No projeto de construção do que seria a nova universidade de Santa Maria, o idealizador, professor José Mariano da Rocha Filho, assim expressa a sua crença na missão de uma instituição com tal envergadura: “Para sobreviver, necessitamos de uma técnica adequada a conciliar a aquisição do saber no meio de tanta especialização científica. Urge que a Universidade volte a ser um centro de cultura, cuidando em obter, não apenas o profissional de méritos, o pesquisador minucioso, mas o homem que saiba sintetizar o saber de forma a satisfazer o seu espírito, o sopro divino que o anima em busca das grandes belezas do infinito”.* Destaco, nas palavras de nosso primeiro reitor, a ideia de conciliação entre o saber científico e o cultural como um propósito basilar de uma Instituição de Ensino Superior, justamente para enfatizar nossa satisfação em apresentar esta publicação, que mostrará em suas páginas o estágio atual desta síntese, ao divulgar o que estamos fazendo em termos de ciência e arte.
Desde sua instalação no centro do estado, no começo da década de 60 do século passado, a UFSM tem sido reconhecida por sua inserção no mundo científico e cultural do nosso país, avançando as fronteiras do Cone Sul e buscando espaço nos grandes centros da América e da Europa. Sua vocação, por natureza – primeira universidade federal no interior do Brasil – tem sido a de exercer influência sobre o espaço geográfico e cultural em que atua. No já citado projeto inicial também consta esta meta: “Sobre as atividades a serem desenvolvidas, levando em conta a importância da Universidade no desenvolvimento do país – e especialmente da região de onde Santa Maria é o centro geo-educacional – terão prioridade, nos diferentes institutos, os assuntos que se referem ao desenvolvimento das riquezas dessa zona”.* A esta, inicialmente, dava-se o nome de DGE 37, mas se foram dilatando as suas fronteiras, em função das mudanças pelas quais o ensino superior público vem passando nestas últimas décadas. Hoje a marca UFSM é reconhecida por onde quer que se vá pelo Brasil, tanto na esfera acadêmica, quanto no meio político e cultural. Por isso a importância de um veículo impresso que registre o que se tem feito na área da pesquisa, da arte e da produção cultural.
Um dos primeiros efeitos da inserção de uma universidade federal aqui no coração do Rio Grande do Sul foi que, ainda em meados da década de 60, a cidade de Santa Maria ganhou o apelido ousado de “Cidade Cultura”. Tirando o ufanismo que essa denominação possa comportar, não lhe faz nenhum mal almejar tal designação. Prova disso são os diferentes e copiosos ciclos culturais por que passou o município desde então, com o florescimento do teatro, da projeção de artistas plásticos e músicos no cenário cultural gaúcho e brasileiro. Dos pioneiros do cinema em super 8, na década de 70, ao Festival de Vídeo e Cinema, na primeira década do Século XXI; da criação de uma Orquestra Sinfônica e um Coral Universitário ao Festival de Inverno, há emblemas significativos da importância da presença cultural e artística da UFSM a partir da região central do estado.
Aliados ao crescente número de pesquisadores que vêm se inserindo nos círculos científicos de todo mundo, esses dados indicam a necessidade de uma publicação como a que ora estamos apresentando ao público. É importante que fiquem registrados os raios luminosos que a academia é capaz de lançar ao seu redor, corroborando as palavras de nosso fundador:
Redação: Felipe Martins Muller, reitor da UFSM