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Cuidado infantil

Estudo da UFSM demonstra práticas corriqueiras na automedicação de crianças




 

A gente vai ao médico e [ele] dá as medicações. Aí, tu já tem o remédio em casa, vê que [a criança] está com cólica, dá [o medicamento e] não precisa ir ao médico de novo”, disse uma das cuidadoras familiares entrevistadas pela estudante Kassiely Klein em sua pesquisa sobre práticas de automedicação de crianças. Kassiely é enfermeira formada pela UFSM em Palmeira das Missões e seu projeto de conclusão de curso, defendido em 2016, ganha continuidade a partir dos trabalhos do Programa Interdisciplinar de Extensão Viva Criança, coordenado pela professora Neila Santini de Souza.

A automedicação é um tema pouco estudado na perspectiva da enfermagem. Kassiely uniu a relevância do tema a uma vontade pessoal mais antiga de trabalhar com crianças. A população infantil é considerada mais vulnerável à automedicação, visto que “a utilização de medicamentos em crianças é [em grande parte] baseada em derivação de fórmulas para adultos, não levando em consideração as diferenças entre crianças e submetendo-as aos riscos de eficácia não comprovada e de efeitos colaterais não avaliados”, explica a enfermeira.

 

A pesquisa de Kassiely foi realizada com 15 familiares de crianças com idades entre zero e cinco anos, e ressaltou a importância da atuação de equipes interdisciplinares em enfermagem, de modo que possam “intervir, assistir e cuidar dessa demanda, a fim de minimizar os riscos pelas intoxicações e estimular a automedicação segura”, reitera.

 

Dentre os principais resultados das entrevistas realizadas pela enfermeira está o fato de que, na maioria das vezes, a automedicação acontece por responsabilidade da mãe (60%). Além disso, a prática da automedicação já aconteceu com 80% das pessoas responsáveis pelo cuidado familiar (como avós, babás e outras figuras do círculo social da criança). Mais da metade dos casos de automedicação acontece quando as crianças apresentam gripe ou resfriado (53,33%). Em segundo lugar, dor de garganta e tosse (46,66%). Casos de automedicação também acontecem quando as crianças apresentam vômito, dor de cabeça ou cólica (13,33%), entre outras causas.

 

Segundo Kassiely, “a automedicação é uma possibilidade de minimizar os sinais e sintomas que a criança apresenta, bem como uma praticidade em questões de tempo e pela falta de acesso, pois algumas vezes não há profissional para o atendimento imediato, o que faz com que o familiar busque outras formas de cuidar da criança”.

 

As cuidadoras apontaram para uma sucessão de práticas de automedicação na criança:

 

 

Localizada no bairro Fátima, em Palmeira das Missões, a Escola Municipal de Ensino Infantil Criança Feliz conta com uma estrutura de 28 funcionários, que dá conta do atendimento de 150 crianças, que são atendidas nos turnos da manhã e da tarde. As crianças são divididas nas turmas berçário A e B, maternal A e B, Pré A e B. A maioria das famílias participantes do estudo são de classe média baixa, com pouca escolaridade, nas quais a mãe desempenha papel principal no cuidado familiar. Kassiely aproveitou a proximidade que já tinha com a escola, através das atividades práticas de uma disciplina da graduação em Enfermagem, para a realização de sua pesquisa. “Os educadores se mostraram muito interessados em participar de atividades nas quais os pais e os professores também pudessem ser mobilizados”, relata.

 

Automedicação segura

 

O estudo ocorreu em duas etapas, com a aplicação de questionários sobre práticas de automedicação e, num segundo momento, conversas em grupos com os participantes da pesquisa. Através dos encontros foi possível a promoção de momentos de educação em saúde dos participantes e troca de experiências entre eles. “Este é um compromisso do pesquisador ao utilizar este tipo de método, além de mediar as discussões e a produção de conhecimento em grupo”, ressalta Kassiely.

           

Os resultados permitiram elencar um conjunto de novas estratégias para a promoção do cuidado e prevenção de problemas relacionados à automedicação. Os resultados confirmaram que a prática da automedicação é muito frequente, ainda mais se considerada a realidade ocidental. “O profissional de enfermagem deve atuar no sentido de esclarecer sobre a importância da automedicação segura, a fim de minimizar riscos pelas intoxicações medicamentosas em crianças [e promover práticas de] orientações junto a crianças, adolescentes e famílias”, reitera Kassiely.

 

Créditos: Germano Molardi
Foto: Rafael Happke
Ilustrações: Nicolle Sartor

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