Não há comprovação científica de que a nicotina evitaria a contaminação pelo Covid-19
A informação de que a nicotina, um dos componentes do cigarro, poderia auxiliar na prevenção ao coronavírus passou a circular nas redes sociais depois da divulgação de uma pesquisa realizada pela Academia de Ciências de um hospital de Paris, na França. Depois de examinar 500 pessoas vítimas do Covid-19, os pesquisadores concluíram que apenas 5% dos casos eram de fumantes ativos.
O médico pneumologista que trabalha no Hospital Divina Providência, em Frederico Westphalen, Jorge Alan Souza, explica que o mal entendido teria partido da interpretação de que a nicotina, ao se alojar na mucosa do pulmão, impossibilitaria que o vírus se fixasse no mesmo local, e, por isso, o baixo número de fumantes entre as vítimas do coronavírus.
Entretanto, Souza alerta que não há evidências que comprovem essa interpretação. Pelo contrário, o pneumologista alerta que o cigarro apresenta diversos efeitos negativos no organismo do fumante. Além de sérias lesões nos pulmões, o médico explica que fumar ainda pode afetar outras partes do corpo. “O cigarro também ocasiona problemas de circulação, lesões no coração e em outros órgãos, e pode afetar o desempenho físico da pessoa”, afirma o médico.
A educadora física que trabalha na Academia Performance, em Ijuí, Caterine de Moura, ainda destaca que a nicotina afeta receptores fundamentais para nossa saúde pulmonar. A professora ainda destaca que, por enfraquecer o sistema respiratório, o ato de fumar pode aumentar os efeitos negativos da Covid-19.
Texto: Isabela Vanzin da Rocha
Apuração: Taiane Borges