem acesso aos imunizantes, como no Brasil.

Por que não escolher qual vacina tomar?

No atual momento em que o país se encontra, de defasagem na quantidade de vacinas contra a Covid-19, lidamos com os denominados sommeliers de vacinas, pessoas que querem escolher qual imunizante tomar. O posicionamento dos especialistas é unânime: não devemos escolher vacina

Como já ressaltamos, a vacinação é o método mais eficaz de combate à pandemia, entretanto só se torna de fato eficaz quando a imunização é coletiva. Enquanto muitos fazem exigências para determinada vacina, sem justificativa que comprove tal escolha, a sociedade segue exposta ao risco de infecção. 

De acordo com entrevista concedida ao Jornal da Unicamp, o professor titular do Instituto de Química da Unicamp, Luiz Carlos Dias afirma que as vacinas protegem todos, não apenas o indivíduo. “Com grande número de pessoas vacinadas, diminuímos muito o número de pessoas suscetíveis a transmitir o vírus, a circulação do vírus cai e evitamos mortes pela doença”, afirmou o professor. 

A professora Maria Denise enfatiza que, no contexto atual, ainda não existe disponibilidade de vacinas para toda população e que o desejo de escolher o imunizante também causa o atraso da vacinação completa, que é a única forma de controlar a pandemia. “Não é o momento de escolher vacina, assim como a gente não precisa escolher o paraquedas que a gente vai pular, porque se a gente não tiver um paraquedas a gente não sobrevive. A vacina boa é a vacina que está no braço”, finaliza.

Reportagem: Caroline Schneider Lorenzetti, Kelvin Verdum e Fernanda Vasconcellos

Edição: Luciana Carvalho

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