O gladíolo, também chamado de palma-de-santa-rita, é uma planta constituída por folhas em forma de espada e belas flores de cores variadas que crescem ao longo de seu comprimento. A planta costuma florescer naturalmente durante as estações da primavera e do verão. Dessa forma, os produtores tinham o hábito de cultivar as flores somente para comercializar na época do feriado de Finados. Porém, uma nova ferramenta desenvolvida pelo grupo de pesquisa em Agrometeorologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) tem mudado essa realidade.
Em 2010, a equipe – através de experimentos de campo com diferentes cultivos de gladíolos em Santa Maria – forneceu os dados necessários para a calibração e validação do software PhenoGlad. Esse programa fornece uma previsão de quando será possível colher as flores, a partir do plantio e das condições ambientais, o que facilita o cultivo em mais vezes ao ano e auxilia o produtor a obter maior renda.
Na véspera do último Dia dos Namorados, o produtor Milton Cauzzo comercializou mais de 100 hastes florais para uma encomenda. A produção tem sido importante para agregar renda à família, que antes só produzia para o feriado de Finados. O grupo de Agrometeorologia auxilia a família Cauzzo no planejamento do plantio e também no acompanhamento da lavoura para melhorar o manejo e otimizar a produção.
O PhenoGlad é um modelo matemático que auxilia o produtor a melhor descrever o dia de ocorrência dos estágios de desenvolvimento das plantas, incluindo o ponto de colheita e alertas sobre danos nas folhas e nas hastes florais por altas e baixas temperaturas. Seu nome é uma união das palavras “Pheno” de “Fenologia” e “Glad” do nome científico do gladíolo: florGladiolus x grandiflorus.
Além do projeto de pesquisa, o grupo de Agrometeorologia também realiza atividades de extensão com os fornecedores locais. A equipe auxilia o produtor da lavoura comercial quando ele deseja cultivar gladíolo em épocas fora do maior pico de consumo, auxiliando na indicação da melhor data de plantio dos bulbos para que as hastes fiquem prontas a tempo de serem comercializadas nas datas desejadas.
Em 2017, o cultivo da flor tem sido expandido para cidades de Santa Catarina, como Concórdia, Curitibanos e Rio do Sul. Em Curitibanos, estão sendo desenvolvidos experimentos de campo na região serrana, onde foi verificado que há potencial para a produção de gladíolos. Esses experimentos contaram com a participação de extensionistas, produtores, pesquisadores e professores da região.
Conforme uma das integrantes da equipe, Lilian Osmari Uhlmann, estudante de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Agronomia da UFSM, o grupo pretende continuar divulgando a cultura do gladíolo a fim de aumentar o número de produtores interessados em diversificar sua propriedade e trabalhar com essa cultura. Além disso, estão em andamento dois trabalhos de doutorado que visam melhorar o software PhenoGlad. Essa atualização visa atender as demandas dos produtores de gladíolo, já que possibilitará uma simulação da qualidade das hastes florais da planta e também a inserção dos possíveis efeitos da deficiência hídrica no crescimento e desenvolvimento das flores.
O programa está disponível para download e foi desenvolvido por professores e estudantes de graduação e pós-graduação da UFSM, com coordenação do professor Nereu Augusto Streck, que atua no Departamento de Fitotecnia da Universidade. Além disso, há equipes compostas por professores e estudantes da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA – campus Itaqui), UFSM (campus Frederico Westphalen) e também da Universidade Federal de Santa Catarina (campus Curitibanos) que colaboraram com a condução de experimentos e coleta de dados usados na validação do modelo.
Repórter: Gabriela Pagel
Infográfico: Giana Bonilla, com informações da equipe PhenoGlad
Fotos: PhenoGlad