Ouça esta reportagem:
A TauraBots, equipe de futebol de robôs humanoides da UFSM, ganhou mais um integrante: o robô Dimitri. O novo androide é o primeiro a ser financiado por meio de cooperação internacional entre a UFSM e um laboratório da Korea Advanced Institute of Science and Technology (KAIST), da Coreia do Sul. Dimitri tem auxiliado em pesquisas na área da robótica cognitiva, que utiliza uma linguagem de programação baseada no raciocínio lógico.
A parceria foi iniciada a partir de um encontro entre o professor da UFSM e orientador do projeto, Rodrigo Guerra, e o diretor do laboratório sul-coreano, Jun Tani. O robô, que foi construído no final de dezembro de 2015 e exportado para a Coreia, é composto por torso, cabeça e braços robóticos, que lhe dão sensibilidade para manipular instrumentos e entender quando está apertando um objeto, por exemplo.
Um segundo Dimitri foi construído na UFSM para que possa trocar códigos com o robô da Coreia. O androide que está em terras brasileiras tem ainda duas pernas e cerca de 1,24 metros de altura, um dos maiores robôs humanoides já projetados no Brasil.
A ideia do nome partiu da sugestão de um integrante do projeto, que, ao considerar que atores de filmes russos são robustos e que o robô também tem esse atributo, concluiu que o invento precisaria ter um nome de origem russa. De acordo com os desenvolvedores, um bloco de concreto pode ser lançado sobre o Dimitri que, ainda assim, não ocorrerão estragos.
Conexão
A expectativa é que se a equipe de Santa Maria melhorar a funcionalidade da máquina aqui, essa informação possa ser utilizada na Coreia do Sul — e vice-versa — já que os dois robôs têm como base o mesmo sistema, o que facilita a troca de códigos.
Outro diferencial dos Dimitris é que eles possuem atuadores de série elástica especial — uma espécie de mola colocada nas articulações — inseridos nos braços e pernas, mas que podem ser colocados em qualquer articulação do corpo. Os motores de robôs que não possuem esse objeto diferenciado precisam de um atuador específico para cada articulação e, ainda assim, podem quebrar ou desligar quando são submetidos a uma força específica.
Com a inovação desenvolvida na UFSM, os robôs mantêm a comunicação com o ambiente, mesmo que estejam sendo forçados, o que aumenta a segurança da interação entre a máquina e o meio em que está inserida.
Investimento
Desenvolver tecnologias desse tipo exige um bom investimento financeiro: cada robô custou pelo menos R$ 65 mil, segundo o professor Guerra. Só os motores utilizados no Dimitri brasileiro — que foram aproveitados de outro projeto — custaram R$ 4 mil cada um, somando o total de R$ 52 mil.
O professor Guerra, que chegou a empregar recursos próprios no projeto, aponta que a importância do Dimitri para o futuro justifica o alto custo de desenvolvimento. “Ele é um robô que agora não tem pretensão de resolver problemas domésticos, de lavar louça ou ajudar pessoas com necessidades especiais, por exemplo, mas ele explora esse tipo de tecnologia, é um passo nessa direção”, comenta.
Repórter: Gabriele Wagner de Souza
Diagramação: Kennior Dias
Os desenvolvedores do Dimitri resolveram disponibilizar os arquivos utilizados para a construção do robô a quem desejar contribuir ou até mesmo copiar a invenção. O software e mais informações sobre o projeto podem ser obtidas por meio de contato com a equipe em facebook.com/tauraboots