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Um problema circular

Diferentes fatores influenciam na segurança da travessia de pedestres em rotatórias



49 milhões. Este é o número de carros no Brasil em 2015, segundo o Departamento Nacional de Trânsito. Em 10 anos, a frota brasileira de veículos quase dobrou: eram 26 milhões em 2005. Para suportar toda esta quantidade de veículos, as rotatórias têm sido cada vez mais utilizadas. Rotatórias funcionam como um cruzamento com um grande canteiro central, onde os carros podem circular por ele em maior número e com maior segurança. Mas essa segurança é voltada apenas para veículos motorizados, pois as rotatórias são de difícil travessia para os pedestres.

       

Um estudo realizado pelos pesquisadores Johnny de Souza e Archimedes Raia Jr., ambos da Universidade Federal de São Carlos, teve como objetivo analisar dez diferentes rotatórias no interior do estado de São Paulo, para tentar entender que fatores influenciam na segurança da travessia de pedestres nesses cruzamentos. Segundo a pesquisa, as rotatórias induziriam os cidadãos a atravessarem de maneira inadequada e se exporem a perigos, sendo que, para a maioria dos especialistas em trânsito, os pedestres deveriam ser o primeiro fator considerado nos projetos de via pública.

       

A análise partiu de dois pontos de vista: a da relação do pedestre com as vias de travessia e a do espaço urbano com a rotatória. A partir da monitoração de rotatórias, se percebeu que 51% dos pedestres de São José do Rio Preto (SP) e 67% dos pedestres de São Carlos (SP) atravessavam a rotatória em locais de grande perigo. Os próprios órgãos responsáveis pela organização das vias já assumem esse risco na sua prática. Segundo os pesquisadores da Universidade de Coimbra Álvaro Seco e Ana Silva, quando uma área possui grande circulação de pedestres, isso se torna um motivo para não se instalar uma rotatória no local.

O professor Carlos Felix, do Departamento da Universidade Federal de Santa Maria, e estudioso do trânsito, ressalta a importância das rotatórias para o tráfego: “O benefício de uma rotatória, no que tange essencialmente à segurança de tráfego, é que, pela sua forma, geometria e sinalização, aliada ao estreitamento da via, induz o motorista a diminuir a velocidade do veículo. Suas formas e condições de operação também ajudam a diminuir os chamados ‘pontos de conflito’, áreas de prováveis colisões em um cruzamento”. Porém, o professor lembra que as rotatórias só devem ser usadas em locais que concentrem até mil veículos por hora, tornando-se mais adequado utilizar semáforos onde essa frequência é ultrapassada.

Para Carlos Felix “ficou explícito que a implantação dos dispositivos está sendo realizada, aparentemente, sem um estudo aprofundado sobre o traçado das vias existentes, além da falta de infraestrutura voltada ao pedestre”. Sua opinião está em sintonia com a conclusão da pesquisa realizada pela UFSCar, que associou os riscos na travessia de pedestres a, basicamente, três pontos principais: a má localização da faixa de pedestres, a falta de conscientização destes quanto aos locais apropriados para travessia e a falta de barreiras que a impeçam. A maneira apressada de construção de rotatórias e as condições a que elas submetem os pedestres, aparentemente, seguirão assim enquanto a circulação motorizada for considerada prioridade.

Reportagem: Mateus Martins de Albuquerque e Willian Boessio
Infográficos: Vitória Rorato
Foto de capa: Rafael Hapke

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