Através de experimentações artísticas em diferentes mídias, como vídeos, pinturas e poesias, com ênfase para as vídeo-projeções, Muriel Paraboni criou a exposição “Terra”, ocorrida no mês de setembro na sala Cláudio Carriconde, na UFSM. Essa foi a primeira exposição individual de Muriel, que é mestrando em Artes Visuais na Universidade Federal de Santa Maria, na linha de pesquisa Arte e Tecnologia, sob orientação da professora Andreia Oliveira.
O objetivo do projeto de Muriel é construir uma obra de vídeo-instalação a partir da temática ‘paisagem’, ou seja, “instalar” uma paisagem em ambiente fechado usando projeções em vídeo. As instalações são ambientes que unem distintas mídias de forma a criar ambientes de experiência dos sentidos.
Segundo Andreia, orientadora de Muriel, a paisagem é um tema relevante na pesquisa dele, mas não somente a representação desta- é muito mais a vivência proporcionada. “Nesse sentido, vem a necessidade do áudio no processo de instalar a paisagem nesse espaço. Essa questão de experienciar, de entrar, de percorrer a paisagem não é só uma experiência visual, é uma experiência corporal”, explica Andreia.
A revista Arco conversou com Muriel sobre o processo de criação da exposição “Terra”, confira a seguir:
Por que o nome Terra?
É uma referência mais filosófica do que artística ao Robert Smithson, um artista dos anos 1970 que pensava a terra como um processo da imaginação. Ele fez essa relação entre os processos da terra e os processos do nosso pensamento, como a terra desmorona e se transforma, tal qual os pensamentos. Quando me refiro à terra eu me refiro a nós como todos os elementos naturais que estão também no nosso corpo, no nosso olhar, no nosso mundo afetivo emocional, mas que também podem ser vistos na natureza.
O que te motivou a fazer essa exposição?
O principal foi o desejo de fazer a minha primeira exposição individual. Além de uma necessidade como artista, também era o momento de ver como funcionariam as obras do mestrado naquele espaço, e como as pessoas iam reagir. Esse momento foi muito importante para as obras e acho que muitas vão amadurecer a partir disso.
Por que escolheu expor em diferentes mídias?
As características da paisagem, de modo geral, são basicamente a montanha, o lago e a linha do horizonte, que não mudam. O interesse aqui é tentar re-apresentar essa paisagem de outras formas e proporcionar uma experiência em que as pessoas na exposição possam enxergar essa paisagem de formas diferentes. A ênfase não é tanto na variedade das formas, mas em uma variedade de como olhamos e experienciamos essas formas.
São jeitos diferentes de abordar, pensar e materializar o raciocínio que continua o mesmo, mas olhamos para a obra de um jeito diferente, de modo que a experiência muda. A terra ali está colocada com uma intensidade, uma certa agressividade de uma terra que não é tão ingênua e boazinha como essa que a gente pisa, mas é uma terra que se move, que desaba.
Qual a participação do áudio no conjunto da obra?
Cada elemento atrai a atenção do público de um certo modo e exige uma sensibilidade diferente para poder experienciar e compreender o que está acontecendo. A pesquisa está expandindo para explorar um nível de riqueza também no áudio, que tem uma intensidade diferente das imagens.
Por que essa exposição é relevante para a pesquisa?
Esse momento é muito importante para ver a diferença entre ter os projetos e produzir as imagens, entre colocar essas imagens expostas e ver o que as pessoas fazem com aquilo, e elas têm feito coisas muito surpreendentes, como sentar lá e se “banhar” na projeção da cachoeira. Elas estão se apropriando desse espaço e eu começo a pensar que é legal seguir por esse caminho. A exposição é muito importante, é a oportunidade de montar uma prévia do trabalho em processo, para a gente poder avaliar os caminhos que ainda podemos seguir.
Confira algumas fotos feitas na exposição
Reportagem: Aline Witt
Fotografias: Rafael Happke