O processo de envelhecimento pode ser encarado de diversas formas. A busca por manter corpo e mente ativos é uma prática cada vez mais frequente por pessoas da terceira idade. Não se trata apenas de passar por uma fase da vida, mas viver com qualidade.
No Colégio Centenário, em Santa Maria, um projeto de extensão da Faculdade Metodista de Santa Maria (FAMES) oportuniza a essa faixa etária possibilidades de aprendizado e redescobertas. A “Escola para Adultos” oferece à adultos com idade superior aos 45 anos, atividades que contemplam os aspectos físico, cognitivo e social.
O projeto existe há 19 anos, quando era vinculado a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Na época, intitulado “Centenário Comunidade: uma escola para todas as idades”, era voltado para ex-professores e ex-alunos do Colégio Centenário. Com a criação da FAMES, o projeto passou a integrar o programa da Faculdade e começou a atender a comunidade em geral.
“Não basta ter apenas mais tempo de vida, a gente precisa ter qualidade de vida para poder viver mais esses anos.”
Tatiana Trevisan – Coordenadora
A coordenadora do projeto, Professora Tatiana Trevisan, explica que o objetivo da Escola para Adultos é a atualização de conhecimentos, visto que a maioria dos alunos está afastado dos estudos há bastante tempo. Integrante do projeto desde 1998, Tatiana destaca a influência positiva e os benefícios da Escola observados na vida dos alunos: “os alunos dificilmente tem patologias severas depois que vêm pra cá, porque desenvolvem o aspecto cognitivo, social, físico e começam a estar bem, em sintonia com coisas novas”.
Por tratar de um público diferenciado, a Escola também oferece a possibilidade de atualização para os professores e acadêmicos envolvidos no projeto. O grupo se divide em duas turmas, com aproximadamente 50 alunos cada. Ao todo são dez disciplinas: Espanhol, Artes, Musculação, Informática I e II, Cine-Cultura, Filosofia Jurídica, Pilates Solo, História do Teatro e a Sociedade, Controle postural e Coral.
“El tiempo es algo que pasa mientras nosotros estamos distraídos haciendo otra cosa…”
Roberto Fontanarrosa
Márcia Abelin Borges, professora de espanhol, leciona na Escola há 4 anos e conta que dar aulas para esse público é um momento de renovação. No turno da manhã, Márcia trabalha com turmas de adolescentes do ensino médio e à tarde com os alunos da Escola para Adultos. As diferenças entre as duas turmas vão muito além da idade e experiência de vida. Ao preparar as aulas, Marcia leva em conta, principalmente, o interesse dos alunos, e destaca: “É muito mais fácil ensinar quem quer aprender.” Além disso, enquanto o adolescente encara a escola como obrigação, os alunos da terceira idade vêem como uma “fonte de vida”, conta a professora.
O convite para lecionar para adultos, em principio, intimidou Márcia. A professora explica que encarou o desafio de dar aulas para um público diferente, e também para a sua mãe, que fazia parte da turma, de maneira receosa. No entanto, a receptividade e curiosidade dos alunos fez com que Márcia passasse por uma nova fase profissional: “Eu redescobri o encantamento pelo ensinar, eles me reacenderam a chama do gostar de aula. Eu estava desencantada e comecei a trabalhar com eles, que têm uma vivacidade e um interesse tremendo.”
Repórteres: Kelem Freitas Duarte e Jéssica Ribeiro
Fotos: Joelison Freitas