Ir para o conteúdo Revista Arco Ir para o menu Revista Arco Ir para a busca no site Revista Arco Ir para o rodapé Revista Arco
  • International
  • Acessibilidade
  • Sítios da UFSM
  • Área restrita

Aviso de Conectividade Saber Mais

Início do conteúdo

Marianinho, meu pai

Por Eugênia Mariano da Rocha Barichello*



Professora Eugênia, ainda bebê, ao lado do pai e fundador da UFSM. Foto: arquivo pessoal Eugênia Barichello
Professora Eugênia, ainda bebê, ao lado do pai e fundador da UFSM. Foto: arquivo pessoal Eugênia Barichello

José Mariano da Rocha Filho, médico, professor, educador, líder do movimento pela interiorização da educação superior no Brasil, criador da Universidade Federal de Santa Maria, e, por acaso, meu pai. Acaso, esse, que agradeço todos os dias a Deus, pois conviver com meu pai foi e continua sendo uma dádiva.

Minhas primeiras lembranças, ainda na infância, eram as brincadeiras. Entre elas uma pequena canção: Serra que serra Martinho com a serra, eu com a gaita, tu com a serra faremos dinheiro como terra, roc… roc… roc… roc… E, durante a música, nós (pai e filha), de mãos dadas, fazíamos o movimento de serrar algo. A cantiga do folclore A Velha a Fiar era utilizada por ele nos passeios e viagens de carro para distrair os filhos; a estratégia utilizada era cada um dos filhos dizer um pedaço do verso e, assim, manter-nos envolvidos por longos períodos.

Os passeios para visitar as obras da UFSM eram um caso à parte. Durante o percurso, de ida e de volta, ele nos contava histórias sobre a formação geológica de Santa Maria, brincava com o formato dos morros e discorria sobre os dinossauros que aqui viveram. Quando chegávamos ao campus da UFSM, os filhos, especialmente o Francisco e eu, saíamos para caminhar no barro e procurar ossos de dinossauros, enquanto ele despachava.

Aprendi com meu pai muitos mitos, desde os gregos, como o de Prometeu, que roubou o fogo do Olimpo para dar inteligência aos homens, até os nossos mitos gaúchos, como Sepé Tiarajú.

Se fosse possível descrever José Mariano da Rocha Filho, diria que era uma pessoa excepcional, ímpar. Palavras para defini-lo: generosidade, obstinação, persistência e fé. Uma fé que poderia ser traduzida como coragem. Ele foi um visionário, um inovador; foi um trabalhador corajoso e incansável, que imprimiu essas qualidades à cultura da UFSM. O pioneirismo é uma dessas características e está presente em inúmeros empreendimentos que se desdobram nas ações atuais e inovadoras da Universidade.

Meu pai costumava dizer que havia riscado a palavra “impossível” do dicionário. Para algumas pessoas, e até para mim, como filha, era difícil entender essa ousadia. É difícil entender alguém que não tenha apenas questionamentos, mas que também tenha a solução para os mesmos.

Na adolescência, por volta dos 14 anos, comecei a chamá-lo pelo nome, com um diminutivo carinhoso, de Marianinho, fato que ele aprovou; mas, nas cartas e bilhetes endereçados para mim, continuou a assinar como o Pai. Eu utilizava Marianinho como tratamento nas conversas que entabulávamos na biblioteca ou no jardim e, em troca, era chamada carinhosamente de Guriazinha.

*Eugenia Mariano da Rocha Barichello coordena o Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFSM.

Para celebrar os 60 anos da UFSM, a partir desta semana relembramos os textos apresentados na editoria Recordações da edição impressa. Começamos com as memórias da professora Eugenia Barichello. Ela homenageia o pai, José Mariano da Rocha Filho, e conta como se veem refletidos os traços da personalidade dele na Universidade que ele fundou.

Divulgue este conteúdo:
https://ufsm.br/r-601-1609

Publicações Relacionadas

Publicações Recentes