Discriminação, revolta e luta pela liberdade de ser quem é. Junho é considerado o Mês do Orgulho LGBTQIA+ e a história sobre esse simbolismo começa no dia 28 de junho de 1969, considerado o marco inicial pela luta dos direitos civis da comunidade. Esse dia é reconhecido pela Revolta de Stonewall, que aconteceu no bairro East Village de Nova York, Estados Unidos, no bar gay de mesmo nome – Stonewall Inn.
Na época, em um contexto que era crime não ser heterossexual no país, assim como estritamente proibido o uso de roupas que não fossem “apropriadas para o seu gênero” – o que poderia até resultar em prisão -, o bar representava um espaço de liberdade para seus frequentadores. Isso, no entanto, contrastava com a constante opressão policial que cercava o ambiente, marcada por invasões policiais no estabelecimento. Porém, em 28 de junho de 1969, isso seria diferente: ao contrário do costume, os policiais surgiram em um horário de maior movimento, por volta da 1h da madrugada, prendendo diversos clientes e alegando “conduta inapropriada”. Com a grande quantidade de pessoas no local, o transporte dos presos foi atrapalhado, demorando para ser efetuado. Ao mesmo tempo, fora do bar, se formava uma multidão de manifestantes, que só aumentava ao passar das horas.
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Após uma tentativa da polícia de escoltar uma mulher para fora, o público reagiu violentamente, o que resultou em um confronto direto entre as autoridades e a comunidade LGBTQIA+. O conflito, que só foi dispersado às 4h da madrugada, não registrou nenhuma morte, porém deixou diversas pessoas feridas. Em 1970, 10 mil pessoas se reuniram para comemorar 1 ano da revolta, o que deu origem às Paradas LGBTQIA+ que acontecem por todo o planeta. Em homenagem à data e levando em consideração a importância da luta contra as desigualdades e da inclusão – inclusive no âmbito acadêmico-, a Revista Arco traz uma lista de produções científicas da UFSM relacionadas ao tema LGBTQIA+. A escolha foi feita a partir das produções mais recentes e considerando diferentes áreas do conhecimento:
Tipo de Produção: Projeto de Extensão
Participantes: Felipe Machado (bolsista); Oneide Alessandro Silva dos Santos (participante); Sergio Pinheiro Cezar (participante); Gustavo de Oliveira Duarte (orientador);
Área: Centro de Educação Física e Desportos
Enfoque: O desenvolvimento de cursos de extensão para professores e alunos da rede pública de Santa Maria (RS) sobre relações de Gênero e Sexualidade na formação básica e profissional. O projeto tem como objetivo diminuir conflitos e combater a violência de gênero sofrida por alunos, muitas vezes relacionada a conceitos da cultura gaúcha – marcada por padrões normativos referentes às definições de feminilidade e masculinidade.
*Resumo editado a partir do texto dos autores.
2- Design Gráfico de Cartazes: Momentos históricos da cultura LGBTQIA+
Tipo de Produção: Trabalho de Conclusão de Curso
Participantes: Douglas Mastella dal Forno (autor); Volnei Antônio Matté (orientador);
Área: Centro de Artes e Letras – Curso de Desenho Industrial
Enfoque: O desenvolvimento e apresentação de cartazes que promovem a história, as conquistas e as lutas das minorias LGBTQIA+. Para isso, a aplicação de conceitos do design gráfico e princípios teóricos da comunicação visual, composição visual e seus elementos subjetivos, estruturais e gráficos.
*Resumo editado a partir do texto dos autores.
Tipo de Produção: Trabalho de Conclusão de Curso
Participantes: Danieli Klidzio (autora); Monalisa Dias de Siqueira (orientadora);
Área: Centro de Ciências Sociais e Humanas – Curso de Licenciatura em Ciências Sociais
Enfoque: A reflexão sobre a bissexualidade e a pansexualidade femininas, considerando as suas especificidades enquanto orientações sexuais também reivindicadas como identidades. Trabalho feito a partir de entrevistas individuais com mulheres jovens residentes em Santa Maria (RS) e familiarizadas com o contexto universitário; além da realização de um grupo focal. O objetivo era tensionar alguns estereótipos relacionados a essas identidades, contextualizando e analisando criticamente a perspectiva acerca delas e considerando concepções históricas da sexualidade.
*Resumo editado a partir do texto dos autores.
4- Violência pós-morte contra travestis de Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil
Tipo de Produção: Artigo Científico
Participantes: Martha Helena Teixeira de Souza; Richard Miskolci; Marcos Claudio Signorelli; Fernando de Figueiredo Balieiro; Pedro Paulo Gomes Pereira;
Área: Centro de Ciências da Saúde
Enfoque: A descrição e análise de violências vivenciadas por travestis, inclusive após a morte. É um estudo baseado em metodologia qualitativa por meio de uma pesquisa etnográfica, sendo desenvolvida entre 2019 e 2020 – e foi decorrente do assassinato de cinco travestis na cidade de Santa Maria (RS). Outro objetivo é compreender esse tipo de violência que se manifesta no pós-morte e que busca apagar a história e os rastros da existência travesti.
*Resumo editado a partir do texto dos autores.
