Você já pensou em usar um calçado vegano? Calma, à primeira vista este conceito pode parecer um pouco estranho. Pelo que lemos e ouvimos por aí é comum relacionar o veganismo apenas com a alimentação, mas o significado vai além. De acordo com a instituição The Vegan Society, que deu visibilidade ao termo, veganismo é um estilo de vida que busca excluir, na medida do possível, todas as formas de exploração e de crueldade com os animais, seja para alimentação, vestuário e qualquer outra finalidade. Alinhadas a este conceito, Pamela Magpali e Barbara Mattivy criaram a InsectaShoes, uma empresa especializada em produzir calçados veganos, sem material de origem animal e feitos com a reutilização de roupas usadas.
Pamela já tinha uma marca de sapatos e trabalhava com excedentes da indústria nos seus calçados. Foi numa visita ao brechó de Barbara, preocupado com noções como pós-consumo, que a ideia da coleção apareceu. A inspiração principal do conceito, ecológico e inovador, foi uma peça com estampa de araras que estava separada pra conserto. “A Pamela viu o tecido e sugeriu que transformássemos tudo em sapato. Fizemos essa primeira collab entre as marcas e deu super certo”, conta Barbara.
15 meses depois do lançamento da marca surgiu a parceria com Laura Madalosso, a terceira sócia, que trouxe na bagagem sua experiência com o mercado da moda nas lojas Renner. A marca tem como principal objetivo o reaproveitamento. E os diversos tecidos, escolhidos em brechós do Brasil e do exterior, dão vida a botas, sandálias e oxfords veganos únicos, com linhas dedicadas inclusive para crianças, tudo completamente artesanal.
Transformando roupa em calçado
Os calçados podem ser comprados pelo site da marca, ou na primeira loja física, aberta em abril deste 2015 no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre. O preço dos calçados veganos varia de R$160 a R$ 260. As criadoras da marca justificam que o preço não é somente associado ao material utilizado, mas também ao grande trabalho para a produção. Além do “garimpo” das peças em brechós, a equipe também importa muitas das peças de tecido que servirão para a confecção dos calçados – isso para garantir não só a qualidade, mas também a variedade de estampas. São várias pessoas envolvidas no processo de produção, desde o garimpo da peça até o desmanche, dublagem do tecido, compra de materiais.
Barbara explica que o sapato é todo montado a mão, de forma artesanal e em baixa escala, o que justifica o custo. “Lógico que se você comparar com qualquer sapato que é feito em larga escala, aquele vai custar bem mais barato. Além de ser menos trabalhoso, quando se produz em quantidade se consegue matéria-prima com um custo mais baixo, mas a maioria desses casos não possuem uma cadeia sustentável ou prezam por valores éticos como nós”, lembra a empresária.
A inovação é demanda constante no mercado que a InsectaShoes ajuda a criar no Brasil. UMa das propostas da marca é investir em “uma linha escalável, feita com tecido reciclado de garrafa pet que serão estampados com nossa estamparia própria, a base d’água”, explica Barbara. Com a abertura de uma loja física, a InsectaShoes está pensando em uma logística para que os tecidos utilizados na confecção dos calçados possam vir também através de doações. A sócia ainda destaca o sentimento de produzir um calçado que carrega um conceito de respeito à natureza. “É super gratificante, sem dúvida. Mas o mais gratificante é ver que cada vez mais as pessoas estão valorizando iniciativas como a nossa.”
Se você quiser saber mais ainda sobre a InsectaShoes e os atibutos da a marca, é só acessar o blog produzido pela própria equipe. Nele há dicas sobre ecologia, sustentabilidade, veganismo, música e até viagens. Também é possível seguir a marca no Instagram e ficar por dentro das novidades.
Confira também uma animação da marca sobre a produção dos calçados.
Repórteres: Dafne Lopes e Giulia Pozzobon
Imagens: Insecta Shoes