Gala lírica (também chamada ópera gala) é uma modalidade de concerto que uma orquestra sinfônica pode realizar. Diferentemente de uma ópera, que é produzida de modo mais teatral, com presença de diversas vozes e cuidado com a montagem de cenário, figurino e iluminação, a gala lírica traz trechos cantados sem a encenação. O objetivo principal desse tipo de concerto é a apresentação de cantores que têm uma formação voltada para o canto lírico.
Entender as semelhanças do espetáculo com a ópera se faz importante para notar as especificidades de cada uma. Uma ópera reúne música e dramaturgia e sua origem enquanto arte moderna remonta ao século 16, na Itália. A obra “Dafne”, de Jacopo Peri e Ottavio Rinuccini, é conhecida como a primeira composição considerada uma ópera. No entanto, ela não resistiu ao tempo e teve fragmentos perdidos. A primeira ópera escrita e que se encontra preservada até a atualidade é “Eurídice”, de 1601, também produzida por Jacopo Peri, com contribuição de Giulio Caccini.
O barítono e professor do Departamento de Música da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Roberto Oliveira, destaca que, em uma gala lírica, o foco está na música. Os cantores entoam repertórios do canto operístico, como árias (canções entoadas por um determinado musicista para o público), duetos e conjuntos vocais de diferentes obras, geralmente aquelas consagradas ao longo dos anos. Assim, a gala lírica costuma trabalhar com a seleção e apresentação de trechos de diferentes óperas.
Outra característica que diferencia a gala lírica da ópera é a presença da orquestra no palco. Nas óperas, é comum que a orquestra fique no fosso (parte mais baixa no palco do teatro), uma vez que o palco é ocupado para a encenação. Já na gala lírica, a orquestra pode estar atrás dos cantores. Muitos espetáculos do tipo também contam com a presença de um coral, que acompanha os músicos.
O professor enfatiza a diferença de encenação existente entre a ópera e a gala lírica: “A gala lírica é a obra em concerto, enquanto que a ópera em si é uma montagem teatral de toda a obra com início, meio e fim. Podemos ter um pouco de encenação na gala lírica, mas não se compara à ópera”. Ou seja, a gala lírica tem foco na parte musical, enquanto a ópera une música e dramaturgia. Além disso, o professor ressalta que o termo ‘gala’ remete a um estilo de roupas específico, como o uso de ternos e vestidos longos, normalmente utilizados pelos integrantes do concerto.
No dia 30 deste mês, a UFSM comemora a reabertura do Centro de Convenções. Nessa data, ocorrerá a apresentação de uma gala lírica, com a presença da Orquestra Sinfônica de Santa Maria e cantores convidados, que estarão sob a regência do maestro Cláudio Ribeiro. O professor Roberto Oliveira, que também estará entre os convidados do evento, comentou sobre a importância da Orquestra Sinfônica para a região: “Nós temos aqui todos os naipes de instrumentos musicais que constituem a formação tradicional de uma orquestra sinfônica. Ela tem ganhado cada vez mais espaço dentro do cenário cultural aqui da região e a presença da população nos eventos é muito importante”, ressalta.
Apesar de se tratar de um evento cujo nome evoca o uso de vestimentas de gala, não é necessário utilizar esse determinado estilo de roupas para prestigiá-lo. Óperas, galas líricas e demais concertos ficaram muito tempo restritos a uma classe social com maior poder aquisitivo. No entanto, hoje esses eventos acontecem em um maior número de locais e por valores mais acessíveis. Espaços de fomento à cultura, como universidades, também se tornaram importantes pontos de acesso a esses espetáculos. Mais informações sobre o evento, atrações e como participar podem ser encontradas nas redes sociais da Orquestra Sinfônica.
Para saber mais:
Para se aprofundar acerca de diferentes concertos e espetáculos, torna-se interessante conhecer alguns termos, como a classificação das vozes, que se diferenciam entre as agudas e as mais graves. Para as vozes femininas, soprano é denominação dada à voz mais aguda, mezzo-soprano é a voz intermediária – um pouco mais grave que a soprano, já a contralto é a voz mais grave. Para as vozes masculinas, tenor é o nome dado à voz mais aguda, barítono é a voz intermediária entre o agudo e o grave e baixo é a voz com tonalidade mais grave.
Expediente:
Reportagem: Milene Eichelberger, acadêmica de Jornalismo e voluntária;
Design gráfico: Luiz Figueiró, acadêmico de Desenho Industrial e bolsista;
Mídia social: Eloíze Moraes, acadêmica de Jornalismo e bolsista; Rebeca Kroll, acadêmica de Jornalismo e voluntária; e Gustavo Salin Nuh, acadêmico de Jornalismo e voluntária;
Edição de Produção: Samara Wobeto, acadêmica de Jornalismo e bolsista;
Edição geral: Luciane Treulieb, Mariana Henriques e Maurício Dias, jornalistas.