5- Estratégias de coping na população transgênero brasileira: relações com saúde mental plena
Tipo de Produção: Projeto de Pesquisa
Participantes: Luiza Pereira Rodrigues (autora e participante); Anelise Schaurich dos Santos (co-autora); Naiana Dapieve Patias (orientadora);
Área: Centro de Ciências Sociais e Humanas – Departamento de Psicologia
Enfoque: A identificação das principais violências vivenciadas pela população transgênero brasileira, das suas formas de enfrentamento (coping), e da relação desses elementos com a saúde mental plena dessa comunidade. Os dados serão coletados via internet e serão referentes a indivíduos transgêneros maiores de idade e integrantes de grupos na rede social Facebook voltados à temática trans.
*Resumo editado a partir do texto dos autores.
6- A (in)visibilidade de famílias homoafetivas durante atendimentos nos serviços de saúde
Tipo de Produção: Dissertação de Mestrado
Participantes: Marielle Kulakowski Obem (autora); Nara Marilene Oliveira Girardon-Perlini (orientadora);
Área: Centro de Ciências da Saúde – Programa de Pós-graduação em Enfermagem
Enfoque: Investigar a percepção de famílias homoafetivas sobre o atendimento recebido em serviços de saúde. O estudo foi de abordagem qualitativa, contando com a participação de nove famílias residentes em cidades do interior do Rio Grande do Sul. O referencial foi a partir do interacionismo simbólico, que estuda a compreensão da ação humana a partir de interações sociais. É levantada a reflexão acerca da invisibilidade dessas famílias, no título como (in)visibilidade, na medida que essas famílias são vistas pelos profissionais da saúde, mas não reconhecidas por eles como tal.
*Resumo editado a partir do texto dos autores.
7- Velcro Seguro: o guia de saúde sexual para mulheres lésbicas e bissexuais com vulva
Tipo de Produção: Trabalho de Conclusão de Curso
Participantes: Nicolle Christine Sartor (autora); Juliana Petermann (orientadora);
Área: Centro de Ciências Sociais e Humanas – Curso de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda
Enfoque: O desenvolvimento de um material informacional sobre a saúde sexual de mulheres lésbicas e bissexuais com vulva. Eram abordados aspectos como transmissão e prevenção de IST, métodos de sexo seguro, exames preventivos e anatomia da vulva. Após a produção, houve a análise da resposta do público-alvo a partir de entrevistas com mulheres lésbicas e bissexuais.
*Resumo editado a partir do texto dos autores.
Tipo de Produção: Trabalho de Conclusão de Curso
Participantes: Pablo Domingues de Mello (autor); Rosane Leal da Silva (orientadora); Marília de Nardin Budó (coorientadora);
Área: Centro de Ciências Sociais e Humanas – Curso de Direito
Enfoque: A observação sobre de que forma o discurso de ministros e ministras no julgamento da criminalização da homotransfobia (2018) contribuiu para a reprodução do discurso legitimador do Sistema Penal e, consequentemente, para a reprodução e manutenção da violência contra a comunidade LGBT+. Isso foi feito a partir de uma análise de discurso, refletindo sobre outras questões como a invisibilidade de vítimas em situações de violência.
*Resumo editado a partir do texto dos autores.
Tipo de produção: Dissertação de Mestrado
Participantes: Marina Martinuzzi Castilho (autora); Aline Roes Dalmolin (orientadora);
Área: Centro de Ciências Sociais e Humanas – Programa de pós-graduação em Comunicação
Enfoque: A investigação sobre a influência do pastor e deputado federal Marco Feliciano em acionar discursos de controle sobre conduta privadas, principalmente acerca da sexualidade humana. Isso foi feito a partir da análise de suas manifestações em mídias sociais – com um olhar específico para o canal no Youtube e para o uso, na época, da hashtag #ANossaFamíliaMereceRespeito. Por fim, a análise de discurso e reflexões sobre a midiatização como elemento estruturante em eventos modernos, discursivos e culturais.
*Resumo editado a partir do texto dos autores.
Tipo de produção: Trabalho de Conclusão de Curso
Participantes: Daniel da Silva Stack (autor); Mari Cleise Sandalowski (orientadora);
Área: Centro de Ciências Sociais e Humanas – Curso de Licenciatura em Ciências Sociais
Enfoque: A investigação sobre como a população trans no município de Santa Maria utiliza o Sistema Único de Saúde (SUS) para a transição de gênero – garantida gratuitamente pelo sistema mediante o Código Internacional de Doenças (CID). Além disso, a identificação de quais parâmetros sociais facilitam o acesso ao tratamento hormonal pelo SUS, pela rede privada e na auto-hormonização. Foi uma pesquisa qualitativa feita através de entrevistas.
*Resumo editado a partir do texto dos autores.
Expediente
Repórter: Esther Klein, acadêmica de Jornalismo e bolsista
Ilustrador: Filipe Duarte, acadêmico de Desenho Industrial e bolsista
Mídia Social: Samara Wobeto, acadêmica de Jornalismo e bolsista; Eloíze Moraes e Martina Pozzebon, estagiárias de Jornalismo
Edição Geral: Luciane Treulieb e Maurício Dias, jornalistas