Com o prolongamento da pandemia do Sars-CoV-2 (o novo coronavírus), há mais de ano sem dar trégua no país, cansaço e medo são sentimentos comuns entre a população. Por isso, na matéria desta semana entrevistamos especialistas para saber quais as perspectivas para o controle da pandemia.
Há mais de ano, a ideia que tínhamos de normalidade se transformou. Incorporamos ao nosso cotidiano o uso de álcool em gel e máscaras, além do mais importante: o distanciamento social. Porém, essa realidade que exige de todos diversos cuidados acentuou o sentimento de exaustão, tornando recorrente um questionamento: Quando poderemos nos sentir seguros em relação ao coronavírus?
Alguns países ao redor do globo adotaram estratégias efetivas no controle da pandemia. Os cidadãos neozelandeses e australianos, por exemplo, já experimentam uma realidade próxima do considerado ‘normal’, como apresentamos em outra matéria, que pode ser conferida aqui. Em contrapartida, no Brasil, com o ritmo lento de vacinação e a baixa adesão ao distanciamento, aumentam as incertezas com relação a quando poderemos nos sentir seguros.
Para tentar traçar uma perspectiva, entrevistamos o professor titular do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva da UFSM, pesquisador na área de virologia animal, com ênfase em epidemiologia. Eduardo Furtado Flores explica que essa pandemia não tem precedentes e, por isso, não é possível especular com base em pandemias passadas. “O que se sabe é que essa pandemia pode ser controlada, e reduzir a níveis muito baixos a circulação do vírus com a vacinação”, afirma o professor.
Para o pesquisador, o vírus não deixará de existir e nem de circular, o que vai acontecer com o avanço da vacinação é que o microrganismo deixará de ser fatal e terá um comportamento semelhante ao vírus que causa a gripe. “No momento que tiver entre 70% e 80% da população já vacinada, ele ficará circulando como os vírus da gripe circulam. Outra tendência é que o vírus se torne mais atenuado ao longo do tempo.” Então, segundo Eduardo, a perspectiva é que o vírus não cause mais tantos óbitos e não pressione mais os hospitais do país.
Enquanto as vacinas não chegam para todos, continua sendo fundamental manter as medidas que visam atrapalhar a disseminação do vírus, como o distanciamento. “Não existe mistério, o vírus se transmite entre pessoas e se não distanciar ele vai circular”, reforça o professor.
O Brasil é uma preocupação no cenário internacional em função da falta de medidas rígidas de controle da circulação do vírus aliada à lentidão do processo de vacinação. Para Eduardo, esse cenário facilitou a chegada de novas variantes, que, muitas vezes, se tornam mais contagiosas e letais.
O coordenador do programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da UFSM, Roberto Christ Vianna Santos, farmacêutico bioquímico com pós-doutorado em Biologia Molecular pela Universidade de Barcelona, reforça o papel das vacinas no controle da pandemia. “A imunidade de rebanho é muito dificilmente alcançada a partir do sistema imune do indivíduo frente às infecções. A imunidade se consegue a partir de vacinação em massa”, assegura.
Então, a pandemia poderá ser controlada, no país, quando tivermos vacinação em massa.
Apuração: Fernanda Vasconcellos, Camila Amorim e Igor Mussolin
Redação: Fernanda Vasconcellos, Camila Amorim
Edição: Luciana Carvalho