Desde o descobrimento do Brasil, a Mata Atlântica teve 87,5% de sua área original desmatada, tendo hoje somente 12,5% de área remanescente, considerando as áreas de floresta nativa acima de três hectares, segundo dados da ONG SOS Mata Atlântica. Mesmo com a lei que regulamenta a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, o atlas dos remanescentes florestais elaborado pela ONG em parceria com o Inpe aponta que o desmatamento na Mata Atlântica no período de 2014-2015 aumentou em 1%, no Brasil, com relação ao biênio anterior.
Apesar do desmatamento, pesquisas apontam um equilíbrio de áreas desmatadas. O último relatório de monitoramento do desmatamento da Mata Atlântica em áreas de plantio de tabaco no Rio Grande do Sul foi divulgado no final de 2016. O estudo, coordenado pelo professor Rudiney Soares Pereira, do curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), demonstra que o equilíbrio na dinâmica da cobertura florestal se mantém, já que os percentuais de desmatamento e expansão florestal são menores do que 1% .
“Percebe-se abandono de áreas no Bloco 2 que remetem para o maior índice de expansão das florestas nativas em comparação ao Bloco 1. O Bloco 1 evidencia 41,88% de cobertura com floresta nativa e 1,49% de floresta plantada, ao passo que no Bloco 2 esses índices são de 37,49% e 0,58%, respectivamente. Quanto à dinâmica da cobertura florestal nos dois blocos entre os anos de 2013 a 2016, os resultados indicam desmatamento de 0,75% e expansão florestal de 0,59% no Bloco 1, enquanto no Bloco 2 estes índices são de 0,18% e 0,32%, respectivamente”, conclui Pereira.
Dessa forma, segundo os pesquisadores, é possível inferir que as áreas anteriormente usadas para a produção agrícola e pecuária estão sendo abandonadas para que a vegetação nativa se regenere, enquanto novas áreas são desmatadas. O mapeamento foi realizado usando dados coletados pelos satélites RapidEye. Para ver quais cidades pertencem a cada bloco, clique no ícone localizado no canto superior à esquerda do mapa abaixo.
O projeto de monitoramento existe desde 2011, quando um acordo para a preservação da Mata Atlântica foi assinado pelo Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), a Afubra (Associação dos Fumicultores do Brasil), o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e o Ministério do Meio Ambiente. Naquele ano, algumas áreas começaram a ser monitoradas por meio da parceria entre a UFSM e o SindiTabaco.
Repórter: Luan Romero
Foto: Clube Trekking Santa Maria, disponível em Wikipedia – Creative Commons – Atribuição 2.0 Genérica.