Ir para o conteúdo Agência Da Hora Ir para o menu Agência Da Hora Ir para a busca no site Agência Da Hora Ir para o rodapé Agência Da Hora
  • International
  • Acessibilidade
  • Sítios da UFSM
  • Área restrita

Aviso de Conectividade Saber Mais

Início do conteúdo

Por que ainda preciso usar máscara?



Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o governo iria liberar o uso da máscara para quem já teve covid-19 ou já se vacinou. Ao mesmo tempo, segue dando incentivo aos seus apoiadores para que não usem o acessório. Essas manifestações geraram em muitos brasileiros dúvidas quanto à necessidade de continuar com o uso. Na matéria desta semana, trazemos informações baseadas na ciência sobre por que o uso da máscara permanece importante e necessário.

 

Diante do crescimento no número de vacinados e flexibilização das normas sanitárias em diversos países, muitos têm questionado a necessidade de prosseguir utilizando o acessório de proteção. É natural que a população esteja ansiosa para o retorno à ‘vida normal’ e pela suspensão das medidas sanitárias ocasionadas pela pandemia, mas por quais motivos, no contexto atual, o uso de máscara ainda é necessário?  

Enfermeira, sanitarista e doutora em saúde coletiva, Liane Righi esclarece que o uso de máscaras ainda é essencial, devido à grande circulação do vírus e surgimento de novas cepas do Sars-CoV-2. Com uma capacidade ainda maior de transmissibilidade e atingindo de forma mais agressiva, inclusive jovens e pessoas sem comorbidades, as novas cepas (variantes) do vírus Sars-CoV-2, podem, inclusive, infectar novamente quem já teve a doença e também pessoas já vacinadas.

A vacinação, ao produzir resposta imunológica no corpo do indivíduo, evita que a doença desenvolva sua forma mais grave, porém não impede a transmissão do vírus. Para a integrante do Departamento de Saúde Coletiva da UFSM, “a máscara é uma importante barreira à transmissão do vírus. Então, associar máscara ao distanciamento físico, é importante, porque são duas barreiras que se potencializam”.

No caso dos que já foram infectados e se recuperaram da covid-19, apesar de o corpo humano ter uma tendência a gerar anticorpos, nem sempre é criada a ‘memória imunológica’, como é chamada a capacidade do sistema imune de ‘lembrar’ das ameaças já combatidas, reativando o processo de proteção. 

Qual máscara é mais indicada?

Com a variedade de máscaras disponíveis no mercado, surgem diversas dúvidas sobre o modo de uso e o nível de proteção que cada uma oferece, além de qual modelo deve ser utilizado a depender do ambiente. “Para ambientes fechados como supermercados, escritórios e lojas são indicadas as máscaras N95 ou PFF2 em função da sua trama que filtra partículas menores”, explica Liane.

Os modelos N95 ou PFF2 são os que oferecem maior segurança. Imagem: Alexandre Mota / O Tempo.

A pesquisadora também enfatiza que no início da pandemia as máscaras foram produzidas com tecidos simples e que possuem alguma capacidade de proteção, porém, com o aumento da circulação de vírus e, portanto, aumento da transmissão, é importante que se faça o uso de máscaras de melhor qualidade. Um estudo realizado por pesquisadores do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que o modelo PFF2 é a melhor máscara de proteção contra o novo coronavírus. O modelo possui alto poder de vedação e filtragem, apresentando em média 94% de eficiência, capaz de proteger quem a usa e as pessoas ao seu redor. A proteção, porém, também depende do uso correto do acessório. 

Em segundo lugar, o estudo mostrou a eficiência das máscaras cirúrgicas, que chegam a 89% de proteção. Para obter esse percentual, é preciso usar um modelo que contenha clipe nasal e três camadas, além de trocar a máscara a cada duas horas de uso. 

Máscara do tipo cirúrgica é a segunda mais segura, depois da PFF2 ou N95. Imagem: Juraj Varga / Pixabay

Já as máscaras mais comuns, de tecido, não são recomendadas como uma boa opção. Sendo o algodão o material mais utilizado, apresentaram grande variação de filtração nos estudos feitos pela USP, entre 20% e 60%, tendo uma média de de 40%. Ainda assim, se a pessoa não possui os modelos mais seguros, é melhor usar uma máscara de tecido do que nada. 

Apesar de descartáveis, as máscaras N95 e PFF2, assim como as cirúrgicas, podem ser reutilizadas de forma segura. De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, em informativo disponibilizado pelo Portal Poder 360, o ideal é deixá-las, após o uso, em um local seco e arejado, longe do sol, por um período de três a sete dias, e utilizá-las apenas enquanto estiverem íntegras e com boa vedação. Não se deve lavá-las ou borrifar álcool. Após a ventilação, a indicação mais segura, dependendo da exposição, é de até cinco reusos.

Quando poderemos dar adeus às máscaras?

 Diante do baixo percentual de imunização da população brasileira, menos de 12% de pessoas vacinadas com as duas doses, ainda é preciso manter todas as medidas de proteção: uso de máscaras, higienização das mãos e distanciamento social. 

“Nós poderemos deixar de usar máscaras em ambientes abertos quando setenta por cento da população estiver vacinada, então, não é o momento para relaxar, não é o momento para deixar de usar máscara. Quem foi vacinado deve seguir usando a sua máscara,” destaca Liane.

Os países que estão abolindo a exigência do uso de máscara em ambientes abertos encontram-se em uma etapa mais avançada na vacinação, com mais de 50% da população totalmente imunizada. Ainda assim, alguns já estão revendo a medida. Israel, por exemplo, chegou a suspender a obrigatoriedade do uso de máscaras por ter alcançado cobertura de mais de 80% dos cidadãos vacinados, mas voltou atrás depois de uma semana, após um aumento no número de casos de covid-19.

Apesar das recentes declarações do ministro da saúde, Marcelo Queiroga, afirmando que a vacinação de toda a população brasileira acima dos 18 anos ocorrerá ainda em 2021, o cenário é pouco provável, segundo avaliação de Renato Kfouri, infectologista diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) em entrevista à CNN. Alguns governadores anunciaram que irão vacinar todos os maiores de 18 anos até setembro, como é o caso do Rio Grande do Sul.

Confira a reportagem da Revista Arco, da UFSM, sobre a maior eficácia das PFF2. 

Caso a vacinação se estenda até o próximo ano, as medidas sanitárias e de distanciamento são as principais aliadas no combate à pandemia. “Neste momento é muito importante seguir as recomendações de distanciamento físico, ficar atento aos sintomas da doença e convencer nossos familiares e amigos que a vacina é importante e segura,” finaliza Liane Righi. 

Reportagem: Caroline Schneider Lorenzetti e Kelvin Verdum 

Edição: Luciana Carvalho

Divulgue este conteúdo:
https://ufsm.br/r-825-338

Publicações Relacionadas

Publicações Recentes