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Literatura Cartonera

Capas de papelão são transformadas em arte e transformam livros em objetos únicos e acessíveis



Através de cores vivas, desenhos, colagens, pinturas e o que a criatividade permitir no momento. O livro feito tradicionalmente se reinventa. No lugar de grandes máquinas produzindo em série, com capas padronizadas, em Santa Maria, um novo conceito se expande: o livro artesanal e exclusivo.

Utilizando o papelão como principal matéria-prima para a confecção de capas, a Editora Vento Norte Cartonero, iniciou suas atividades no fim de 2014. O lançamento aconteceu no dia em 2014 no Vaca Profana, no centro de Santa Maria.  Na ocasião, foram vendidos 58 livros, número considerado expressivo e comemorado pelos editores. “Se fala muito que o pessoal não gosta de ler, mas eu acho que há um potencial para colocar livros deste tipo em circulação. entramos muito com a sedução visual, o livro chama a atenção. E é uma maneira de colocar (em circulação) o material literário para que o pessoal comece a ler”, comenta o Professor Fernando Villarraga, do Departamento de Letras Vernáculas da UFSM, um dos idealizadores da Editora Vento Norte.

As três primeiras obras da Vento Norte Cartonero, são Xorok Kopox, do autor Zuca Sardan, considerado o pai da poesia marginal  dos anos 70 e que já teve obras lançadas pelas maiores editoras do país, como a Companhia das Letras. Além das obras E Agora José?, de autoria do Professor Fernando Villarraga eInterferências, do autor Bruno Brum.

A Editora procura ser autossustentável, ou seja, todo o lucro da venda dos livros retorna exclusivamente para a produção de novas edições. O que é arrecadado, é utilizado nas despesas com a gráfica e com os materiais para colorir as capas. Dessa maneira, não se obtém lucro com as publicações, mas mais recursos para a confecção de novas edições. “Somos um projeto independente, de autogestão, o que implica que não temos, nem vínculos e nem recebemos apoio institucional”, afirma o professor Villarraga.

OFICINAS

O miolo do livro continua confeccionado da maneira tradicional, e é impresso pela gráfica Espaço Gráfico, parceira da Editora desde o início de suas atividades. Já as capas, que é o diferencial das editoras cartoneras, são produzidas em papelão, colorido conforme a criatividade de cada um, por isso são exclusivas. Para a produção delas, são organizados mutirões por voluntários.

Uma das ações realizadas pelo grupo são oficinas ministradas em escolas públicas de Santa Maria. Segundo o professor Fernando Villarraga, é importante “mostrar aos meninos como se faz livros e desmistificar que livro é um objeto muito distante da sua realidade. E introduzir o aspecto lúdico do fazer.”

LITERATURA ALTERNATIVA

O papelão virou capa de livros em solo argentino. Em 2003, a Argentina vivia um período crítico economicamente. No Barrio de La Boca, em Buenos Aires, foi criada a Editora Eloisa Cartonera, com o intuito de produzir livros de baixo custo. Os integrantes entraram em contato com a cooperativa de catadores local, afim de reciclar papelão e utilizar como alternativa para as capas dos livros, todas produzidas de maneira artesanal e manualmente. A ideia foi difundida, e atualmente, a editora tem mais de 200 títulos de autores consagrados e estreantes. O professor Fernando teve contato com o trabalho da Editora argentina, e em algum momento começou a pensar em montar um espaço semelhante à Eloisa Cartonera, porém em Santa Maria. “Uma cartonera para abrir um espaço de divulgação de autores da cidade e de outros que colaborassem com o projeto, e foi assim que nasceu em setembro de 2013, a Maria Papelão Editora.”, comenta Fernando. A Maria Papelão Editora, foi a primeira Editora criada na cidade com a ideia de difundir o conceito cartonero de utilizar papelão para a confecção das capas e serviu de inspiração para a Vento Norte Cartonero.

PLURALIDADE DE CONTEÚDOS

O projeto está aberto a receber propostas de textos literários e outras linguagens artísticas. Segundo a mestranda Luiza Casanova, todo o tipo de publicação é aceita, “Seja de moradores de rua até escritores. A editora cartonera é isso, um espaço aberto para a pluralidade. O nosso sentido não é fazer dinheiro, nós não concorremos com o mercado, nós criamos um espaço paralelo ao mercado.”

A Editora busca integrar todo o tipo de trabalho que incentive os novos autores a publicarem, por isso, não há uma linha editorial definida. São publicados poemas, narrativas, crônicas, ensaios. “Somos um projeto aberto para propostas, se a gente receber materiais, a gente analisa se vale a pena publicar”, finaliza Villarraga.

 

Contato

Editora Vento Norte Cartonero

Facebook – https://www.facebook.com/ventonortecartonero?fref=ts

Repórteres: Jéssica Ribeiro e Kelem Duarte
Imagens: Editora Vento Norte

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