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A cultura da comida

Pesquisa aponta que os hábitos alimentares também são construídos por laços culturais e sociais



Se você acha que a alimentação está apenas relacionada com a absorção de nutrientes, é hora de rever seus conceitos. Além de fonte de vitaminas ou proteínas, os alimentos também integram parte das nossas representações sobre quem somos, são parte da constituição da nossa identidade cultural. Não é à toa que falamos de uma culinária japonesa, italiana ou francesa. A história de cada lugar é formada pelas relações entre a sociedade, a cultura e a alimentação. Uma das áreas de pesquisa interessada nessa relação é a Antropologia, que busca compreender a relação cultural que as pessoas estabelecem entre si através da comida, e pode mesmo apontar semelhanças e diferenças culturais de certos grupos por meio da alimentação.

Segundo a pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da Universidade do Extremo Sul Catarinense, Viviane Kraieski de Assunção, identificar uma comida é também identificar o seu lugar específico. Para Assunção, o sistema culinário ordena o mundo de uma forma diferente e permite distinguir e classificar os elementos nos quais consiste a alimentação. O antropólogo estadunidense Sidney Mintz concorda com essa ideia. Para ele, “comer é ainda uma atividade rotineira que assume uma posição central no aprendizado social, e pode ser reveladora da cultura em que cada um está inserido”.

No Brasil, Gilberto Freyre e Câmara Cascudo, pioneiros nos estudos sobre alimentação, defenderam a tese de que os alimentos são elemento constitutivo da identidade nacional e de identidades regionais. A comida é reconhecida como um dos marcadores que diferenciam grupos no contexto da migração, desde os italianos em São Paulo e no Rio Grande do Sul, aos portugueses em Santa Catarina, ou mesmo os holandeses no Nordeste, entre outros exemplo. A culinária regional deixa mais visível um processo de construção de fronteiras étnicas. Como exemplo temos a feijoada: originalmente conhecida como “comida de escravos”, e convertida, a partir dos anos 1930, em “alimento nacional”, ela representa essa mestiçagem associada à ideia de nacionalidade, considerada hoje uma representação simbólica do brasileiro.

Mas mais do que nos diferenciar, a comida também é um elemento de coesão social. Isso acontece, por exemplo, quando alguém deixa o país de origem e precisa se adaptar às dinâmicas culturais de um outro povo. Em sua pesquisa de campo, Viviane realizou entrevistas com imigrantes de diferentes regiões do Brasil que atualmente moram nos Estados Unidos, e relata que o processo de adaptação às novas comidas e à cultura local é lento, e varia de pessoa para pessoa.

Os brasileiros entrevistados moram na região de Boston, no Estado de Massachusetts, e têm idades variando de 22 a 65 anos. A pesquisadora conta que muitos se adaptam aos gostos e costumes da nova cultura, e outros procuram restaurantes e bares de seu país de origem, ou até mesmo cozinham a própria comida, com o intuito de se sentir mais em casa. O estoque de erva-mate, as encomendas de feijão ou frutas típicas, são exemplos dessa necessidade de, mesmo longe, manter os vínculos culturais com seu local de origem. E por mais parecido que sejam os hábitos do novo país, sempre há algum choque cultural.

A revista Arco conversou com brasileiros que já tiveram essa experiência, e eles nos contam suas histórias:

Reportagem: Jessica Loss e Luiza Tavares
Infográficos: Nicolle Sartor

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