Uma grande novidade para as mães de primeira viagem é a amamentação. Surgem muitas dúvidas sobre esse tema, como, por exemplo, qual a melhor posição para amamentar o bebê ou qual a cor do leite materno. Essas questões normalmente seriam respondidas apenas em uma consulta a um médico, mas um aplicativo criado pelo enfermeiro e mestrando em Ensino da Saúde da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Alexandre Rodrigues Mendonça, tem o objetivo de sanar as dúvidas das mães.
Durante a sua residência em Neonatologia, em 2013, Mendonça percebeu que muitas instruções eram dadas às mães de bebês internados na UTI e que nem sempre elas seguiam as recomendações quando voltavam para casa com as crianças, onde não tinham mais o “amparo que o hospital e a unidade de internação proporcionavam. Aquelas mães mantinham contato com os residentes por meio de mídias sociais, acabavam tirando dúvidas e confirmando condutas que realizavam com seu bebê”, conta o enfermeiro.
O aplicativo, chamado iMom foi lançado em 1º de dezembro de 2015 e, até dia 23 de junho de 2016, tinha 2.131 usuários. O objetivo do aplicativo, de acordo com Mendonça, é “atuar como um objeto de disseminação de informação em saúde e servir como instrumento de promoção e proteção do aleitamento materno”. Também daria sequência à comunicação dos profissionais da saúde com as mães, para que recebam as melhores orientações sobre amamentação. Alexandre conseguiu apoio de colegas, que também trabalham na maternidade, que passaram a colaborar no suporte do aplicativo. “Após a disseminação da proposta no hospital onde trabalho, outros profissionais que trabalham com aleitamento materno se dispuseram a contribuir com a proposta, logo montamos o chamado ‘Corpo consultivo’ do iMOm”, disse ele.
O aplicativo está disponível para download na App Store, da Apple, e no Google Play, para Android. Após baixar, a pessoa deve realizar um cadastro, com nome, email e telefone. Então, pode ter acesso ao aplicativo, que tem um layout simples e de fácil acesso, como mostrado na foto abaixo.
Ao clicar em “corpo técnico”, a pessoa tem acesso ao grupo de pesquisadores que desenvolve no aplicativo. Em “pesquisar temas”, surgem diversas opções e postagens sobre diferentes temáticas da amamentação.
Alexandre conta com a ajuda de mais sete pessoas de diversas áreas da saúde*, além de seu orientador de mestrado, o pesquisador Antonio Sales. O enfermeiro explica como foi feita a escolha dos temas, que começou com uma pesquisa teórica sobre os principais motivos do desmame precoce de crianças. Com base nessas informações, a equipe elaborou textos explicativos, que também consideravam as experiências profissionais de cada um.
“Depois, elaboramos tópicos específicos descrevendo cada ação: desde a ordenha até como armazenar o leite para doação. Além disso, conforme as dúvidas vão surgindo nas abas interativas do aplicativo, vamos alimentando um banco de dados e formulando textos de acordo com a demanda”, conta Mendonça.
Na opção “Pesquisar Temas”, o usuário também pode indicar dúvidas e sugestões que serão analisadas e podem ser respondidas pelos especialistas. Além disso, as mães também podem interagir umas com as outras, para relatarem experiências pessoais e falar com um dos profissionais da equipe do IMom para sanar dúvidas.
Mendonça, que finaliza a dissertação em julho de 2016, afirma que durante o mestrado procurou descrever as fases de desenvolvimento do sistema, além das fragilidades e potencialidades da utilização de um aplicativo de celular como instrumento de ensino em saúde. “A pesquisa termina com resultados ótimos de aceitação e comprova as hipóteses testadas, principalmente sobre os temas mais pesquisados e que geram dúvidas”, relata Mendonça. O pesquisador pretende, após defender a dissertação, fazer o doutorado para dar sequência à pesquisa e, assim, contatar usuárias e questionar sobre o impacto do aplicativo para resolver os problemas enfrentados na gestação, parto e nascimento.
Reportagem: Laura Lis Boessio e Marina Fortes
Infográficos: Vitória Rorato