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IMGnation Studios

Empresa vinculada à UFSM é uma das pioneiras no desenvolvimento de jogos em realidade virtual no Brasil



Localizada em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, a IMGnation Studios é uma das empresas pioneiras no desenvolvimento de games em realidade virtual no Brasil. O grupo é vinculado à Agência de Inovação e Transferência de Tecnologia (AGITTEC) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

 

Ainda que não tenha surgido com esse objetivo, a partir de 2011 o foco da empresa concentrou-se no desenvolvimento de games. O pioneirismo no uso de tecnologias imersivas rende à IMGnation Studios diversas oportunidades. Em 2015, a empresa foi selecionada para o Game Founders, um programa voltado para a aceleração e mentoria para o mercado de desenvolvimento de jogos digitais. O programa foi originalmente criado na Estônia, mas atualmente está estabelecido em Kuala Lumpur, na Malásia.

 

Quatro integrantes da equipe IMGnation passaram três meses no país desenvolvendo a ideia inicial de um jogo, que está em construção e tem previsão de lançamento para a metade de 2017. Na Malásia, eles participaram de 67 mentorias específicas de áreas que iam desde marketing e vendas até direito e legislação, além de palestras e workshops.  O grupo voltou ao Brasil em novembro de 2015 e, em seguida,  foi indicado para uma aceleradora* focada em realidade virtual no Vale do Silício, Estados Unidos, onde conheceram mais de 150 investidores.

 

Em julho de 2016, a equipe da IMGnation participou também do primeiro evento de realidade virtual do Brasil, o BR VR, que reuniu as empresas e grupos nacionais que produzem esta tecnologia. Foi uma primeira tentativa de aproximar os adeptos que, no país, se espalham em áreas como jogos, publicidade e televisão. A ideia é que, a partir deste ano, outros eventos deste tipo sejam organizados no país.

 

 

Jogos de realidade virtual

A realidade virtual, para a IMGnation, apareceu por acidente. Em 2014, a empresa recebeu um e-mail da Samsung, com a proposta de trabalhar em um projeto secreto – um jogo para a novidade da empresa, Gear Vear – o óculos de realidade virtual. Desde então, a empresa santa-mariense tornou-se um dos grupos do país a desenvolver jogos adaptados para este tipo de tecnologia.

 

Orlando Fonseca Junior é o único dos primeiros sócios que ainda dirige a IMGnation, junto com o administrador Maurício Schnneider. Para ele, esta mudança de foco da empresa, apesar de bastante expressiva, mantém muitas características do trabalho que o grupo realizava, porque os métodos e processos são praticamente os mesmos. Algumas coisas, porém, precisaram ser reaprendidas: “num jogo de videogame normal, você tem as informações na tela, e isso não funciona em realidade virtual. Em realidade virtual, você está imerso, mas ainda é você o responsável por fazer jogo continuar”, explica.

 

Segundo Fonseca, a construção de um jogo é demorada. O primeiro passo são os brainstorms (tempestade de ideias, em inglês), quando a equipe decide as ideias em que vai trabalhar. Depois das ideias vem uma extensa pesquisa de possibilidades e, em seguida, todos precisam tentar “minar a ideia”, ou seja, criticar o projeto. Se, ainda assim, ele sobreviver, será tocado adiante.

 

A fase seguinte é o desenvolvimento do protótipo, quando “o jogo precisa funcionar com o mínimo possível”. Para um jogo de corrida, por exemplo: “ao invés de desperdiçar um mês modelando um carro perfeito e fazendo toda a pintura, usamos uma caixa 3D no programa, e o jogo tem que funcionar. Se só com a caixa e uma pista o jogo não funcionar, ele não vai ser divertido quando forem colocados os gráficos desenvolvidos”, explica Fonseca.

 

Para entender melhor a imersão digital

A realidade virtual é uma tecnologia que utiliza efeitos sonoros, visuais e táteis para “enganar” os sentidos e, consequentemente, o sistema neurológico humano. O cérebro acredita que aquele cenário é verdadeiro e o corpo é capaz de reagir a estímulos em função dessa nova realidade. O usuário precisa vestir dispositivos – geralmente um óculos de realidade virtual – para criar um ambiente virtual, em que as pessoas podem imergir e interagir com o cenário. Neste tipo de tecnologia, a realidade que pode ser vista é forjada, não existe no mundo físico, por isso o nome “virtual”.

 

Diferente da realidade virtual, a realidade aumentada se utiliza do espaço real para inserir elementos virtuais, proporcionando uma mistura entre o mundo virtual e o mundo físico. Também são necessários dispositivos, mas não há a sensação de imersão, porque existe uma sobreposição de imagens, textos, vídeos, modelos 3D e outras possibilidades em relação ao que podemos chamar de mundo físico.

 

Além dos games, os principais usos da realidade virtual, atualmente, concentram-se em áreas como saúde, educação, simulação e treinamentos militares e de trânsito. Fonseca acredita que as empresas que trabalham com jogos em realidade virtual vão encontrar um mercado propício também nestas outras áreas, já que vão estar preparados pra trabalhar com essa tecnologia.

 

O fenômeno da realidade virtual ainda é muito recente e, como conta Fonseca, “traz uma coisa muito legal, que é o fato de ninguém ter as respostas, então todo mundo pode errar sem problema porque, se ninguém tem as respostas, só vamos aprender fazendo”. Resta, então, esperar os próximos erros – ou as próximas viagens que a realidade virtual pode proporcionar.

Reportagem: Paola Dias e Kauane Müller
Fotografia: Rafael Happke
Infográficos: Nicolle Sartor

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