Há mais de 50 anos de sua criação e de mais de uma década estacionadas no mercado, as fitas cassete estão de volta e com versão renovada. A ideia de montar um estúdio de gravação de fitas cassete vem dos sócios Fernando Lauletta e Luis Lopes que pretendem inaugurar até a metade desse ano a primeira fábrica de fitas cassete do Brasil. O estúdio FlapC4, que estará localizado na rua Treze de Maio em São Paulo, promete um ambiente cheio de aparatos antigos, além de oferecer masterização, gravações de fitas cassetes com alta qualidade e ter como novo projeto a possível duplicação das fitas também. Em Santa Maria, existem muitos apaixonados pelo mercado da música e suas formas de reprodução, assim como Fernando e Luis e que, além de colecionar algumas fitas, também se dedicam ao vinis originados na mesma época no Brasil.
Márcio Grings, colecionador de LP’s, jornalista e músico de Santa Maria, cresceu nos anos 80 e comprou discos antes mesmo de comprar cds, e, para ele, até hoje o formato definitivo para empacotar música é o vinil, principalmente pela qualidade sonora. A sua ordem de preferência é, em primeiro lugar, os LP’s, segundo, os CD’s, seguido, então das fitas cassete e, por último, o modelo MP3. Segundo o músico, “O cassete foi lançado na época pra se ouvir música no carro. Só que hoje, atualmente, existem dezenas de formas de se ouvir música no carro. Ou seja, no caso do cassete, esse relançamento é puro fetichismo pop. Mas acho bacana, é um produto físico.”
Na época do surgimento das fitas cassete, o mercado era dominado pelo vinil que se originou por volta dos anos 1894 e se expandiu primeiramente na Europa até atingir os outros países. O vinil consolidou-se no mercado por a partir da década de 1940, em que o LP substituiu o antigo formato em goma-laca, que era mais pesado e tocava músicas em apenas um lado do disco. O LP, por ter um material mais leve, pode ser gravado dos dois lados. Em 1963, surgiram as fitas como uma nova alternativa no âmbito musical. Chamaram a atenção pelo fácil transporte, por ser pequena e pela possibilidade de voltar a música por meio da rebobinagem, além de possibilitar uma gravação de até 30 minutos de cada lado. Esse mecanismo facilitou o processo de gravação de músicas tocadas na rádio, além do uso pelas de bandas de garagem na gravação de suas composições. Assim, se popularizou nos anos 90, com o surgimento dos walkmans (aparelhos portáteis que tocavam fitas cassetes).
São Paulo também será palco de uma nova fábrica de Vinil que será inaugurada entre abril e julho desse ano na Barra Funda, Zona oeste da capital Paulista. Para os proprietários da FlapC4, a fábrica de vinis representa um concorrente forte, já que o produto não deixou de ser procurado no mercado brasileiro. Porém, eles não desanimam com criação da fábrica de fitas cassetes, já que é uma ideia ainda não explorada no Brasil e pelas fitas terem um preço mais acessível.
Márcio diz que “Na verdade, o lance do vinil nunca acabou, foi mercadológico, tentaram nos colocar guela abaixo o CD, como se fosse uma maravilha. E hoje sabemos que não é. Só olhar os programas musicais nos Estados Unidos. Os artistas sempre levam LPs, e não CDs.”
O vinil, o CD, o mp3 e outras mídias digitais e as fitas cassetes têm características qualitativas diferentes e individualizadas. Assim, Lauletta explica que se bem gravado e conservado o material, as fitas cassetes acompanham a qualidade sonora do CD. Para uma boa qualidade com cassete, basta um eficiente aparelho, e o estúdio está pronto para gravar e trabalhar com material bom, investindo em uma série de aparelhos e equipamentos brasileiros e estrangeiros.
Reportagem: Jéssica Loss e Luiza Tavres
Infográfico: Nicolle Sartor