O Grupo de Pesquisa de Agrometeorologia da UFSM começou a pensar, em 2003, o primeiro modelo de software para simular o cultivo de plantas agrícolas no Rio Grande do Sul. A cultura escolhida foi o arroz, já que o Brasil é um dos maiores exportadores do gênero, ficando atrás apenas de países do continente asiático. Já o estado do Rio Grande do Sul é responsável por 60% da produção nacional. Após dez anos de pesquisa e estudo, o Programa SimulArroz foi lançado.
“Os três possuem, o que a gente chama de “inteligência do modelo”, que é o que faz a planta fazer os seus processos como na vida real. Nós tentamos imitar o máximo possível as condições da vida real.”
Com a mesma base científica e informática, o grupo desenvolveu o SimaniHot, simulador da cultura da mandioca, e o PhenoGlad, que serve à floricultura. Os simuladores foram lançados nos anos de 2015 e 2016, respectivamente. A parceria para desenvolvimento dos programas iniciou entre professores e alunos da graduação e pós-graduação da UFSM, e se extendeu à Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), à Unipampa e à UFSC, além de órgãos de fomento à pesquisa.
A diferença no funcionamento dos simuladores está na alteração das variáveis de entrada, que são do ambiente e genéticas. Enquanto o SimulArroz precisa dos dados de temperatura e radiação solar, o Simanihot utiliza as duas anteriores e mais a chuva, e o PhenoGlad só usa a temperatura. Também, é necessário levar em conta a genética de cada tipo de planta, já que algumas variedades de arroz crescem mais rápido que outras.
No software, é permitido ao usuário selecionar o cultivar de arroz em uma lista ou, se a cultivar desejada não consta na mesma, o usuário pode selecionar o grupo de maturação a que a cultivar pertence. O usuário pode ainda informar a densidade de plantas e a concentração de CO2 atmosférico para a simulação. Com estes dados, somados as condições meteorlógicas, o usuário consegue obter resultado na sua simulação.
O coordenador da equipe de desenvolvimento e professor do Departamento de Fitotecnia da UFSM, Nereu Streck, fala da importância de a tecnologia desenvolvida na universidade chegar até o campo. Ele cita como exemplo a ocorrência de fenômenos climáticos, como o El Niño, que acarreta menor incidência do sol nas plantações e causa a diminuição da produção do arroz. Para ele, é possível que, com o simulador, o agricultor possa prever e calcular essas perdas, utilizando as previsões climáticas e o histórico de ocorrência dos fenômenos. O Instituto Riograndense do Arroz (IRGA) tem usado o simulador com esse propósito.
Além disso, Nereu afirma que ainda há uma barreira entre as pesquisas desenvolvidas dentro dos laboratórios e o serviço à sociedade. “Para mim é muito claro que a gente vem com esse trabalho para preencher uma lacuna pesquisa-prática, pois desenvolvemos a pesquisa e buscamos aplicar ela no dia-a-dia da população.”
Os simuladores foram pensados para serem utilizados pelos mais diversos públicos, desde a universidade até o produtor rural. O manuseio é simples e só exige que o usuário tenha acesso aos dados climáticos. Entretanto, o grupo já está pensando em alternativas para os valores serem automáticos.
Os simuladores podem ser adquiridos via internet sem custo, mas é necessário informar à equipe qual o objetivo do uso. Até hoje o SimulArroz já teve 919 downloads no site do projeto, e o SimaniHot 224. Não há dados sobre o Phenonglad, pois ele foi lançado há menos de um mês.
Para adquirir:
SimulArroz: http://coral.ufsm.br/simularroz/index.php/o-software
Simanihot: http://w3.ufsm.br/simanihot/index.php/o-software
PhenoGlad: http://coral.ufsm.br/phenoglad/index.php/downloads
Reportagem: Andressa Foggiato e Jocéli Lima
Infográfico: Bruna Dotto
Fotografia: Rafael Happke