Ir para o conteúdo Revista Arco Ir para o menu Revista Arco Ir para a busca no site Revista Arco Ir para o rodapé Revista Arco
  • International
  • Acessibilidade
  • Sítios da UFSM
  • Área restrita

Aviso de Conectividade Saber Mais

Início do conteúdo

Scripta manent, verba volant

Você sabe a origem da escrita?



“A escrita fica, as palavras voam”, tradução do título acima, é um provérbio clássico que, apesar do significado que comumente lhe é dado, foi cunhado como um elogio à palavra dita em voz alta, que tem asas para voar, ao contrário da palavra escrita, que está morta. Anteriormente vinculados tão somente à palavra oral, os seres humanos dependiam totalmente de sua própria memória para preservar a história, conhecimentos e sabedoria até então desenvolvidos. A escrita forneceu uma memória externa, para além do tempo e espaço da pessoa que originalmente formulou o pensamento. Alguns pensadores, como Sócrates, viram a escrita com maus olhos, afirmando que o verdadeiro conhecimento reside na memória. Outros afirmaram que a escrita possibilita um embasamento no conhecimento reunido por outras pessoas, o que aumenta a riqueza de seus próprios conhecimentos. Assim, como afirma Aristóteles, as letras foram “inventadas para que possamos conversar até mesmo com o ausente”.

 Obra de Mira Schendel, artista plástica suíça radicada no Brasil, considerada um dos expoentes da arte contemporânea brasileira.

Alguns cientistas afirmam que um dos principais aspectos que diferenciam os seres humanos dos outros animais é o acúmulo de cultura. Alguns grupos, em determinadas espécies, até possuem cultura, dependendo da definição dada ao termo. Um grupo de macacos japoneses da ilha de Koshima, por exemplo, adquiriu o hábito de lavar suas batatas antes de comê-las. Um dia, invés de simplesmente levar à boca as batatas deixadas pelos cientistas que a observavam, a macaca Imo as mergulhou na água antes de comê-las. Mais tarde, aperfeiçoou a técnica para retirar a sujeira mais aderida e acabou passando o comportamento, que veio a se tornar habitual, a outros macacos do grupo. Entretanto, ao contrário das outras espécies, o ser humano seria o único capaz de acumular cultura. Uma das ferramentas desenvolvidas pelos humanos que possibilitaram, intensificaram ou facilitaram esse acúmulo foi a escrita.

Mas o homem não se contentou apenas em expressar as palavras num suporte através de traços e signos gráficos. Desenvolveu a comunicação através de imagens e criou a arte. E no percurso da História da Arte podemos notar o caminho do ser humano rumo à abstração. Mesmo contando com vários movimentos, estilos e escolas, pode-se perceber uma transição de um realismo quase absoluto até um abstracionismo completo, cujo significado não reside meramente na realidade material do nosso mundo físico.

E isso, por incrível que pareça, pode ser diretamente relacionado à capacidade racional do ser humano. Outro aspecto tido como uma das grandes diferenças entre o homem e os outros animais é, justamente, a razão; a possibilidade de não somente optar por não seguir seus instintos mais primitivos, mas, além disso, pensar, perceber e analisar a sua própria realidade, a sua própria condição. Entender, racionalizar, dar sentido a si mesmo e ao mundo: este é o início da Filosofia, da Arte, da Ciência e da própria comunicação. E as diferentes teorias, os diferentes estilos, os diferentes pensamentos vêm da forma de expressar essa realidade e esta situação percebida.

 O

E temos a História. Temos as nossas narrativas que nos dizem o que aconteceu e, consequentemente, quem nós somos. “Aqueles que não conhecem a História estão condenados a repeti-la”, frase atribuída ao filósofo irlandês Edmund Burke, indica que racionalizamos e buscamos sentido em tudo, inclusive em nossa própria trajetória no tempo, enquanto espécie. A escrita nos possibilitou o armazenamento dos conhecimentos filosóficos, históricos, artísticos, científicos. A escrita possibilitou o surgimento da História como conhecemos; possibilitou o surgimento do mundo como conhecemos.

A Arco te convida a mergulhar em busca dos relatos de um sonho humano antigo: a preservação do conhecimento. Das bibliotecas e peregrinos ao compartilhamento em tempo real, nas próximas semanas contaremos, em capítulos, um pouco sobre os desafios da construção da Sociedade da Informação e do Conhecimento.

Texto: Matheus Santi
Imagens: Reprodução | Museus do Rio

Divulgue este conteúdo:
https://ufsm.br/r-601-347

Publicações Relacionadas

Publicações Recentes