Como consequência da pandemia do novo coronavírus, escolas do país inteiro precisaram se adaptar ao ensino remoto para proteger a comunidade escolar. Os recursos didáticos tradicionais, como livros, lousa e atividades em grupo, foram substituídos por um novo modelo educacional apoiado em metodologias voltadas para o digital. Um estudo da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) mostrou que aproximadamente 92% dos municípios brasileiros utilizaram o aplicativo de mensagens WhatsApp como espaço para orientações de atividades didáticas durante 2020. O problema é que em cidades com mais de 100 mil habitantes, como é o caso de Santa Maria, 53% dos estudantes tiveram dificuldades no acesso à internet e, assim, podem ter deixado de ter acesso à educação.
Nesse contexto, o projeto UFSM em REDE com a Educação Básica, ou Rede Básica, atua na produção de materiais didático-curriculares que possam ser veiculados por canais de TV aberta e em emissoras de rádio para alcançar discentes do ensino básico que não tenham acesso aos ambientes virtuais. Além da Universidade, o projeto conta com financiamento do Ministério da Educação e parceria com a Secretaria de Educação do Estado do Rio Grande do Sul (SEDUC/RS). A professora Regina Bathelt, coordenadora do projeto, ressalta a importância da iniciativa: “Não basta nós oferecermos as plataformas e ferramentas digitais se as diferentes realidades dos nossos estudantes não permitem o acesso a elas. Nesse caso, o rádio é a ferramenta que pode garantir a equivalência de oportunidades”.
Professores habituados a trabalhar com metodologias de ensino presenciais precisaram se adaptar ao ensino a distância de maneira que a qualidade não fosse comprometida. Para essa adequação, a Universidade ofertou treinamentos e capacitações técnicas para os docentes e discentes bolsistas. Os participantes aprenderam técnicas de gravação de áudio e videoaulas com equipamentos próprios, como o celular e fones de ouvido comuns.
Deise Marzari, professora voluntária do projeto, lembra que chegou a se questionar sobre a dinâmica remota das ações, mas que foi surpreendida com as possibilidades de recursos do áudio: “Não estar frente ao aluno causou certo estranhamento, mas com o tempo percebemos a importância e a diferença que os recursos tecnológicos fazem. Mesmo distante, a gente sente que pode, sim, chegar até eles”.
O Rede Básica tem em seu planejamento o trabalho com 2200 horas em materiais didáticos. Regina Bathelt conta que as próximas gravações serão feitas com maior qualidade graças aos equipamentos de gravação disponibilizados pela Pró-Reitoria de Graduação (Prograd).
Conheça duas ações da primeira etapa do Rede Básica, quando a Secretaria de Educação de Santa Maria era uma das ´parceiras.
Preparação para o Enem
O programa Espaço Rede Básica, veiculado na Rádio Universidade AM e na UniFM, estreou com a apresentação de três edições com dicas de conteúdos para o Enem 2020. De maneira didática, professores dos colégios Politécnico e CTISM explicam e resolvem questões das diversas áreas de conhecimentos.
Promotores da leitura
Idealizado pela SMED antes da pandemia, o projeto funcionava em um ônibus adaptado que levava voluntários até as escolas para fazer leituras aos alunos. Agora, essa dinâmica precisou ser modificada para o formato de áudio, em que os professores contam histórias curtas para crianças. As leituras são veiculadas nas rádios UniFM e Universidade AM, através do programa Espaço Rede Básica. Além da capacitação técnica para o formato de rádio, os voluntários passaram por formação sobre princípios e valores que se propagam nas histórias infantis.
Expediente:
Reportagem: Luis Gustavo Santos, acadêmico de Jornalismo;
Ilustração e diagramação: Renata Costa, acadêmica de Produção Editorial
Conteúdo produzido para a 12ª edição impressa da Revista Arco (Dezembro 2021)
Texto atualizado em maio de 2022