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Paleontologia e o desenvolvimento do potencial turístico

Com um território fossilífero vasto, a região central do Rio Grande do Sul ainda necessita de investimentos e reconhecimento para desenvolver o turismo paleontológico



O estudo dos fósseis permite compreendermos a evolução dos seres vivos com o passar dos anos. Na região central do Rio Grande do Sul, alguns municípios têm um vasto acervo fossilífero, porém ainda há pouca valorização e divulgação desse potencial paleontológico como uma forma de impulsionar o turismo nessa região.

Santa Maria, como outras cidades da região, é importante nesse processo de descobertas e pesquisas na área da paleontologia. A Rota Paleontológica ilustra a importância dessas cidades. Criada em 2003, a Rota tem extensão de 300 quilômetros e abrange as cidades situadas entre Candelária e São Vicente do Sul. Dessas cidades, as que mais se destacam são Santa Maria, São Pedro do Sul, Mata, Candelária e São João do Polêsine, que têm museus como a principal forma de resgatar esse passado da região, mas carecem de investimentos para a divulgação de sua história (veja mapa na página seguinte).

Investimentos para fomentar o turismo

Para impulsionar o turismo, atividades recreativas, culturais e gastronômicas são segmentos atrativos para chamar a atenção dos visitantes. A pesquisadora mestre em Patrimônio Cultural pela UFSM Carmen Lorenci realizou sua dissertação sobre a temática de preservação do patrimônio geopaleontológico da região, sob orientação do professor Átila Stock da Rosa, do Departamento de Geociências da UFSM. Ela ressalta a necessidade de investimentos para fomentar o turismo paleontológico em Santa Maria, como em outras regiões: “Apesar de a região ter potencial para esse desenvolvimento, os municípios ainda estão despreparados”. A pesquisadora ainda relata que é preciso promover mais eventos sobre a paleontologia, como oficinas dentro de laboratórios, palestras, etc. Mas, para isso, é importante ter uma parceria entre público e privado. “Economicamente o turismo traz mais benefícios se ele for um turismo planejado”, afirma Carmen.

No Brasil, a paleontologia ainda é uma área em desenvolvimento, pois não há um curso de graduação diretamente relacionado a esse ramo. Para Carmen, isso era um problema para o país no momento que os fósseis, quando encontrados, eram levados para outros lugares. “Até a inserção das universidades no Brasil, esse patrimônio foi levado embora. Por isso, perdemos os primeiros achados na região. Os estrangeiros vinham, escavavam e levavam embora”.

Outro ponto que a pesquisadora salienta é a importância de ter uma estrutura e profissionais adequados para trabalhar com a paleontologia. “Há muito patrimônio cultural e histórico a ser explorado; porém, muitas vezes há falta de museólogos, profissionais para cuidar e preservar os acervos”. Para Carmen, as pessoas precisam conhecer a história local e, nesse contexto, os estudos deveriam ter um papel fundamental nesse processo. “Os primeiros achados do período Triássico, esse patrimônio encontrado há 200 milhões de anos, começaram nessa região e ainda há poucos investimentos financeiros e incentivos a pesquisas relacionados a isso”.

Para Norma Martini Moesch, secretária de turismo de Santa Maria até dezembro de 2016, os custos para investir em grandes projetos voltados para essa área são altos: “Quando começamos as ações deste governo [do prefeito Cezar Schirmer, finalizado em 2016], fizemos um estudo para implantar um grande parque temático com áreas de pesquisa, estudo, lazer e entretenimento. Porém, percebemos que o recurso para implantar o projeto era multiplicado por cem, mais do que a prefeitura tinha para gastar”. A atual gestão municipal, do prefeito Jorge Pozzobom, foi consultada pela revista Arco, mas informou ainda não ter dados sobre o assunto, pois a definição orçamentária só ocorreria em abril de 2017.

Iniciativas de divulgação da paleontologia na região

Em 1997, o cartunista Byrata e o economista Abdon Barretto Filho criaram o projeto Dinotchê. No início dos anos 2000, ambos começaram a trabalhar nesse projeto temático na Vila Belga, em Santa Maria, com o intuito de resgatar o período Triássico através de leituras e apresentações em painéis ilustrativos, com a utilização de efeitos sonoros e luminosos.

Para Byrata, o trabalho realizado despertava o interesse de muitas pessoas pelos dinossauros. No entanto, pela falta de recursos financeiros, não foi possível dar continuidade ao projeto. “Tínhamos algum apoio financeiro de investidores e comerciantes, mas não foi o suficiente para custear as despesas e manter o projeto ativo”. Apesar disso, Byrata relembra: “Essas atividades culturais que realizamos foram muito prazerosas, pois tivemos resultados bastante significativos e positivos da população”.

Outra ação realizada foi a campanha “Santa Maria e Região na Copa do Mundo 2014”, na qual a prefeitura de Santa Maria, em parceria com os municípios de Mata, São João do Polêsine e São Pedro do Sul, viu a oportunidade de criar um roteiro diferenciado para divulgar a paleontologia da região. Para atrair os turistas que vinham de outros estados e até de outros países para a Copa do Mundo, uma das estratégias foi a distribuição de folders com versões em português, inglês e espanhol. A exposição “Conhecendo os fósseis do Triássico” foi das ações desenvolvidas no período para mostrar os fósseis de dinossauros encontrados por arqueólogos no município e região e, além disso, caules de árvores petrificados, da cidade de Mata. A mostra aconteceu em um shopping de Santa Maria.

Projetos do CAPPA

O Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica (Cappa) é um órgão que apoia o estudo em Paleontologia na região da Quarta Colônia. Nesse Centro, que faz parte do quadro de unidades da UFSM e é coordenado pelo professor do Departamento de Ecologia e Evolução Sérgio Dias da Silva, existe toda uma estrutura para que professores, alunos, pesquisadores e profissionais desenvolvam seus estudos. Além desse público, o Cappa recebe constantemente visitas de escolas, com alunos de todas as idades, para participar de palestras, compreender a história da paleontologia na região e ainda conhecer os fósseis da Quarta Colônia.

Dentre os projetos para a ampliação do espaço no Cappa, está a construção de um auditório para receber mais de 200 pessoas, unidades museológicas para exposição do material científico, uma cafeteria para atender os visitantes, alojamentos para abrigar paleontólogos, estudantes e o público em geral em suas visitas e atividades de campo na Quarta Colônia. No entanto, para a expansão dos setores no Cappa são necessários recursos do Governo Federal, que ainda estão em negociação com o Consórcio de Desenvolvimento Sustentável da Quarta Colônia (Condesus).

 

Rota Paleontológica no Rio Grande do Sul:

 

Possui grandes depósitos de árvores fossilizadas formando um importante centro da Paleobotânica.

Foram encontrados os primeiros registros paleontológicos do RS.

Foi encontrado o maior número de fósseis de dinossauros que habitaram no período Triássico.

Estão as maiores reservas de fósseis vegetais do planeta.

Localiza-se o Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica (Cappa), em que estão as últimas descobertas de fósseis achados na Quarta Colônia.

Repórter:  Luciane Volpatto Rodrigues e Guilherme Denardin Gabbi

Ilustração e Diagramação: Evandro Bertol

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