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Churrasco e um bom chimarrão

A produção e os benefícios da erva-mate e o seu uso na produção de carne



O Rio Grande do Sul é responsável por cerca de 60% da produção industrial nacional de erva-mate. O estado possui cinco polos ervateiros: Planalto Missões, Alto Uruguai, Nordeste Gaúcho, Vale e Alto Taquari. Eles representam a maior produção de erva-mate brasileira, seguidos de estados como Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, que, nas últimas três décadas, têm se destacado no mercado.

No Rio Grande do Sul, as folhas desidratadas da erva-mate são, em sua maioria, reservadas à preparação do chimarrão, uma forte tradição do estado. Mas pensar que a erva-mate é usada só para o preparo do chimarrão é subestimar o poder dessa erva no preparo de outros produtos. Para além do mate (expressão popular para designar o chimarrão), muitos empresários já perceberam o grande potencial das folhas verdes na fabricação de outros itens, como refrigerantes, doces, cosméticos e mesmo medicamentos.

Atualmente, até bebidas energéticas são feitas a partir da erva. Um desses energéticos é produzido em Santa Maria – a empresa BrasilBev lançou recentemente um energético à base de açaí, erva-mate e guaraná orgânicos, a primeira bebida energética orgânica no mercado brasileiro.  O produto já é exportado para diversos países como Chile, Estados Unidos, Canadá, Inglaterra e Japão.

A erva-mate passou a ser usada também na alimentação dos bois, para deixar a carne mais macia e durável. É o que apontam as pesquisas da Universidade de São Paulo (USP) coordenadas pelo professor de Química, Daniel Rodrigues Cardoso. Para isso, pequenas quantidades de extrato da erva foram acrescentadas nas rações dos bovinos e indicaram um aumento significativo em seu metabolismo, o que ampliou o tempo de validade da carne e produziu um crescimento no número de moléculas benéficas para o consumidor.

O médico especialista em nutriendocrinologia, Victor Sorrentino, de Porto Alegre, explica que, por ser rica em complexo B, a erva-mate traz benefícios especialmente à glândula adrenal (modeladora de estresse). E mais, a boa concentração de ácido pantotênico (vitamina B5), que é fundamental para o funcionamento adrenal, provoca dois efeitos aparentemente antagônicos mas interessantes: por um lado poderia prejudicar a adrenal através da cafeína (quando em excesso ou em exaustão da glândula), mas, por outro, ajuda a tratá-la. Victor destaca que também foi encontrado flúor na composição da erva-mate, e, com isso, atenta para a cautela no seu consumo. O doutor destaca, nas suas redes sociais, os perigos da ingestão de flúor em excesso: “é prejudicial à tireoide, pele, estômago, próstata e cérebro, portanto o excesso de erva-mate também é inadequado”. Dessa forma, pode-se aproveitar o tradicionalismo de forma moderada- sem exageros e buscando produtos de boa procedência.

Reportagem: Jéssica Loss e Luíza Tavares
Infográficos: Vitória Rorato

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