Durante todo o 2020, avançando em 2021, o mundo presenciou a disseminação de um vírus causador de uma doença fatal. Junto com ele, veio também uma onda de desinformação que, além de enganar e confundir, também causa mortes. Por isso, preparamos um guia com recomendações e entrevistas que tratam sobre a importância de consultar fontes confiáveis para se prevenir e combater a covid-19.
No ano de 2017, fake news foi escolhida como a palavra do ano pelo dicionário de Oxford e, desde então, o termo se mantém em destaque, por diversas razões. Em 2020, o termo esteve alinhado à crise sanitária que atingiu o mundo todo. Mas, afinal, o que são fake news? Em tradução livre, são notícias falsas. No entanto, o termo desinformação tem sido o preferido pelos especialistas para se referir a uma série de conteúdos que prejudicam quem os consome e a sociedade como um todo.
De acordo com a diretora do First Draft (iniciativa internacional que reúne plataformas de jornalismo e checagem), Claire Wardle, em reportagem do Portal Imprensa, “A desordem da informação é complexa. Algumas delas podem ser descritas como poluição de informações de baixo nível – manchetes de clickbait, legendas desleixadas ou sátiras que enganam – mas algumas são sofisticadas e profundamente enganosas”. No contexto da pandemia do novo coronavírus, os efeitos da circulação de conteúdo falso, incorreto ou descontextualizado incluem vidas perdidas, o que torna a desinformação ainda mais prejudicial.
Como tentativa para frear a desinformação, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) criou um manual com algumas posturas a serem adotadas em relação aos conteúdos recebidos, como por exemplo desconfiar de manchetes chocantes, erros gramaticais, excessos de opiniões. Para saber mais dicas, clique no Guia prático para Fake News.
Com a mesma finalidade, foi criado o Projeto Credibilidade, que apresenta um manual completo para prevenção de fake news, mostrando o contexto histórico da desinformação, quais os propósitos e a complexidade do assunto.
Em meio a essa onda de desinformação em que estamos submersos, foi intensificada nos últimos anos a criação de agências de checagem, que são basicamente portais de comunicação em que o principal objetivo é confirmar se determinada notícia é verdadeira ou não. A jornalista Luciana Carvalho, coordenadora do Projeto Agência Da Hora no Combate à Desinformação, do Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade Federal de Santa Maria – Campus Frederico Westphalen (UFSM-FW), afirma que essas agências são fundamentais. ”Agências como Lupa, Aos Fatos e outras que são ligadas aos veículos de comunicação tradicionais fazem um trabalho bastante minucioso, buscando a origem desses boatos, dessas notícias falsas. É um trabalho essencial, que cada vez mais é preciso visibilizar para que as pessoas possam confiar novamente [no jornalismo]’’, pontua a professora.
A estudante de jornalismo Natalie Pereira, também da UFSM-FW, conta que o principal sentimento causado por essa onda de desinformação, e muitas vezes também de manipulação, é o de angústia. ‘’As pessoas escolhem a negação e não querem ver o que está acontecendo, não respeitam a dor dos outros e preferem estar desinformadas a conhecer a verdade’’, desabafa.
A internet, que surgiu com a promessa de democratizar ainda mais as informações por meio das mídias sociais, também potencializou a desinformação, pois qualquer pessoa hoje pode produzir e compartilhar conteúdo. Luciana aponta que o fato de a mídia não ser mais centralizada nos veículos tradicionais e a internet possibilitar uma comunicação mais ramificada, ‘’ajudou para que hoje a gente tenha gabinetes especializados em produzir informações falsas para gerar determinadas reações no público, como ódio a um determinado grupo político ou social’’.
Para a professora, é muito importante ver qual veículo de informação está noticiando tal assunto, se ele é conhecido, se tem história ou apenas surgiu ontem. “’É preciso ver se aquela matéria está assinada, se tem fonte e quem foi entrevistado. Por que, por exemplo, se estou falando da covid-19, qual é a fonte? É necessário ser algum especialista ligado a algum órgão que trabalhe no combate a esse vírus, não uma pessoa que relate alguma teoria da conspiração, pois as teorias são muito atraentes, interessantes e nos tiram o tédio, no entanto muitas vezes elas podem apenas querer nos enganar’’ atesta a docente.
Por outro lado, é nas mídias digitais que esse processo de desinformação pode ser combatido, sobretudo durante a pandemia, em que as pessoas estão mais conectadas aos seus dispositivos. Para a futura jornalista Natalie, o projeto Agência Da Hora no Combate à Desinformação é muito importante. ”Nós, que somos da universidade, temos um lugar próprio para checar as notícias que a gente recebe, está perto, estão sempre próximos para responder e aí logo é possível dar uma resposta para as pessoas’’, comentou. A estudante acredita que, como nesse período surgiram muitas pautas diferentes e muitos assuntos relevantes, por vezes as pessoas têm medo. ‘’É vacinação, uso de remédios, tratamentos, a gente recebe a notícia e logo procura na checagem para saber se é verdade. Então precisamos da checagem para sobreviver, ainda mais em um momento que sair na rua, que usar uma desinformação pode nos infectar.’’
No Brasil, existem diversas agências que prestam esse serviço. Para facilitar, listamos as principais.
Agências de checagem:
Portal Drauzio Varella Checagens
Outra maneira de evitar o consumo de desinformação é na consulta de dados, como datas de vacinação, destinação de verba pública, cujas informações podem ser verificadas em sites oficiais, como o site do Governo Federal. Quando o assunto é saúde, existem sites especializados para o tema.
Sites oficiais:
Organização Pan-americana de Saúde
Sociedade Brasileira de Infectologia
Os portais digitais de notícias também são importantes para ajudar a entender a realidade da pandemia no país e os desdobramentos que tangenciam a questão de saúde, como as pautas políticas. Selecionamos alguns sites de notícias gratuitos significativos na atual situação.
Portais de notícias:
As redes sociais da internet e plataformas digitais, como facebook, instagram, youtube, whatsapp e spotify, estão cada vez mais presentes na vida das pessoas. Para não se deixar enganar com informações falsas, é importante seguir os canais mais confiáveis.
Canais Youtube:
Canais Spotify:
Ainda existem cientistas da área que fazem divulgações por meio do Twitter, como é o caso do Isaac Schrarstzhaupt, cientista de dados e Coordenador na Rede Análise Covid-19, site que reúne pesquisadores voluntários em ações de enfrentamento à pandemia.
Com o mesmo intuito, o perfil de Natalia Pasternak, formada em Ciências Biológicas pela USP e com pós-doutorado em Microbiologia, e atual presidente do Instituto Questão de Ciência,que utiliza seu perfil para divulgação científica.
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Reportagem: Camila Amorim Fernanda Vasconcellos
Edição: Mirian Quadros e Alice Pavanello