O ‘Ciclo De Debates por um jornalismo Antirracista’ reuniu profissionais e pesquisadores do tema durante três noites. Promovido pelo Departamento de Ciências da Comunicação (DECOM) da UFSM Campus Frederico Westphalen, o evento foi realizado de forma online com transmissão no canal da Agência Íntegra na plataforma YouTube, bem como transmissão ao vivo na página do DECOM no Facebook.
O evento foi pensado, inicialmente, pela professora Janaína Gomes, da UFSM-FW, após ter participado de uma palestra ministrada por Victor De Carli e Sthepanny de Oliveira, durante o período de distanciamento social. “A inspiração foi estar fazendo o curso quando ocorreram todas as manifestações de inconformidade com a morte de George Floyd e do menino em Recife”, detalhou a professora Janaína. A ideia teve apoio das disciplinas de Fotografia e Sociedade, Produção de Sentidos, Políticas Públicas em Comunicação, Laboratório de Mídias Digitais, Redação em Relações Públicas e, também, das agências do departamento, Da Hora, Íntegra e Comunicare RP.
O Ciclo foi transmitido nas noites de 07, 08 e 09 de julho, e cada debate abordou um aspecto do tema e contou com diferentes debatedores, entre jornalistas e doutores em Comunicação negros, que pesquisam e atuam na área. A abertura contou com a participação de Victor De Carli Lopes e Sthefanny Saldanha de Oliveira, e teve como mediadora Leslie Sadrez Sanches, da UFSC, em debate com a temática ‘A discussão do racismo entre os servidores da UFSM’.
A segunda noite teve a participação do professor Deivison Machado, que apresentou sua pesquisa sobre “Branquitude, racismo e Mídia”, com mediação de Ângelo Neekel, doutorando na Unisinos. Deivison explicou e apresentou casos e dados sobre racismo na mídia e falou que o problema precisa ser equacionado de forma rápida. A fala foi dividida em três momentos situando a questão do racismo a partir de sua perspectiva e autores que dialoga, no segundo tratando de um caso específico e mostrando como funcionam as lógicas do racismo estrutural e, por fim, sobre a questão da mídia e como ela dialoga sobre o racismo passando pela questão da formação.
O encerramento do ciclo de debates teve como tema ‘Um jornalismo plural, inclusivo e transformador’, com a mediação de Sátira Machado e tendo como debatoras as jornalistas Helena Martins e Karol Gomes, do projeto ‘Entreviste um negro’. Karol explicou como funciona o projeto e enfatizou que “a presença de fontes negras sendo entrevistadas na mídia é de uma importância para construção de um jornalismo livre de racismo”.
Os participantes ressaltaram a importância do debate. “Fiquei muito feliz quando vi o evento. Realmente, nós precisamos falar sobre isso, essa pauta é extremamente essencial para apresentar o quando um negro sofre”, afirmou Lavínia Machado, 22 anos, estudante de jornalismo. Enquanto mulher negra, ela acredita que a universidade pública é o principal exemplo da discriminação que ainda ocorre na sociedade, representando uma barreira que faz com que o público negro não chegue até ela. “Para trabalhar com um jornalismo antirracista, precisa-se da construção dos estudantes e uma luta para que consigam falar sobre nossa raiz para acabar com essa supremacia branca”, avaliou.
De acordo com a professora Janaína Gomes, o ciclo de debates deu um passo inicial e, em breve, deve ser realizado um próximo evento voltado a temáticas sociais.
Reportagem: Igor Mussolin