As pessoas que passam pela rodovia que liga Santa Maria a São João do Polêsine nem imaginam que perto das plantações foi descoberto um dos mais antigos dinossauros do mundo: o Buriolestes schulzi. O pesquisador Rodrigo Temp Muller, técnico em paleontologia do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia/Universidade Federal de Santa Maria (CAPPA-UFSM), contribuiu para a descrição do primeiro espécime encontrado, o que no meio científico é chamado de holótipo. Além disso, em seu doutorado o paleontólogo busca entender como se deu a origem e irradiação dos dinossauros pertencentes ao grupo Sauropodomorpha, grupo ao qual o animal descoberto pertence.
O animal foi batizado em homenagem ao paleontólogo Cézar Schultz e também à família Buriol, donos das terras em que o fóssil foi encontrado. Segundo Rodrigo, o animal é um dos primeiros a aparecer na escala evolutiva do grupo Sauropodomorpha. Atualmente, o pesquisador está aprofundando a descrição da espécie através da análise de outro fóssil coletado perto de onde o primeiro foi achado. “A gente nunca sabe o que vai encontrar, mas conhecemos os sítios que têm material onde esperamos achar mais [fósseis]. No caso dos dinossauros primitivos é difícil, mas nunca temos certeza do que vamos encontrar” – nos conta o paleontólogo.
Essa descoberta trouxe novidades, como o fato do Buriolestes schultzi ser carnívoro, o que o distingue de outros animais do mesmo grupo, que são herbívoros. Ao nos mostrar o crânio do espécime, o pesquisador conta como é possível inferir, a partir da dentição, a alimentação do animal. “Os dentes são curvos, voltados para trás na forma de um punhal e eles têm serrilhas, que formam um ângulo reto em relação ao eixo do dente. Se pegarmos um outro animal do mesmo grupo, ele não vai ter esses dentes curvos para trás. Vai ter um dente reto e a serrilha vai formar um ângulo oblíquo, esse tipo de dente é mais específico para comer planta mesmo”, detalha Rodrigo.
Do primeiro espécime, os pesquisadores não puderam recuperar o crânio completo, nem pescoço, mas a cauda se preservou. O novo fóssil tem quase todo o esqueleto axial, que são as vértebras e costelas. Juntando os dois é possível ter uma noção mais completa de como o animal era inteiro. Por estimativas, o Buriolestes schultzi teria aproximadamente um metro e meio de comprimento.
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Repórter: Luan Romero
Foto: Rafael Happke