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Por que a vacinação contra Covid-19 no Brasil não segue o ritmo de campanhas anteriores?



Em janeiro de 2021, o Brasil aplicou a primeira dose da vacina que previne a Covid-19. A imunização começou por grupos prioritários, enquanto o restante da população acompanha o surgimento de novos casos de infecção e muitos óbitos causados pela doença. Na matéria desta semana, apresentamos as diferenças entre campanhas de vacinação de outras doenças e a da Covid-19, além do depoimento de um profissional da saúde. 

A desconfiança e o medo da vacina não são exclusividade do momento atual. Oswaldo Cruz, importante pesquisador brasileiro, tornou-se protagonista do conflito ocorrido em 1904, no Rio de Janeiro, que ficou conhecido como a Revolta da Vacina. Na época, a população da cidade se revoltou contra a campanha de vacinação obrigatória que visava combater a varíola. Com a circulação de informações falsas e descontextualizadas, a população se sentiu insegura com a vacina, dificultando a imunização contra a doença que assolou o Brasil naquele período, e que tinha uma taxa de mortalidade de 30% entre os infectados. 

Superada aquela crise, o Brasil consolidou o PNI (Plano Nacional de Imunização), criado em 1973, que foi o principal responsável pela erradicação de doenças como a poliomielite, doença que causa paralisia muscular, e pela redução da mortalidade infantil. Frente a isso, surge uma importante questão: Como o país que era referência na vacinação em massa contra diversas doenças, está com a vacinação de forma tão lenta contra uma doença que já levou a óbito mais de 400 milhões de brasileiros?

Para entender o cenário brasileiro quanto à vacinação, entrevistamos o professor adjunto do Departamento de Ciências da Saúde da UFSM Campus Palmeiras das Missões, Leonardo Bigolin Jantsch. O doutor em Enfermagem pela UFSM explica por que algumas doenças antes erradicadas estão voltando. “A taxa de imunização está diminuindo também na infância, e com isso já está havendo o retorno de doenças que já foram erradicadas”, afirmou. 

A vacinação, no Brasil, que já foi referência para o mundo, hoje em dia é motivo de preocupação. A professora Ethel Maciel, da Universidade Federal do Espírito Santo, em entrevista veiculada no portal Gizmodo – Uol, diz que “Estamos muito lentos, e atribuo isso à falta de comunicação. Estamos vendo outros países estendendo horários, vacinando de sábado e domingo, e não estamos fazendo nada disso”.

Brasil já foi modelo em campanhas de vacinação. Foto: Steven Cornfield/UnsplashPhotos

O conceito de coletivo deve ser constantemente relembrado em momentos como o que estamos vivendo, quando atitudes individuais interferem diretamente na realidade coletiva. Quando pessoas aptas a serem imunizadas decidem não tomar a vacina, colocam em risco a vida de todos ao seu redor. O professor Leonardo reforça que “Quando a população não adere à imunização, essas repercussões não são apenas para si, são repercussões sociais.” Isso para qualquer vacina, seja contra Covid-19, quanto para outras doenças. 

O contexto brasileiro de vacinação contra o novo coronavirus é resultado de um conjunto de dificuldades que colocaram o país nesse patamar, entre eles está a desinformação. Por isso, o professor explica de que maneira a circulação de informações falsas ou descontextualizadas tem impacto na vacinação: “A baixa adesão, especialmente de Covid, está muito associada à falta de informação, desconhecimento, medo.” conclui.
Uma preocupação para Leonardo, além da baixa adesão à vacinação, é o negacionismo e a desvalorização da ciência, em um momento em que deveríamos estar alinhados à produção científica para combater a pandemia. “As pessoas passaram a desacreditar da ciência, acreditar em fake news, em atos contra a ciência. Vivemos um momento muito delicado”, reforça o docente.

Para compreender as dificuldades na campanha de vacinação contra a Covid-19, Leonardo estabelece uma analogia com a campanha de vacinação contra a gripe, ressaltando as diferenças entre as duas. “Existe uma diferença muito grande entre campanhas já consolidadas que partem de um processo mais organizado, com vacinas mais acreditadas pela população”, explica. 

É nesse contexto que as autoridades reforçam a necessidade em manter as medidas de isolamento social, uso de máscaras e higienização das mãos enquanto não atingirmos os índices ideais de imunização, que se aproximam dos 70% da população imunizada.

Reportagem: Camila Amorim e Fernanda Vasconcelllos

Edição: Luciana Carvalho

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