Quem passa pela PoliFeira do Agricultor na Avenida Roraima, em Camobi, nas terças-feiras pela manhã, encontra estampada em uma das tendas uma bandeira nas cores amarelo, azul e vermelho. É a bandeira da Venezuela. No expositor, arepas, empanadas e tequeños, lanches preparados à base de farinha de milho com recheio de proteínas como carnes, queijo e doces. Os sabores típicos da cultura venezuelana compõem a variedade de produtos disponíveis na PoliFeira.
![Colagem horizontal e colorida em tons de amarelo, azul e vermelho. No centro da imagem, em preto e branco, homem de sobrancelhas grossas e escuras, usa touca e máscaras pretas; veste camiseta clara e avental claro. Na frente do homem, dois recortes de taqueños: à esquerda, dois taqueños abertos, e na direita, uma mão com luva de plástico segura seis taqueños. Na frente dos taqueños, um círculo com pontas. Atrás, uma bandeira da Venezuela e uma listra ondulada azul. Há três logomarcas da MilhoPão espalhadas pela colegem. O fundo é branco, com textura de papel amassado.](https://www.ufsm.br/app/uploads/sites/601/2022/01/capa-1024x668.jpg)
Milhopão é o nome do negócio criado pelo casal venezuelano Maximiliano Escalona e Nayibel Garcia, estudantes de pós-graduação na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Ele, doutorando no Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia dos Alimentos; ela, mestranda no Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural.
Ambos são engenheiros industriais formados na Venezuela. Em 2012, Maximiliano chegou a Santa Maria pela primeira vez para fazer mestrado e, após a conclusão, voltou para seu país. Segundo ele, havia a intenção de retornar ao coração do Rio Grande e, em 2017, surgiu a oportunidade de realizar o doutorado também na UFSM, a partir de um edital específico para estrangeiros, e ele veio. Um ano depois, a esposa e seus três filhos também chegaram ao Brasil.
![Fotografia horizontal e colorida de um feirante em uma feira de rua. Ele tem pele escura, rosto angular, sobrancelhas grossas e na cor preta, olhos escuros. Usa uma touca preta e uma máscara preta com o símbolo da Polifeira. Veste uma camiseta e avental verdes, com "Polifeira" em branco. Usa uma luva de plástico nas mãos. Com a mão direita, segura uma porção de taqueños, típico salgado frito da Venezuela, em formato de cilindro. Ao fundo, estrutura de metal e telhado branco de uma tenda. Ao fundo, em desfoque, detalhes de árvores e da rua.](https://www.ufsm.br/app/uploads/sites/601/2022/01/2-Maximiliano-1024x683.jpg)
Com a família toda no Brasil e com a chegada da pandemia, em 2020, eles sentiram a necessidade de encontrar uma fonte de renda que contribuísse para as suas demandas econômicas. Passaram a produzir as comidas em casa, de forma artesanal, e vender por tele-entrega. Recentemente, tiveram a oportunidade de se tornarem expositores na PoliFeira da UFSM, bem como de outras feiras populares da cidade, como o Feirão Colonial.
A receptividade aos produtos tem sido boa. Na percepção de Maximiliano, isso se deve ao interesse dos brasileiros em conhecer novos sabores e, para isso, o espaço proporcionado pela feira é muito importante para promover experiências culinárias. “A gente percebe que as pessoas ficam mais interessadas quando você explica pra elas o que é cada coisa que colocamos para venda”, explica.
O trabalho que realizam vai muito além de vender, pois ao apresentar os sabores também estão compartilhando sua cultura, história e tradição. É o que confirma Geórgea Quevedo que, após experimentar as empanadas pela primeira vez, se tornou cliente. “Eu nunca tinha provado, mas amei. Eles têm opções bem diferentes”, comenta. Para ela, a PoliFeira se diferencia justamente pela diversidade cultural que apresenta por meio dos produtos oferecidos pelos feirantes.
Conforme Gustavo Pinto da Silva, coordenador da PoliFeira, o projeto tem a intenção de promover a ampla participação da comunidade e também trazer novos significados para as experiências alimentares. A MilhoPão cumpre com esses elementos: “Eles trazem uma riqueza pra feira que tem a ver com a diversidade cultural da Venezuela”, afirma Gustavo. O edital pelo qual ingressaram na PoliFeira é destinado a estudantes da UFSM e busca oferecer um espaço de fortalecimento ao empreendedorismo entre os alunos.
Maximiliano explica que manter o negócio tem sido um desafio já que, além da produção e venda, eles também têm o compromisso com os estudos e atenção com a família. Ainda assim, destaca que há planos de ampliação da produção para o futuro.
No momento, os produtos oferecidos são as arepas, empanadas e tequeños de sabores variados. São refeições versáteis da culinária venezuelana e podem ser consumidas tanto no café da manhã, como no almoço ou no jantar.
Arepas: Discos feitos de farinha de milho branco ou amarelo. Podem ser fritas ou assadas com recheio salgado.
![Fotografia quadrada e colorida de uma arepa sendo montada. No centro, um salgado circular frito, aberto ao meio, é recheado com carne.](https://www.ufsm.br/app/uploads/sites/601/2022/01/3-Arepas-1.jpg)
Empanadas: Pastel em formato de meia lua, feito de farinha de milho branco ou amarelo. São fritas e crocantes, com recheio salgado.
![Fotografia quadrada e colorida de empanadas, tipo de salgado típico venezuelano parecido com um pastel.](https://www.ufsm.br/app/uploads/sites/601/2022/01/empanada.jpg)
Tequeños: “Dedinhos” enrolados feitos com farinha de trigo. São fritos e com recheios variados, doce ou salgado.
![Fotografia quadrada e colorida de taqueños, salgados típicos venezuelanos, fritos e em formato circular. A mão de um homem segura uma porção de taqueños.](https://www.ufsm.br/app/uploads/sites/601/2022/01/4-tequenos-1.jpg)
As comidas estão disponíveis na banca da Milhopão na PoliFeira, que ocorre todas as terças, das 7h às 12h30, na Avenida Roraima. Também é possível realizar encomendas dos alimentos prontos ou congelados para preparar em casa pelo telefone (55) 99704-2016 ou pelo perfil no Instagram.
Expediente
Reportagem: Caroline de Souza, acadêmica de Jornalismo e voluntária
Fotografias: Luís Gustavo Santos, acadêmico de Jornalismo e voluntário
Design gráfico e Tratamento de imagem: Ana Carolina Cipriani, acadêmica de Desenho Industrial e voluntária
Mídia Social: Eloíze Moraes, acadêmica de Jornalismo e bolsista; Caroline de Souza, acadêmica de Jornalismo e voluntária; Alice Santos, acadêmica de Jornalismo e voluntária; Rebeca Kroll, acadêmica de Jornalismo e voluntária; e Martina Pozzebon, acadêmica de Jornalismo e estagiária
Edição de Produção: Samara Wobeto, acadêmica de Jornalismo e bolsista
Edição Geral: Luciane Treulieb e Maurício Dias, jornalistas