Apesar de a pandemia do novo coronavírus ter completado um ano em março de 2021, ainda existem muitas dúvidas relacionadas ao vírus e à sua capacidade de transmissão. Além disso, a cada dia surgem novos questionamentos, o da vez é: “Posso ter Covid-19 novamente se eu seguir utilizando a mesma escova de dentes?”. A informação de que uma reinfecção é possível está circulando pelas redes sociais e divide opiniões, porém Fabrício Zanatta, professor e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Odontologia na UFSM, explica que a afirmação deve ser descartada. Zanatta afirma que os cremes dentais possuem em sua composição agentes detergentes, quimicamente muito semelhantes ao sabão usado para lavagem das mãos, eliminando a possibilidade de o vírus se manter ativo nas cerdas.
Não há evidências, também, que demonstrem que os protocolos de desinfecção das escovas irão prevenir a contaminação ou a recontaminação. Mesmo assim, pelo princípio da precaução, o professor sugere o seguinte protocolo:
Em caso de teste positivo, mantenha sua escova longe da escova de outras pessoas
Pessoas com o diagnóstico positivo do vírus devem se isolar e o mesmo deve ser feito com seus objetos pessoais. Segundo Fabrício, um estudo observacional conduzido pela BMC Oral Health durante quinze dias na Espanha – 15 a 30 de abril de 2020, quatro semanas após o início do confinamento no país – demonstrou que o compartilhamento do mesmo recipiente de armazenamento da escova e creme dental estão associados a uma maior probabilidade de transmissão do vírus.
A mesma pesquisa ainda mostrou que a troca da escova, após o ciclo ativo da doença, reduziu a probabilidade de transmissão. É fundamental que a escova do indivíduo contaminado seja isolada e que o protocolo de descontaminação seja adotado, sob a perspectiva de redução da probabilidade de transmissão do vírus para outras pessoas da casa, mas não da sua reinfecção.
Atenção! O vírus não vai embora com a escovação
Durante a fase ativa da doença, Fabrício explica que a cavidade bucal é uma fonte constante de SARS-CoV-2. Mesmo que se realize uma adequada higienização dos dentes e sejam seguidos todos os passos para a redução da carga viral, após alguns minutos, a boca será novamente colonizada pelo vírus – proveniente da respiração, das glândulas salivares que injetam constantemente saliva e das bolsas periodontais (caso o paciente seja portador de doença na gengiva). Portanto, para evitar a transmissão, “é fundamental o uso da máscara”, destaca o especialista.
No âmbito dos cuidados odontológicos, as medidas preventivas caseiras devem continuar a ser realizadas da melhor maneira possível – higiene dos dentes e língua, com escova dental e dentifrício fluoretado (pasta de dente com flúor em sua composição), não esquecendo a higienização entre os dentes com escovas interdentais ou fio dental –, assim como as visitas no dentista para as consultas de manutenção.
E, um passo essencial: Não compartilhe informações antes de avaliar sua veracidade. “Nesse cenário caótico, é fundamental que a população saiba avaliar em quem e no que confiar. De maneira indireta, essas questões corroboram muito para o contexto atual da pandemia. Precisamos de mais educação virtual, no sentido de não espalhar fake news sem checar, pois o avanço da nossa sociedade não depende somente de seus governantes, mas de esforços de todos os cidadãos”, aponta o professor.
Veredito final: Mito!
Não há possibilidade de uma reinfecção da Covid-19 caso você continue utilizando a mesma escova de dentes.
Expediente
Repórter: Eloíze Moraes, acadêmica de Jornalismo e bolsista
Ilustradora: Julia Dutra, acadêmica de Publicidade e Propaganda e bolsista
Mídia Social: Nathalia Pitol, acadêmica de Relações Públicas e bolsista, e Ana Ribeiro, acadêmica de Produção Editorial e voluntária
Edição de Produção: Esther Klein, acadêmica de Jornalismo e bolsista
Edição Geral: Luciane Treulieb e Maurício Dias, jornalistas